PP acolhe 73 venezuelanos interiorizados na cidade

Um destes casos é o de Maria Barrios, que saiu da Venezuela no dia 30 de julho de 2017 com o objetivo de tentar melhores condições de vida

PRUDENTE - WEVERSON NASCIMENTO

Data 20/12/2020
Horário 05:10
 Maria e os filhos chegaram a Presidente Prudente no dia 28 de outubro deste ano

O Atlas Temático das Migrações Venezuelanas, produzido pelo Núcleo de Estudos da População da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) revela que, de 5 de abril de 2018 a 10 de julho de 2020, impulsionado pelo programa federal Operação Acolhida, o número de imigrantes da Venezuela interiorizados em Presidente Prudente foi 73. No mesmo período compreendido, municípios do Estado de São Paulo receberam 6.563 estrangeiros do país situado na costa norte da América do Sul, com destaque para o ano de 2019, período em que ocorreu um maior fluxo imigratório, 3.951 pessoas.

Por conta da instabilidade econômica no país de origem, muitos deixam o território e atravessam a fronteira com Roraima, com o objetivo de tentar melhores condições de vida em diferentes municípios do Brasil. Em Presidente Prudente, a titular da SAS (Secretaria Municipal de Assistência Social), Luzia Fabiana Sales Macedo, explica que o município faz uma busca ativa para acolhimento dos imigrantes, mas que a procura também pode ser espontânea por parte deles. Atualmente, com o crescente fluxo de venezuelanos no município, há mais de 50 dias a pasta oferece todo tipo de apoio na Casa de Acolhimento instalada no Estádio Municipal Caetano Peretti.

“Assim que chegam ao município e estão dispostos ao acolhimento, eles são destinados para este local e lá são orientados ao isolamento social em razão da pandemia do novo coronavírus. Neste período, eles recebem todo o suporte de triagem médica, exames específicos, carteira de vacinação, alimentação e estadia. Depois podem procurar por emprego, outra instalação ou mesmo permanecer na casa de acolhimento com todas as necessidades básicas atendidas até conseguirem se organizar”, explica. Outro importante suporte prestado pela SAS é com relação à documentação dos venezuelanos junto aos órgãos federais.

UMA NOVA HISTÓRIA

Maria José dos Santos Barrios, de 35 anos, saiu da Venezuela no dia 30 de julho de 2017 em busca de melhores condições para ela e seus três filhos (atualmente com 4, 16 e 19 anos). As situações do país situado na costa norte da América do Sul não eram as mais favoráveis para a sua vida, principalmente, após romper um relacionamento. “Saímos de lá porque passávamos por muitas necessidades, a ponto de não termos nada para comer. Eu não conseguia um trabalho e tive que ir vendendo pouco a pouco as minhas coisas de casa para poder dar de comer aos meus filhos”, relata emocionada.

O Brasil, portanto, não foi o seu primeiro destino. Antes disso passou por Colômbia, Equador, Peru e Bolívia, locais onde ela e a família vivenciaram situações de xenofobia e falta de recursos mesmo procurando por trabalho. “Assim que eu cheguei à Bolívia iniciou a pandemia, e mais uma vez me vi impossibilitada de trabalhar e dar sustento para os meus filhos. Após passar pelos outros países eu decidi vir para o Brasil, haja vista que amigos procuraram estabilidade para eu e meus filhos aqui”, explica.

O caminho em terras brasileiras iniciou em Corumbá (MS), cidade que fica na divisa Brasil/ Bolívia, no dia 1º de outubro deste ano, mas logo em seguida seguiu por Três Lagoas (cidade que fica na divisa dos estados de Mato Grosso do Sul e São Paulo), até desembarcar com os filhos em Presidente Prudente no dia 28 do mesmo mês. 

Na capital do oeste paulista foi recepcionada pelo serviço de acolhimento da SAS (Secretaria Municipal de Assistência Social), e hoje recebe todo apoio da Casa de Acolhimento, a qual menciona uma extrema gratidão. Hoje, ela vende balas nos semáforos do município como uma forma de obter renda, mas relatava que está recebendo apoio de amigos na busca de um trabalho fixo e uma casa para ela e seus filhos. O carinho, respeito e amparo dos prudentinos marcaram a sua chegada e também sua permanência, pois relata que não deseja mais de voltar ao seu país de origem, a não ser para ajudar sua família.  

SAIBA MAIS
A Operação Acolhida é uma grande força tarefa humanitária, coordenada pelo Governo Federal, composta por 11 ministérios, com apoio de agências da ONU (Organização das Nações Unidas) e de mais de 100 entidades da sociedade civil, para oferecer assistência emergencial aos migrantes e refugiados que entram pela fronteira com Roraima. A estratégia de interiorização, segundo o Governo Federal, teve início em abril de 2018 e até o fim de julho foram interiorizadas mais de 39,8 mil pessoas em mais de 599 cidades brasileiras. Desde o início de 2020 foram interiorizados mais de 12,6 mil venezuelanos, o que representa um investimento do Governo Federal de R$ 630,9 milhões.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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