As famílias prudentinas devem desembolsar neste ano R$ 11.623.157.423,00 com os mais diversos bens, ocupando a 108ª posição no ranking nacional e a 34ª no estadual do IPC Maps 2025, estudo especializado no cálculo de índices de potencial de consumo dos municípios brasileiros, com base em dados oficiais.
Em relação às preferências dos consumidores da capital do oeste paulista na hora de gastar sua renda, o levantamento expõe que o destaque fica para a categoria de “habitação”, cuja despesa deve chegar a R$ 3,1 bilhões. O segundo maior gasto fica com “outras despesas”, com R$ 2,1 bilhões. A categoria de “veículo próprio” vem na sequência, com orçamento previsto de R$ 1,2 bilhão. E, em quarto lugar, temos “Alimentação no Domicílio”, que deve ficar com R$ 942 milhões.
“Materiais de construção” deverão consumir R$ 458 milhões dos prudentinos, mais do que os R$ 453 milhões que serão investidos em “alimentação fora de casa”, e os R$ 440 milhões que irão para “planos de saúde e tratamentos dentários”. Na sétima colocação entre as categorias com potencial de consumo, finalmente temos a “educação”, que deve embolsar R$ 386 milhões.
O economista Adriano Machado Santos explica que é esperado que as famílias prudentinas, principalmente as com baixa/média renda, foquem seus gastos em “habitação”, “veículo próprio” e “alimentação no domicílio”. “Você vê que isso é um dado histórico, um dado conjuntural. É normal que habitação, aluguel ou parcelas de financiamento e juros, e gastos com moradia, energia, água, condomínio e etc, sejam os primeiros do ranking, de fato”, comenta.
“Veículo, como se trata de ativo, também. Manutenção, seguro, IPVA [Imposto Sobre Propriedade de Veículo Automotor], parcela dos carros e outros itens de desgaste, principalmente com as classes C, D/E e um tanto bom da B, esses itens são os mais predominantes”, complementa o especialista.
Em relação à proporção de gasto, levando em conta o valor estimado de R$ 11.623.157.423,00 em consumo para uma cidade do porte de Prudente, o economista avalia que “está mais ou menos em linha”. “Você pega a cidade da grande São Paulo, lá estão gastando, em média, por habitante, por ano, em torno de R$ 43 mil, isso de 2023. Em Presidente Prudente, está dando basicamente R$ 48 mil. Um ano depois, obviamente, o preço das coisas aumentou, mas está em linha. Então, esse gasto aí de R$ 11 bilhões para uma cidade desse porte, na proporção, pelo que a gente tem ouvido nas pesquisas, faz sentido, sim”, indica Adriano.
A previsão, para o economista, demonstra uma desfasagem da renda atual em relação aos gastos. “Você vê que a gente está falando aqui de gastos básicos. Moradia, alimentação e, depois que a gente vai ver alguma coisa aqui, como investimento, reforma. Então, mostra que a renda ainda é defasada. E, principalmente, nesta questão da inflação, que tem aumentado aí a uma taxa relativamente fora do controle, ocupando muito mais a renda. E aí sobra menos para outros elementos, como lazer, cultura, etc e tal”, menciona.
No que diz respeito ao potencial de consumo por categoria, o IPC Maps estima que, em Prudente, em um universo de 229.163 moradores da zona urbana, a classe B deverá despender de R$ 4,38 bilhões, seguida da classe C (R$ 4,31 bilhões), classe A (R$ 2,2 bilhões) e, por último, a classe D/E (R$ 545 milhões). Já os 5.585 residentes da área rural da cidade deverão gastar R$ 172 milhões ao longo de 2025.
Para Adriano, é normal que as classes B e C dominem o consumo, seguidas da classe A e, por último, da classe D/E. “Por ser maioria, ter muito mais contingente, as classes B e C dominam o consumo, inclusive mais do que a classe D/E, porque aí você vai ter uma renda maior para um contingente maior. Apesar da classe D/E ser muito mais numerosa, o potencial de consumo é muito menor”, frisa. “Essa faixa do meio e a classe A têm um potencial de gasto unitário muito maior, mas o contingente dela é bem menor”, detalha o economista.
De acordo com a economista Edilene Mayumi Murashita Takenaka, muitos hábitos de consumo sofreram alterações após a pandemia da Covid-19 e ainda apresentam reflexos no mercado. “No caso do ‘veículo próprio’, os gastos com os veículos, combustíveis e manutenções foram impulsionados por pessoas que começaram a trabalhar com entregas, por exemplo. Em outras situações, muitos deixaram o transporte público com receio das aglomerações e passaram a utilizar veículo próprio ou transportes alternativos”, explica.
“Em relação à habitação, o período de isolamento domiciliar trouxe à tona o desejo de melhorias nas moradias e, isso, aliado ao ‘sonho da casa própria’, desejo comum entre muitos brasileiros, trouxe um saldo positivo no setor da construção civil que perdura nos últimos anos”, destaca a Edilene.
No caso da alimentação, ela pontua que, antes de pensar em aumento da quantidade consumida de alimentos, deve-se considerar que os preços dos alimentos têm subido exponencialmente devido a diversos fatores internos e externos, “o que provavelmente impactou os valores encontrados”. “O potencial de crescimento em outras despesas traz um histórico de condições de financiamento e crédito facilitado que, de um lado amplia o consumo e, de outro, traz a preocupação com o endividamento da população”, conclui a economista.
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Edilene Takenaka: hábitos que sofreram alterações após Covid-19 ainda apresentam reflexos no mercado
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Para Adriano, previsão demonstra defasagem da renda atual em relação aos gastos