Patricia Antunes: “educação e o desenvolvimento da ciência tornam a sociedade mais justa e igualitária”

Dia Internacional da Mulher – professora da Unoeste se dedica à ciência e à educação no ensino superior na região de Prudente

PRUDENTE - DA REDAÇÃO

Data 08/03/2022
Horário 04:01
Foto: Ector Gervasoni
Projetos científicos que Patricia desenvolveu e participou resultaram em 46 artigos científicos, três patentes, além da participação em vários congressos no Brasil e no exterior
Projetos científicos que Patricia desenvolveu e participou resultaram em 46 artigos científicos, três patentes, além da participação em vários congressos no Brasil e no exterior

“Em nome das Marias, Quitérias, da Penha Silva. Empoderadas e revolucionárias”. Hoje, Dia Internacional da Mulher, esta reportagem traz a história da professora da Unoeste (Universidade do Oeste Paulista), Patricia Antunes, que se dedica à ciência e à educação no ensino superior na região de Presidente Prudente. Mais do que conhecimento, ela propõe ações para explorar o potencial de meninas e mulheres em diversas áreas do saber. 
Patricia Antunes, natural de Campinas (SP), é graduada em Química bacharelado com atribuições tecnológicas pela USP (Universidade de São Paulo) de São Carlos, além de mestrado e doutorado pela mesma instituição. No período de doutorado, realizou estágio de um ano na Universidade de Windsor, Canadá. Já morando em Presidente Prudente, teve a oportunidade de desenvolver projetos de pós-doutorado na FCT/Unesp (Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista) 2004-2005, e na Universidade de Valladolid, na Espanha (2007). 
O interesse pela pesquisa, segundo Patricia, surgiu no Instituto de Química de São Carlos. Por lá, desenvolver projetos de pesquisa desde a graduação até a pós-graduação é algo quase natural. “Estou envolvida com projetos de pesquisa desde a graduação e segui com elas ao longo de toda a minha carreira acadêmica, primeiro como estudante e depois como orientadora e colaboradora em projetos de iniciação cientifica e mestrados”, explica. “Atuei inicialmente em projetos específicos da área de química, mas depois em projetos interdisciplinares onde a química estava envolvida em questões do meio ambiente, reprodução humana, arquitetura, engenharia civil, e outras áreas”, acrescenta.

Grandes desafios

Os projetos científicos que desenvolveu e participou resultaram em 46 artigos científicos, três patentes, a participação em vários congressos no Brasil e no exterior, e a concessão de vários títulos de mestre aos alunos envolvidos. Destes resultados, Patricia destaca um artigo produzido em seu estágio doutoral na Universidade de Windsor, no Canadá, sobre a detecção de uma única molécula utilizando uma técnica espectroscópica. “Eu e os demais envolvidos tivemos grandes desafios neste projeto, que, posteriormente, se tornou referência. É o meu artigo mais citado”, diz a pesquisadora. 
Outro momento de grande aprendizagem e prazer, segundo Patricia, foi trabalhar com pesquisadores de diferentes áreas. “No grupo tínhamos geógrafos, matemáticos, biólogos, biomédicos, arquitetos, engenheiros e tínhamos que desenvolver projetos interdisciplinares, ou seja, projetos que tivessem objetivos interligados nas diferentes áreas”. 
De acordo com Patricia, o desafio foi grande, porque a forma de pensar de cada um era diferente, mas era necessário ter um caminho comum. Contudo, reforça que a experiência foi enriquecedora e o resultado “maravilhoso”. “As minhas três patentes são registradas com duas pesquisadoras arquitetas, Maria Eunice Tosello e Jacqueline Roberta Tamashiro, e uma professora pesquisadora que é matemática com pós-graduação na área de Ciências dos Materiais, Rebeca Delatore Simões”. 

Mulheres na ciência

Outro projeto que enche a pesquisadora de orgulho é o “Projeto de Extensão Meninas na STEM Unoeste [Universidade do Oeste Paulista]”. O projeto teve duas edições (2018 e 2019) e irá retornar neste ano. Com este estudo, a Unoeste tomou a dianteira entre as universidades brasileiras particulares ao participar da ONU Mulheres, iniciativa da ONU (Organização das Nações Unidas) e desenvolvida junto a seu braço para a educação, a ciência e a cultura – Unesco. 
Diante dos dados de que menos de 30% dos pesquisadores do mundo são mulheres, a organização propõe ações para explorar o potencial de meninas e mulheres em ciência, tecnologia, engenharia e matemática (STEM), mas considera que muitas desistem diante de vários obstáculos, representando oportunidades perdidas para elas e para a sociedade. “Neste projeto, tivemos o envolvimento de vários cursos da universidade e, ao longo das duas edições, recebemos mais de 1 mil meninas do ensino fundamental II e médio de escolas públicas e privadas da nossa região”. 
As estudantes participaram de oficinas práticas nas áreas da STEM e nas áreas que aderiram ao projeto. Os resultados desse projeto foram apresentados no I Simpósio Brasileiro de Mulheres e Meninas na Ciência, que ocorreu em março de 2020, no ITA (Instituto Tecnológico da Aeronáutica), em São José dos Campos – certamente um dos momentos mais marcantes na da vida profissional e pessoal da pesquisadora. 
Vale ressaltar que a vida da mulher, professora, pesquisadora não é fácil, diz Patricia. Os desafios para conciliar a carreira, os cuidados com a família e as inúmeras tarefas que há por trás de uma professora-pesquisadora são inúmeros. Apesar das dificuldades e desafios, segue trabalhando e acreditando que a educação e o desenvolvimento da ciência tornam a sociedade mais justa e igualitária. 
Atualmente, detalha que está inserida em um ambiente privilegiado. Na Unoeste, onde atua, nos últimos 5 anos, 72% dos projetos de pesquisas cadastrados na CPDI (Coordenadoria de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação) foram propostos por pesquisadoras e a participação feminina em produção científica é bem expressiva. 

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