Pesca amadora movimenta R$ 1 milhão por dia

Entidades do oeste paulista querem criar um modelo de desenvolvimento econômico sustentável, através da atividade

REGIÃO - MELLINA DOMINATO

Data 17/11/2016
Horário 09:03


Com o objetivo de criar um modelo de desenvolvimento econômico sustentável através da pesca amadora, representantes do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), Ministério do Turismo, pousadas e entidades do oeste paulista promoveram na noite de ontem, uma reunião na sede da Acipe (Associação Comercial e Industrial de Presidente Epitácio). A intenção, conforme o diretor executivo da Total Eco, organização para preservação ambiental, Eduardo David Schebuk, foi expor aos participantes os principais pontos que envolvem o assunto, já que a ideia é difundir o ecodesenvolvimento regional, garantir a reprodução das espécies relacionadas à pesca amadora, e tratar de eventos que promovam a atividade, já que esta movimenta cerca de R$ 1 milhão por dia, somente em Epitácio.

Jornal O Imparcial Eduardo: "Ideia é transformar guia em um agente de controle"

Eduardo explica que a intenção é instituir o modelo de desenvolvimento sustentável estabelecendo um limite mínimo de transporte de espécies relacionadas à pesca esportiva, estimulando o cultivo entre os ribeirinhos, pescadores artesanais, agricultores familiares e condutores de turismo de pesca, e promovendo a aquisição de peixes de origem controlada por hospedagens e estabelecimentos gastronômicos.

"O controle deste limite será feito pelo condutor de turismo de pesca e não somente pela pousada ou meio de hospedagem, pois quem está diretamente ligado ao pescador amador é o guia. Daí surge a ideia de transformar esta pessoa em um agente de controle e fiscalização, culturalmente, assim ajudando a fiscalização legal", relata.

A ideia, segundo Eduardo, já é praticada na Argentina, no Chile e também no Brasil, onde uma experiência bem sucedida foi registrada no Pantanal, no Mato Grosso do Sul, e em Serra da Mesa, entre os Estados de Goiás e Tocantins. "Mas, isso, sem que estes locais tenham a convivência com a pesca artesanal, pois o Reservatório da Usina Hidroelétrica e Eclusa Engenheiro Sergio Mota, em Rosana, é o primeiro no país nos moldes dos países mencionados", explica.

As propostas para implantação do novo modelo estão sendo montadas, conforme Eduardo, e a previsão do cronograma é de implantação já para o ano de 2017. "Se assim os atores envolvidos com a pesca amadora, autoridades públicas e sociedade civil constituída estiverem de acordo. A implantação é baseada na aceitação da prática, além de leis municipais e do governo federal neste sentido e já negociadas nos ministérios, principalmente na questão da preservação do dourado e piapara", frisa.

Pontua que, no Ministério do Turismo, a implantação se dará através da criação de um produto de mercado denominado Turismo da Pesca Amadora - Reservatório Sergio Mota, "se o nome for de agrado a todos envolvidos". "Este produto envolve todos os atrativos turísticos naturais e institucionais no entorno do reservatório, criando primeiramente um circuito, dentro uma roteirização e focando vários eventos ou locais de consumo, sempre em torno do chamariz da pesca amadora. O material já está acertado, dependendo somente da apresentação do projeto final e com indicação de parlamentares do Congresso Nacional", destaca.

 

Movimentação econômica


De acordo com Eduardo, o reservatório entre o distrito de Primavera, em Rosana, e a cidade de Jupiá (MS), recebe na pesca aberta, em média, mais de mil pescadores amadores diariamente. Este número é superado por Epitácio, que possui mais de 1,7 mil leitos voltados para a prática. Tal município promove o turismo de "Um Dia" (Day Use), através do qual recebe mais de 2 mil pescadores por dia, com ou sem embarcações próprias. "No volume de negócios podemos dizer que a média de custo diário de um pescador amador está em torno de R$ 500, incluindo hospedagem, alimentação e pesca", destaca. Expõe que os valores aumentam conforme contratação individual de condutor de turismo de pesca, iscas naturais, degustação ou alimentação diferenciada, combustível da embarcação, além de kits de hidratação ou churrasco.

"A pesca amadora tem economicamente um potencial em alguns milhares de reais, mas ela não é pontualmente geradora de renda para a comunidade como um todo. Ela agrega valor específico para uma cadeia voltada para ela mesma, pois alimenta e movimenta mais de 2 mil trabalhadores diretos e indiretos, além dos ligados ao setor comercial e de serviços em outras áreas dentro do município e região", argumenta. "Se a pesca amadora estiver toda regulamentada poderá ser o maior empregador individual de qualquer município do entorno do reservatório, sem contar, é claro, o setor agrícola de alta produção, de commodities, grãos, e combustíveis", finaliza.

Para repercutir a movimentação econômica gerada pela pesca amadora, a reportagem entrou em contato com o atual chefe do Executivo de Epitácio, Sidnei Caio da Silva Junqueira, o Picucha (PMDB), bem como a prefeita eleita para o próximo mandato Cássia Furlan (PRB). No entanto, até o fechamento desta edição, não houve resposta.

 
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