Possível fim de contratos temporários gera protesto

Categoria é desfavorável ao arquivamento de projeto de lei complementar que determina a permanência dos docentes até 31 de dezembro

PRUDENTE - ANDRÉ ESTEVES

Data 06/06/2018
Horário 09:09
Jose Reis - Professoras temporárias protestaram em frente do prédio do MPE
Jose Reis - Professoras temporárias protestaram em frente do prédio do MPE

Professoras temporárias da rede municipal de Educação se reuniram em frente ao prédio do MPE (Ministério Público Estadual), no fim da manhã de ontem, para protestar contra o arquivamento do PLC (projeto de lei complementar) 20/2017, de autoria do prefeito Nelson Roberto Bugalho (PTB), o qual determina que todos os contratos temporários em vigência sejam prorrogados até 31 de dezembro deste ano, independentemente da observância do interstício de 180 dias, com o objetivo de não prejudicar o ano letivo.

Os vereadores decidiram arquivar a propositura após parecer contrário das comissões permanentes, que acompanharam o parecer jurídico da Câmara Municipal. O documento opinava pela não tramitação “devido à inconstitucionalidade do texto”. Munida de cartazes nos quais acusava os vereadores de “traírem a educação”, a categoria defendeu a permanência de cerca de 300 professores em seus cargos, uma vez que a Prefeitura não dispõe de recursos para a efetivação de novos profissionais. Ainda na tarde de ontem, a classe esteve com representantes da municipalidade e do MPE, na sede do órgão, para discutir o assunto.

A professora Jacelma da Silva Lima explica que o grupo de professores promove, desde o dia 22 de maio, uma série de reuniões para evitar que os docentes sejam demitidos antes do tempo previsto e, ao final delas, “sempre houve o consenso”, tanto da administração quanto dos membros da casa de leis, em manter os contratos temporários até dezembro, tendo em vista a perda pedagógica que pode haver com esta ruptura.

Em um ofício assinado pelo chefe do gabinete da Prefeitura, Marcos Tadeu Cavalcante Pereira, no dia 22 de maio, é reforçado, inclusive, que “todos os contrários temporários para educação infantil e ensino fundamental serão encerrados no fim do ano letivo”. Jacelma destaca, no entanto, que isso foi “descumprido” pelos parlamentares durante a sessão.

Para a representante, não só as temporárias serão afetadas pela medida, como também as crianças, que deverão levar dois meses para construir um novo vínculo afetivo com seus professores, o que atrasará o processo educacional. Jacelma enfatiza que não é contra o chamamento público, tanto é que também está na lista de espera, contudo, não acredita que isso se concretizará porque a administração municipal não possui disponibilidade orçamentária para “trocar 300 contratos por 300 contratados”.

 

Em defesa do vínculo

A professora Andreia Couto Wirries lembra que a categoria passou pelo mesmo problema no ano passado, quando professores foram trocados no meio do ano. “Eu tive que entrar na sala de outra docente, onde o caos estava instaurado. Havia mais de 10 crianças sofrendo com problemas emocionais, pais querendo assistir aulas e estudantes sem vontade de entrar para a sala de aula”, relata.

Para a docente, o déficit que esse tipo de decisão gera é “muito grande”, pois os professores realizam um trabalho contínuo para manter o vínculo pedagógico e afetivo. “Além disso, vamos ficar desempregadas no meio do ano, porque professor não encontra emprego a essa altura do campeonato”, afirma.

Andreia conta que abandonou cargos em outras cidades para permanecer em Prudente, posto que, inicialmente, a promessa era de que os contratos durariam até 2020. “Mudaram a fala dizendo que os contratos seriam até o fim deste ano. Acreditamos nisso e agora estamos sendo golpeadas”, pontua.

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