O que sonho para o Brasil?

OPINIÃO - Thiago Granja Belieiro

Data 24/04/2021
Horário 04:30

Acompanhar o noticiário no Brasil tem sido um exercício de resilência, verdadeira prova de sanidade psíquica, afinal, vamos de mal a pior e as notícias, quase que exclusivamente ruins, não me deixam mentir. Com exceção dos 30% da população que acha que tudo vai bem, os demais devem compartilhar comigo a angústia e o desejo de um país melhor para nós e nossos filhos. Peço licença ao leitor para que sonhemos com o contrário do que está aí.
Politicamente, eu sonho com uma democracia forte e consolidada, não personalista e dividida em cinco ou seis partidos, da esquerda à centro direita, que convivam e dialoguem acerca de sólidos projetos nacionais de desenvolvimento econômico, social e educacional. E o ideal é que o façam em alto nível e que a alternância democrática permita que tais projetos sejam experimentados e avaliados pela sociedade pelos seus méritos ao país. 
Economicamente, precisamos sonhar com o pleno emprego, o crescimento vigoroso do PIB (Produto Interno Bruto) junto com a eliminação das desigualdades. Para tanto, precisamos sonhar com impostos progressivos sobre a alta renda, a indústria e o capital. Mas precisamos também do desenvolvimento da indústria nacional e da tecnologia brasileira, de forma social e ecologicamente sustentável.
O sonho para ser completo precisa de uma revolução educacional, uma escola totalmente nova, voltada à pesquisa e ao desenvolvimento integral de crianças e adolescentes, com infraestrutura adequada, professores bem formados e super valorizados. Uma escola pública e única para todos, ética, justa e de alta qualidade. Que todos os jovens almejem ser professores!
E as universidades? Pra elas eu sonho com o fim do vestibular e com o ingresso automático de todos. Mas quero ainda mais, quero uma USP (Universidade de São Paulo) em cada canto do país, mesmo os mais distantes. Nesse sonho, as universidades precisam ter papel central na promoção do desenvolvimento em múltiplos aspectos, com o fomento à pesquisa em áreas que vão da filosofia à neurociência. 
Eu sonharia com muito mais, com o fim do racismo, da violência, do desmatamento, dos agrotóxicos, do machismo, do fundamentalismo e da divisão política que hoje nos afasta. Mas o vizinho aumentou o volume e fui acordado pelos versos do Mano Brown: “Acorda sangue bom, aqui é o Capão Redondo, não é o Pokemon”.

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