O surgimento da tecnologia está diretamente atrelado à forma como nos relacionamos e nos comunicamos atualmente. Esse avanço nos propiciou agilidade e conexão com pessoas em destinos inimagináveis; por outro lado, tem sido também responsável pelo distanciamento daqueles que estão fisicamente próximos. Por se tratar de um quadro abrangido por diversas variáveis, cabe a nós uma reflexão sobre seus pontos positivos, negativos e o nosso papel em busca de algum tipo de equilíbrio ao lidar com tamanha inovação.
Talvez o ponto mais significativo e gerador de transformação tenha sido a quebra de barreiras. A globalização, que também consiste em um fenômeno multifacetado, nos permite trabalhar para empresas no exterior, morando em nosso país natal; podemos aprender e estarmos imersos em culturas extremamente diferentes da nossa; manter contato com pessoas queridas que por algum motivo não moram mais perto; fazer novas amizades e até conhecer pessoas que jamais conheceríamos caso a internet não existisse.
Contudo, costumo dizer que nem tudo é 100% bom ou ruim, as coisas e até pessoas são constituídas de camadas e cabe a nós aprendermos a absorver o que nos ajuda e evitar o que não nos faz bem. As aplicações e redes sociais que usamos são projetadas para roubar nossa atenção pelo maior tempo possível. Somos bombardeados por informações rápidas e intensas que nos prende por horas. Por conta disso, temos uma geração de jovens significativamente mais impacientes e, consequentemente, irritados com as demandas da vida adulta que estão fora de seu controle.
Cada vez mais nos deparamos com relações rasas e grande falta de conexão com o próximo, uma vez que interações significativas dependem de um todo como: olhar, linguagem corporal, fala, tom de voz, dentre outros. Com a limitação de aspectos que, antigamente, envolviam o processo de comunicação, encontramos enorme dificuldade em nos expressarmos e até mesmo nos fazermos entendidos, como se estivéssemos vivendo uma experiência limitada.
Temos uma ferramenta extremamente poderosa em nossas mãos, capaz tanto de fortalecer, quanto de enfraquecer as relações humanas. Não podemos nos esquecer que grande parte de nossa força, como sociedade, é devida a essa capacidade de nos comunicarmos e aprendermos uns com os outros. Perder isso pode nos causar danos inimagináveis. Podemos estar no caminho de nos tornarmos inflexíveis e solitários. Que sejamos capazes de manter interações significativas face a face mesmo rodeados de tecnologia e usufruir o que de melhor ela nos oferece.
