Pais esportistas falam do dia a dia na função

Porém, o experiente atleta garante que a partir do momento em que se tornou pai, algumas coisas mudaram.

Esportes - Jefferson Martins

Data 09/08/2015
Horário 10:06
 

A primeira bronca, o primeiro elogio, a primeira vez que diz pai, palavra que no dicionário é traduzida como "homem que gerou um ou mais filhos". No entanto, a extensão dela se dá de diversas formas. A figura paterna tem inúmeras funções no dia a dia. Entre elas, amar, educar e proteger. Mas há uma delas que apesar de não ser uma obrigação se torna regra, à medida que a convivência e relação se aflora. O filho ser um espelho do pai, e no esporte isso também ocorre, quase que involuntariamente, como conta o triatleta Paulo Leite.

"Eu sempre incentivei meus filhos a cuidar da saúde, não só física, mas mental também. E por conta da minha prática do triatlo, isso se refletiu na vida dele", fala. Paulo tem três filhos, Maria Júlia, 14, Vitória, 18, e Leonardo Leite, 16, que também é triatleta. "Meu pai sempre foi uma referência na minha vida. Ele me estimula ao esporte e nos estudos. E me deixou livre para escolher o esporte que eu quisesse, e eu gostei do triatlo. Uso-o como um espelho na minha vida em todos os aspectos e, sem dúvida, quando me tornar pai, quero alcançar o que ele conseguiu", revela Leonardo.

Jornal O Imparcial Família acompanha o trabalho do pai Bruno Lins nas pistas

Porém, o experiente atleta garante que a partir do momento em que se tornou pai, algumas coisas mudaram. "Existe um ditado judaico cristão que diz que nós passamos por algumas fases. Quando você é criança, você tem a do mesquinho, que significa o seguinte: o que é teu é meu e o que é meu é meu. Na juventude a gente se torna egoísta: o que é meu é meu e o que é seu é seu. Mas a partir do momento em que você tem um filho, a gente percebe o significado do altruísmo, que fala que o que é seu é seu meu filho, mas o que é meu, toma que é seu também meu filho", garante que ama ser pai e se tornou uma pessoa melhor.

 

Pai presente, mesmo longe

Algo parecido ao sentimento do velocista Bruno Lins Tenório Barros, que diz ter passado a enxergar o mundo de outra forma. "Nos sensibilizamos mais com muitas coisas. Vemos o nosso dia a dia com mais calma e compreensão. Ser pai é uma tarefa muito difícil, tem que ser duro, mas também é necessário equilíbrio e saber dar carinho", afirma. Bruno tem duas filhas, Maria Isabel, com apenas um ano e Maria Clara, de 3 anos. "Mesmo elas sendo pequenas, tenho o hábito de chegar em casa, brincar e conversar. Muitas vezes chego cansado, mas tento dar o máximo de atenção para as minhas filhas", garante. E esse tempo se torna ainda mais curto, quando está participando de competições pelo mundo a fora.

"Sinto muito a falta delas. Da minha rotina em casa. Mas tenho de ser forte e aguentar firme, pois se deixar a saudade falar mais alto, sei que vai atrapalhar meu desempenho", explica. Porém, a esposa Maria Lúcia Gomes Vitório Lins diz que mesmo estando longe, Bruno está sempre presente no dia a dia das filhas. "Utilizamos a tecnologia a favor e, quando há distância, estamos sempre ligados por rede social. Mas, mesmo elas sendo pequeninhas, parecem entender que o dom do papai é correr e representar o Brasil. Mas quando estão perto não desgrudam dele", conta a esposa.

 

Incentivo

Velocista consagrado, medalhista em Jogos Pan-Americanos, Bruno sabe que, como pai, é exemplo e deixa a possibilidade delas seguirem no esporte para o futuro. "Quero poder incentivá-las a fazer qualquer tipo de atividade física. E se elas forem talentosas em alguma modalidade darei todo o apoio. Mas sem pressão, a vontade tem de partir delas", afirma. "Acho que boas ações, carinho, saber a hora de dizer sim e não ajudam seu filho a te tomar como exemplo. Procuro pôr limites em várias situações, para elas entenderem a distinguir o certo do errado e sem dúvida as amo muito e isso para mim é ser um exemplo como pai", garante.

 

Valorizar o pai

Para seguir no esporte, atletas devem superar as mais variadas dificuldades, e para isso a família tem papel fundamental, como no caso do lateral-direito do Grêmio Prudente, Igor Carvalho. "Meus pais se separaram quando eu tinha 11 anos. Depois de um tempo fui morar com meu pai que passou a desempenhar o papel de mãe também. Nesse dia, ele me chamou e disse que queria ter uma relação de amigos, na parceria e fazemos isso até hoje", diz o jogador sobre o pai Airton Carvalho, que mora em Andradina. "Tive uma oportunidade em Santa Catarina e as condições não eram as melhores. No começo ele não queria deixar, mas viu que era o que eu queria e acabou cedendo", lembra.

Mas nem tudo ocorreu como gostaria. E assim que as coisas passaram a dar errado no clube, a maior força vinha do pai. "Ele me perguntou se eu queria voltar, mas eu disse que não. E mesmo sabendo que lá não estava legal me ajudou e me apoiou. Depois disso no ano passado fiquei sem time e passei umas férias em casa. E pudemos fortalecer o nosso laço. Agora estou em um clube que é perto de casa e ele vem sempre me assistir. Acho que ele é o melhor pai do mundo e sempre digo que quando for pai, ele vai ser o melhor avô da face da terra", brinca Igor.
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