O sistema imune envelhece

Jair Rodrigues Garcia Júnior

Uma ótima noticia: o número de idosos 80+ (80 anos ou mais) no mundo aumentará três vezes até 2050 (chegará a 426 milhões). E uma má notícia: os idosos 80+ carregam consigo várias doenças que impactam significativamente na qualidade de vida. Entre as fragilidades dos idosos está a perda da eficiência do sistema imune.

FRAGILIDADES EM CADEIA
A senescência é caracterizada pela decadência do vigor físico, que atinge o nível de fragilidade física nos idosos 70+ e 80+, com implicações nos sistemas fisiológicos. O sistema imune interage com todos os demais sistemas e suas alterações na senescência são críticas para o combate às doenças infecciosas, crônicas e canceres, comprometendo o avanço da longevidade.

IMUNOSENESCÊNCIA
É o termo usado para o envelhecimento do sistema imune, caracterizado pela diminuição gradativa da função imune inata e adaptativa, aumento da susceptibilidade às infecções, reativação mais frequente de vírus latentes (ex. herpes, HPV, hepatite B), diminuição da eficácia das vacinas, aumento do estado de inflamação sistêmica e aumento da prevalência de câncer.

ALTERAÇÕES
O sistema imune é complexo com suas várias células (leucócitos), proteínas e órgãos linfóides. Alterações características da imunosenescência iniciam já na hematopoiese (produção de novas células), maturação de linfócitos, armazenamento e apoptose (autoeliminação) das células, envolvendo o Timo, Baço e linfonodos. Em conjunto, a imunidade celular e humoral (imunoglobulinas - Ig) ficam cada vez mais comprometidas na produção de Ig, identificação, apresentação e eliminação dos patógenos.

PAPEL CENTRAL
O sistema imune combate agentes externos e internos (células tumorais), além do papel na homeostase. No entanto, as células de defesa diminuem gradativamente sua capacidade de renovação, pois o ciclo celular é cada vez menos ativo na senescência. As terapias que freiam a imunosenescência podem também desacelerar os demais processos fisiológicos de envelhecimento. Os estudos têm centrado em: 1) rejuvenescimento e reposição dos órgãos linfoides e células imunológicos, 2) controle da atividade das células desreguladas que causam inflamação sistêmica, e 3) imunoestimuladores que podem reativar, substituir ou eliminar as células senescentes disfuncionais.

EXERCÍCIO FÍSICO
Lembre-se que a disfunção do sistema imune foi uma das razões pelas quais o gupo dos idosos teve a maior taxa de mortalidade da COVID-19. Idosos em geral apresentam três características incompatíveis com a eficiência do sistema imune, e que podem contribuir para a imunosenescência: falta de exercícios físicos vigorosos, diminuição da massa muscular e estado de desnutrição. Portanto, ações já tangíveis para desacelerar a imunosenescência são: estilo de vida ativo com exercícios específicos, uso de probióticos e suplementação supervisionada de ácidos graxos poli-insaturados ômega 3 e aminoácido tripotofano.

 

Terapias que freiam a imunosenescência podem também desacelerar os demais processos fisiológicos de envelhecimento.

 

 

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