Presidente do CNE afirma que Brasil vive "cenário disruptivo"

Na abertura do Enepe disse que são enormes os desafios da educação, que vão da pré-escola ao ensino superior

PRUDENTE - DA REDAÇÃO

Data 18/10/2022
Horário 18:49
Foto: Júlia Aglio
Conferência vista em telão no Teatro César Cava
Conferência vista em telão no Teatro César Cava

Em consonância com os temas dos grandes debates internacionais e dos quais tem participado, a presidente do CNE (Conselho Nacional da Educação)  Maria Helena de Castro Guimarães afirma que o Brasil está vivendo um cenário disruptivo da educação. Sua fala na abertura do 27º Enepe (Encontro Nacional de Ensino, Pesquisa e Extensão) partiu do entendimento da educação como política pública sistêmica, para afirmar que os desafios são enormes e que vão da pré-escola ao ensino superior. O evento realizado pela Unoeste foi aberto na noite de segunda-feira (17) e prossegue durante a semana, até sexta-feira (21) com o tema Ciência, Consciência e Humanização.

O Enepe 2022 tem mais de 2,9 mil inscritos, dos quais 1,3 mil com apresentações de trabalhos científicos; representantes de 168 instituições de 15 estados brasileiros e do Distrito Federal. Sua realização faz parte das comemorações dos 50 anos da Unoeste, com o histórico de formação de mais de 120 mil profissionais espalhados pelo território nacional e no exterior, conforme pontuou o pró-reitor acadêmico José Eduardo Creste ao fazer o pronunciamento de boas-vindas em nome da reitora Ana Cristina de Oliveira Lima. Saudou a conferencista enaltecendo a sua contribuição para a educação brasileira.

 

Cenário e Mundo Vuca

O pró-reitor de pesquisa, pós-graduação e extensão Adilson Eduardo Guelfi falou da satisfação em receber a socióloga Maria Helena na Unoeste, a 2ª Melhor Universidade Particular do Estado de São Paulo, em avaliação do Ministério da Educação. Sobre o tema Ciência, Consciência e Humanização, disse ser bastante pertinente e que foi escolhido pela comunidade acadêmica da Unoeste envolvida na realização do Enepe, considerando a pandemia do coronavírus e seu impacto mundial em todos os setores, em especial o da educação superior no âmbito do tripé universitário: ensino, pesquisa e extensão.

A conferência foi iniciada citando a presidente da ABC (Academia Brasileira de Ciências), Helena Nader, que tem o entendimento de ser necessária uma revolução na educação que começa na pré-escola e vai até a pós-graduação; diante da precisão de recuperar o pensar crítico e incentivar as crianças a questionarem desde uma idade muito jovem.  Mediante esse olhar, Maria Helena abriu um leque de informações centradas no cenário disruptivo, relacionado ao Mundo Vuca, sigla de Volatility (volatilidade), Uncertainty (incerteza), Complexity (complexidade) e Ambiguity (ambiguidade).

 

Aprendizado ao longo da vida

É diante desse mundo que se faz necessário manter a discussão sobre as habilidades e competências aplicadas nos processos de ensino e de aprendizagem, considerando o “continuum formativo”, que é o aprendizado ao longo da vida para o desenvolvimento da pessoa. A conferencista trouxe à luz o Fórum Mundial da Educação de 2015, realizado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e que levou mais de 130 ministros dessa área à Coreia do Sul, onde também esteve.  O que foi debatido naquela ocasião entrou para os ODS (Objetivos do Desenvolvimento Sustentável), a chamada agenda 2030.

O direito à educação equitativa e inclusiva de qualidade, a educação ao longo da vida para o desenvolvimento pleno das pessoas, a inovação, as novas tecnologias e novas demandas do mundo do trabalho permeiam as discussões e os desafios da educação básica e do ensino superior. Nesse contexto, conforme Maria Helena, a pandemia do coronavírus, apesar de todos os transtornos causados, provocou a necessidade de aceleração das mudanças no campo educacional, especialmente a de lidar com as tecnologias. Nesse mesmo aspecto, fez a observação de que não se pode separar a educação básica da superior, por se tratar de um processo sistêmico.

 

Habilidades socioemocionais

Então, falou de educação integral e das dez competências gerais da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), para defender mudanças profundas na relação aluno e professor, nos processos de ensino e de aprendizagem, na difusão e produção de conhecimentos, no desenvolvimento de competências e habilidades, no estímulo às atitudes de valores, visando a formação de sujeitos autônomos para lidar com as mais diferentes tensões no mundo, pelos mais diferentes problemas e os processos políticos. Essa relação contextual faz parte dos desafios do ensino superior em olhar para o mundo e para as mudanças do trabalho.

Um olhar especial na perspectiva do ser humano; pois conforme disse a conferencista, a grande causa da perda do emprego tem relação ao fato do profissional não desenvolvido durante a formação as habilidades socioemocionais. Associado a esse fator, existe a gravidade da desistência, que às vezes pode resultar em troca de curso, e do abandono escolar no ensino médio e no ensino superior que afetam as instituições públicas e particulares. O que ocorre por desestímulo, falta de condições de arcar com os custos e a consequente falta de financiamento estudantil.  Outro problema grave é o de que a maior taxa de abandono ocorre nos cursos de licenciaturas, destinados à formação de professores.

A conferência seria presencial, mas por causa do cancelamento de voo de Campinas para Presidente Prudente, houve a decisão dos organizadores que fosse remotamente.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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