O dia dos avós

OPINIÃO - Hélio Martinez

Data 27/07/2017
Horário 18:38

Hodiernamente, com a revolução incessante da ciência médica, vivemos mais. A população de idosos chega ao percentual de 60%. Não se sabe se para fins comerciais ou principalmente para homenagear os avós, fixou-se o dia 26 de julho para referendá-los. Merecido o agraciamento. Os avós são exemplos de luta, de família, de atos e gestos que, com certeza, deixarão de herança e legado. No rosto venerando, já sulcado pelos anos, existem nos avós os cabelos brancos e prateados pelas cinzas do tempo, que os marcam.

Os idosos, representados aqui pelos avós, são o retrato futuro da geração de jovens, a glória viva do passado. São os vovôs imagens de noites de insônia, do desdobramento de corpo e alma na luta incessante pela família, pelos filhos e pelos netos. Como consequência dessa luta e da longevidade, estão hoje alquebrados, curvados, às vezes desanimados, entediados, com artrite, artrose, reumatismo de outros tipos, isso sem se falar no Parkinson e no Alzheimer.

As luzes que, invisíveis, iluminam a trilha da vida, para os idosos e avós, estão oscilando e se apagando. Para a maioria, resta apenas uma chama de vela que se queima diária e inexoravelmente. Queridos avós: nem por isso deixem de viver. Nunca deixem de crer, de agradecer, de sonhar, de serem felizes. Viajem, ainda que com as dificuldades inerentes às limitações da idade. Nós, idosos, somos exemplos. Por vezes fazemos comentários a raros pseudo-ouvintes que não nos escutam. Outras vezes repetimos histórias e estórias. Olvidamos de fatos, mas, em verdade, estátuas deveriam ser levantadas a todos nós, os ancestrais, àqueles que pela magia natural da hereditariedade e o sabido estereótipo da genética, trouxe aos filhos como herança, as feições, os gestos e até mesmo os pensamentos dos ancestrais que ficarão indelevelmente.

Assim, manifesto minha certeza e meu pensamento de que devemos sempre e sempre reverenciar com afeição e carinho os construtores de nossa vida, os cultores de nossa educação, os protetores de nossa saúde e os notáveis encantadores de nossa imaginação. Tudo pelo incomensurável mérito contido na humilde figura de nossos avós que são sábios, experientes, dignos do tranquilo escoar da existência, com a sapiência capaz de surpreender àqueles que pensam serem os donos do mundo.

Escrevi, certa feita, parafraseando a música “Luzes da Ribalta”, interpretada pela imortal Amália Rodrigues, e aqui ouso repetir parte dela. “Vidas que se acabam a sorrir... Luzes que se apagam, nada mais... É sonhar em vão tentar os outros iludir, o que se foi não voltará jamais...”. Um dia isso ocorrerá, restando a saudade, que é como o sol do inverno. Ilumina, mas não aquece. Parabéns vovôs e vovós. Hosana a todos que vivem e os que já são passados. Tenham todos convicção plena de que ninguém amou mais a família, os filhos, os netos, bisnetos e até mesmo os afins, de que os avós. Honrem-nos, ame-os, respeite-os e venere-os, pelo que são, pelo que foram e pela magnitude da vida que transmitiram a todos. São exemplos a seguir...

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