Período de pandemia: melhor remarcar ou cancelar as viagens?

Agências podem começar a devolver o dinheiro dos cancelamentos quando tudo voltar ao normal

PRUDENTE - MARCO VINICIUS ROPELLI

Data 21/04/2020
Horário 17:34
Arquivo - Priscila afirma que a orientação do momento é negociar com as agências e remarcar as viagens
Arquivo - Priscila afirma que a orientação do momento é negociar com as agências e remarcar as viagens

Na manhã do dia 14 de abril, os telefones da grande maioria das agências de turismo de Presidente Prudente tocavam, tocavam, tocavam, e não eram atendidos. Claramente, a exemplo de vários outros setores, essas empresas optaram pelos trabalhos remotos, no chamado home office. Duas delas, entretanto, atenderam – a Cacilda Tour, na qual a proprietária Cacilda Magalhães era a única a estar na sede da empresa, e a Welinghtour Viagens e Turismo, cujo telefone está ligado ao celular de uma das colaboradoras que trabalha em casa (ela conectou a reportagem ao proprietário da empresa, Welinghton Marcondes Cordeiro, 78 anos).

Ambos enfatizam que a orientação que dão aos consumidores preocupados com o cenário da pandemia da Covid-19 é que remarquem a data das viagens, e a proposta tem sido bem recebida. De acordo com a coordenadora do núcleo regional do Procon (Programa de Proteção e Defesa do Consumidor) Estadual, Priscila Nishimoto Landin, as recentes normativas da Senacon (Secretaria Nacional do Consumidor) afirmam que nos casos de remarcação das viagens, o consumidor tem, a partir do final da pandemia, 1 ano para estabelecer a nova data.

Cacilda e Welingthon também compartilham a informação de que os cancelamentos de viagens são pontuais e se relacionam principalmente a compromissos marcados para datas específicas (situação que o adiamento não funciona). Para os cancelamentos, Priscila destaca outra norma estabelecida pela Senacon e aplicada pelo Procon: a partir do fim da pandemia do novo coronavírus, as agências de viagem devem iniciar a devolução dos valores aos clientes, com a possibilidade de parcelamento.

“Ninguém tem culpa da situação que vivemos, nem os fornecedores, nem os consumidores”, pontua a coordenadora regional do Procon Estadual. Segundo ela, o momento é de bom senso de ambas as partes, de modo que as negociações são boas opções. A orientação do Procon é, também, que os clientes optem por remarcar as viagens, visto que “uma chuva de cancelamentos seria muito danosa às empresas e poderia refletir nos clientes” – vale destacar que uma empresa “quebrada”, por vezes, teria sérias dificuldades de devolver o investimento nas viagens canceladas.

O QUE VEEM

AS AGÊNCIAS?

“A pior crise pela qual já passei”, enfatiza Cacilda, que há 25 anos está no mercado. “Pior que a queda do dólar de 1999 ou daquela causada pelo atentado contra as Torres Gêmeas em 2001”, completa. Segundo ela, registra-se atualmente queda de 70% no ramo do turismo. Ela afirma que todos os cinco funcionários foram mantidos na empresa, todos trabalhando de casa. “Eles também têm contas, quando o barco estiver afundando vamos jogá-los do barco? Não”, destaca.

Da mesma forma, Welinghton não dispensou colaboradores e implementou o home office em sua empresa. Ele exemplifica as remarcações com o grupo de jovens que levam à Disney, nos Estados Unidos. A viagem que estava marcada para julho deste ano está sendo reorganizada para o início de 2021. O que não há solução por enquanto, segundo ele, são as procuras por novas viagens. “Não envolve só a escolha da pessoa, mas todos os destinos também enfrentam o mesmo problema”, ressalta.

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