O clima e a  conversa de botequim

OPINIÃO - Nelson Roberto Bugalho

Data 30/10/2021
Horário 06:35

O futuro que queremos deve determinar as ações do presente.
Estamos perdendo muito tempo com discussões estéreis e cultivando uma sociedade dividida, quando os graves problemas que afligem a população é que deveriam ser temas de debates. Tempos estranhos. Na pauta diária uma polarização política burra, que despreza a história, que esmaga personagens importantes e suprime fatos realmente marcantes. Isso acontece em todos os níveis de governança e em todas as estruturas da sociedade brasileira. Parece conversa de botequim, ou de “cercadinho”.
Direita ou esquerda? Lamento, mas não é essa a discussão que importa. Importa os milhões de brasileiros desempregados, o retorno triunfante da inflação, o preço estratosférico dos combustíveis, a continuidade do enfrentamento da Covid e outros temas que afetam a população, especialmente os mais pobres.
E numa ampla frente que não representa o agronegócio que empurra a economia do país adiante, têm aqueles que se mobilizam para minar ainda mais a já combalida legislação ambiental brasileira.
Ora, olhem para o passado! Aí veremos que toda época foi dominada por temas que interessavam ou afetavam toda comunidade planetária. No século XIX, o tema dominante de política global foi a industrialização; a primeira metade do século XX curvou-se às guerras mundiais e à depressão econômica; a segunda metade do século XX esteve envolta com a Guerra Fria; já a nossa época é dominada pela geopolítica da sustentabilidade.
A mudança do clima no planeta é um dos eixos permanentes da agenda deste século, e implicará profundas transformações econômicas, ambientais, sociais, e, creio, no próprio pensamento humano. E aqui, quem tem o dever de implementar políticas públicas no enfrentamento do aquecimento global omite-se. Não teremos quase nada, ou nada, para apresentar na COP 26, a Conferência das Nações Unidas para a Mudança do Clima, em Glasgow.
Claro que não é só aqui que temos esses “desvios de rotas”. Aliás, lá fora algumas mentes prodigiosas estão investindo bilhões de dólares para criar condições de habitarmos outro planeta. Que legal! Devem estar pensando numa nave suficientemente grande para levar bilhões de pessoas para algum lugar da nossa galáxia. Creio que todo esse esforço científico e de recursos deveriam estar concentrados num problema mais urgente, que é salvar o nosso planeta.
Os riscos do aquecimento global estão aí, e se não agirmos agora, o medo, a angústia e o desânimo não serão bons motivadores para transformações positivas e urgentes.
A única ideologia que importa e que vale a pena discutir é aquela que pode salvar pessoas e o restante da criação. O resto é conversa de botequim, ou de “cercadinho”.
 

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