Oeste paulista soma 1,3 mil ataques de animais peçonhentos em 2025; 90% são de escorpião

Em 2025, 1.370 notificações de acidentes com animais peçonhentos foram catalogados nos 53 municípios da região de Presidente Prudente. Nenhum óbito em decorrência dos ataques foi registrado. Os dados são do Painel de Monitoramento, lançado pela SES (Secretaria de Estado da Saúde), e revelam que a maior incidência de casos está relacionada aos escorpiões: 1.240 ou 90% dos registros. Na segunda colocação vem as abelhas, com 49 ataques no oeste paulista, seguidas de 34 ocorrências envolvendo aranhas, 29 com serpentes, 19 de fontes ignoradas e um incidente envolvendo lagarta. Os dados serão atualizados mensalmente e estes primeiros divulgados são do dia 5. Confira na tabela.

Até mais importante que o acesso aos números de acidentes, no entanto, estão os endereços dos Pesas (Pontos Estratégicos de Soro Antiveneno), para os casos de necessidade, argumenta a médica veterinária e diretora técnica da Divisão de Doenças de Transmissão Vetorial e Zoonoses do CVE (Centro de Vigilância Epidemiológica) da SES, Gisele Dias de Freitas. 

“Se tiver um acidente com um animal peçonhento, a gente recomenda que tire uma foto do animal para facilitar a identificação. Lave o local apenas com água e sabão e procure o atendimento médico o mais rápido possível”, orienta Gisele. Ela explica que, se a vítima for uma criança, principalmente em caso de ataque de um escorpião, a urgência é ainda maior, mesmo que essa vítima ainda não apresente sintomas.  “Então, criança até 10 anos deve procurar um ponto estratégico, que no Estado de São Paulo são 226, e informar a equipe médica de enfermagem que teve um acidente com escorpião e ela deve estar próxima ao soro, porque o agravamento é muito rápido”, complementa a diretora técnica.

Gisele explica que toda a rede de atendimento em saúde, seja particular ou pública, está preparada para identificar um paciente que sofreu um acidente com animal peçonhento e encaminhá-lo para uma unidade que tenha o soro. “Porém, se a pessoa estiver perto de um ponto estratégico e de uma outra unidade de saúde, que vá para o ponto estratégico, para não perder tempo. Tudo que se identifica com o animal peçonhento é um envenenamento. Então, o envenenamento você só trata quando necessário com soro”, esclarece.

Painel de monitoramento

Ferramenta que permite que a população acompanhe, mensalmente, o número destas ocorrências por tipo de acidente envolvendo animais peçonhentos, o painel de monitoramento da SES também expõe os dados separados por ano, classificação e evolução dos casos, local e município, contando também com as divisões de DRSs (Departamentos Regionais de Saúde) e por GVEs (Grupos de Vigilância Epidemiológica).  

Disponível no link https://nies.saude.sp.gov.br/ses/publico/peconhentos, o sistema aponta que, em todo o ano de 2024, o Estado de São Paulo registrou 61.914 notificações de acidentes por animais peçonhentos e 29 óbitos. No oeste paulista foram 3.960 casos e nenhuma morte.

Em relação ao índice de ataques com escorpião, na região, nitidamente bem maior que os ataques dos demais animais, Gisele ressalta que este invertebrado, que vive na terra antes da época dos dinossauros, desenvolveu uma série de adaptações, permitindo que consiga sobreviver às mais diversas catástrofes e condições ambientais. “Além disso, eles se adaptaram muito bem ao meio urbano, onde eles encontram tudo que precisam, que é abrigo, que é alimento, porque o principal alimento do escorpião é a barata. Então, ele vive em rede de esgoto porque tem muita barata”, exemplifica.

A diretora técnica ainda cita o descarte de lixo sem os devidos cuidados com um dos fatores de crescimento dos ataques dos escorpiões, assim como a atuação de dois tipos do invertebrado, o escorpião amarelo e o escorpião amarelo do Nordeste, hoje já presente no território paulista. “Eles não precisam do macho e da fêmea para se reproduzir, eles a se reproduzem por partenogênese. Então, independentemente de ter acasalamento ou não, ele se reproduz, então, é um aumento exponencial”, detalha Gisele.

Pontos de atendimento soroterápico

A diretora técnica da SES lembra que, em caso de acidente por animais peçonhentos, a população deve procurar o serviço de saúde mais próximo para que possa receber o tratamento adequado o mais rápido possível. No território paulista, as unidades de atendimento soroterápico foram distribuídas estrategicamente com o objetivo de reduzir o tempo entre a picada e o atendimento do acidentado, pensando, principalmente, no socorro às crianças de até 10 anos. As unidades de referência podem ser consultadas em https://nies.saude.sp.gov.br/ses/publico/soro. Confira na tabela.

“O painel, ele pode ajudar as pessoas a enxergar mais fácil o problema. Isso, não só em relação aos gestores dos municípios, mas quanto à população. Qualquer um pode acessar. E uma coisa que é importante falar, é que mostra ele onde estão localizados os pontos estratégicos, ou seja, justamente onde procurar ajuda, porque saber onde tem é extremamente importante”, argumenta. “Tem que ter uma atenção muito especial com a criança, porque muitas vezes acontece acidente com criança pequena, que nem fala ainda, e a mãe não vê o animal. Então, uma coisa que a gente fala é: a dor da picada do escorpião é muito grande. Então, normalmente a criança vai estar bem, não vai estar doente, vai estar saudável e, de repente, ela começa a chorar desesperada. E, normalmente, já são locais onde já foi avistado o escorpião. Então, para mãe não esperar agravar e, sim, pensar na possibilidade. E o primeiro sinal de agravamento é o vômito. Então, não espere chegar no sinal de agravamento”, finaliza.

Reprodução/Painel de monitoramente

Pontos de atendimento soroterápico foram distribuídos estrategicamente