O Espadachim, um cronista contra o regime... alimentar

Sandro Villar

Entreouvido nas Quebradas do Mundaréu

CRÔNICA - Sandro Villar

Data 05/12/2023
Horário 05:30

Já era noite quando o compadre Gervásio chegou à casa de outro compadre, o Salustiano, que morava num lugar ermo com a esposa. Salustiano assistia televisão, enquanto a mulher preparava o jantar. Gervásio foi logo perguntando o que o compadre estava vendo na máquina de fazer doido, que era como o genial cronista Stanislaw Ponte Preta definia a televisão.
"E aí, Salustiano, é firme ou novela isso aí que o ocê vê com tanto interesse?", perguntou Gervásio. O morador tirou o cigarro de palha da boca, enrolado com fumo de corda de Arapiraca, deu uma baita cuspida, com alcance para mais de metro, e explicou: ´"É firme! Cansei dessas novelinhas bestas. Prefiro firme". Firme, no caso em questão, é filme mesmo, como a gente também assiste no cinema. 
"Então ocê está firme no firme?", brincou Gervásio. Os dois deram uma sonora gargalhada e, após a exibição do filme, comeram no jantar um frango caipira com quiabo e polenta. Depois, firmes e fortes, jogaram conversa fora até tarde da noite.
Não tão firme e forte um garoto de uns 12 anos parava os transeuntes na rua. Abordou pelo menos oito pessoas. Com fala mansa e educado, o adolescente pedia dinheiro. Ele dizia que era para comprar comida. Mentira pura ou impura. Arrecadava grana para comprar drogas. Foi visto contando dinheiro com outros moleques.
Uma mulher, chegada na água que pintassilgo não bebe, também pedia dinheiro, mas era para comprar bebida. "Quero beber cerveja. Paga uma pra mim aí no bar", dizia já andando com dificuldade e daquele jeito de quem tomou todas e mais aquela que matou o guarda e toda a corporação, o que talvez explique a falta de policiamento nas cidades.
No supermercado um cliente foi à padaria do estabelecimento e, antes de comprar uma torta de frango com milho, quis saber se a torta havia sido preparada naquela manhã. 
A balconista não gostou muito da pergunta e explicou ao zeloso freguês que ele podia comer a torta sem susto, pois "tinha acabado de sair do forno e estava própria para consumo".
Talvez para zoar com o cliente, a mulher foi mais longe: "Eu, que nasci em 1969, ainda posso ser consumida e imagine, então, uma torta que acabou de ser assada. Estou pronta para consumo", brincou ou falou sério. Tem razão a balconista: ela pode, sim, ser "consumida" ainda mais com aqueles lábios à la Angelina Jolie. Que torta, que nada, sô!
 
DROPS

Era tão malandro que vendia pente pra careca.

Era tão discreto que tinha boca de siri e de outros crustáceos.

Quem nunca comeu melado quando come se lambuza de vez.

Para o esfomeado prato bom é prato fundo.

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