O que é a multipropriedade e como funciona sua dinâmica no mercado imobiliário?

Bruna Melo

COLUNA - Bruna Melo

Data 16/07/2023
Horário 07:00

A sociedade digital vive uma remodelagem no modo de consumir, de interagir, de contratar e até mesmo de investir em imóveis. Quem nunca ouviu dizer que existem duas felicidades em adquirir uma casa na praia ou sítio de lazer, uma quando se compra e outra quando se vende? Esta coluna tem como objetivo fazer você repensar sobre esse ditado!
Inicialmente vale conceituar o que vem a ser a multipropriedade (time sharing), sendo o regime de condomínio em que cada um dos proprietários de um mesmo imóvel o utiliza com exclusividade por uma fração no tempo. A tipificação da multipropriedade no Brasil surgiu a partir da Lei Federal 13.777/2018. Exemplo: compro a propriedade de uma casa na praia durante duas semanas por ano.
O mundo antigo era fundado nos aspectos estáticos e tradicionais da propriedade, idealizando seu uso exclusivo e absoluto pelo proprietário, porém a sociedade contemporânea evoluiu e o mundo 5.0 tem como traço característico o uso compartilhado, seja da moradia, do transporte, do local de trabalho, do imóvel de veraneio e tantos outros exemplos. Quem entender essa mudança de conceito, postura de consumo e souber aproveitar as possibilidades de investimento poderá usufruir de ótimas opções de lazer e rendimentos financeiros.
As pessoas perceberam que podem ter acesso aos bens que lhe proporcionem uma melhor qualidade de vida, bastando somente se desapegar do “status” de uma titularidade exclusiva, compartilhando-o com outras pessoas. Vamos ao seguinte raciocínio: muitos pensam que comprar um imóvel em determinada praia os privarão de conhecer novos lugares. Mas e se, ao invés de comprar um imóvel, por exemplo, em Itapema, comprar a fração no tempo de imóveis em Florianópolis, Guarujá, Maceió e outras cidades pelo mesmo valor? É justamente esta que é a proposta da propriedade compartilhada.
E ainda tem a questão, e se eu não quiser pessoalmente usufruir da minha fração no tempo? Aí que está o melhor, você poderá deixar alugado e receber o valor. Existem pessoas jurídicas especializadas no mercado que se incumbem desse propósito e repassam os rendimentos ao proprietário. Também existem as intercambiadoras, que são empresas que se filiam ao empreendimento e permitem a permuta de frações no tempo em imóveis espalhados pelo mundo.
Como foi dito, a escolha por referidos investimentos deve ser respaldada pela assessoria de bons profissionais, pois uma má gestão poderá diminuir o retorno esperado e gerar outros transtornos. Uma opção bem feita tem potencial de valorizar a fração no tempo e a venda se tornar mais simples em regra, pois o valor de uma fração (exemplo um mês por ano) é muito inferior ao valor de uma fração ideal tradicional do imóvel por inteiro.
Para melhor dimensionar essa era do compartilhamento pode-se mencionar a capital sul-coreana, Seul, que possui políticas governamentais que incentivam a economia colaborativa. No mesmo sentido, uma releitura do modelo do compartilhamento e movimento do mercado é a hospedagem e locação por aplicativos, como Air Bnb, que é bom para o hóspede (concorrência com hotéis e diminuição do preço) e bom para quem aluga (fonte de renda alternativa).
O compartilhamento é uma marca da sociedade digital, isso pelo fato de que as pessoas não têm mais tempo nem dinheiro para perder, nestes contornos a propriedade compartilhada surge como mecanismo de combate ao subaproveitamento e consequente prejuízo, dando maior função social à propriedade, impulsionando a circulação de riquezas e melhorando o retorno financeiro. Já pensou em consumir sem possuir? Se a resposta for sim, você entendeu o compartilhamento imobiliário.
 

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