Presos entram em CDP após intervenção de polícias

“Essa reação só mostra um governo truculento que não é capaz de dialogar", disse o representante dos agentes penitenciários.

REGIÃO - Bruno Saia

Data 21/03/2014
Horário 11:20
 

Um grupo de cerca de 50 agentes penitenciários, em greve, tentou impedir ontem a entrada de mais de 30 detentos no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Caiuá. Depois de quase quatro horas de negociação, as polícias Militar e Civil conseguiriam cumprir a ordem judicial que determinava a entrada dos presos no local. Momentos de grande tensão precederam a entrada dos policiais, que só foi possível com a participação do Grupo de Operações Especiais (GOE) na ação, que contou com mais de 100 policiais civis e militares.

Jornal O Imparcial Houve tensão entre manifestantes e policiais em frente ao CDP

O delegado-titular da Delegacia Seccional de Presidente Venceslau, Mauro Shiguetoshi Chiyoda, ficou à frente da negociação com os grevistas. "Temos uma determinação judicial, a qual diz que precisamos entrar com alguns presos nessa unidade e queremos resolver isso da melhor maneira possível", afirmou o delegado durante a negociação. "Só queremos que o governo dialogue com a categoria", rebateu o agente de segurança penitenciária (ASP), Luis da Silva Filho, antes da invasão dos policiais à unidade. O prefeito de Venceslau, Jorge Duran Gonçalez (PDT), também esteve presente no local na tentativa de apaziguar os ânimos.

 

Portão arrombado


Os manifestantes resistiram à pressão dos policiais se deitando no chão e rezando em frente à entrada do CDP, mas acabaram cedendo às ameaças de prisão e de demissão feitas pelo delegado e abriram caminho para o comboio de PMs e do GOE, que levou os presos para o interior da unidade. Porém, a entrada só foi possível após o arrombamento do cadeado do portão principal e de mais uma série de negociações para que o portão interno, que leva às celas, fosse aberto. Em voz alta, os agentes rezavam, como uma espécie de grito-de-guerra. "Essa reação só mostra um governo truculento que não é capaz de dialogar", disse o representante dos agentes penitenciários.

No interior do CDP, a chave foi entregue pelos agentes ao diretor da unidade, Antonio Carlos Vendramel, que se responsabilizou pela entrada dos detentos sob escolta dos policiais militares. Os sindicalistas alertavam para o risco de uma reação dos presos no caso da entrada da PM, mas isso não se confirmou após a operação. "O que houve foi uma operação bem sucedida na entrega destes sentenciados, no cumprimento de uma ação judicial", afirma o tenente coronel Marcelo Antonio Monteiro, que comandou a ação da polícia.

 

Superlotação


A greve dos agentes penitenciários já dura 11 dias e, além do reajuste salarial, a principal reivindicação dos agentes penitenciários é em relação às "más condições de trabalho" nos presídios, principalmente por conta da superlotação das unidades. "Neste momento nós temos aproximadamente 1,2 mil presos nesta unidade, que tem capacidade para pouco mais de 700", disse Silva Filho. De acordo com os agentes, 22 funcionários cuidavam ontem do CPD, o que representa pouco mais de 50 presos para cada funcionário. "O culpado dessa situação não somos nós e nem vocês e sim o governo, que permitiu que isso chegasse a esse ponto", afirmou o agente durante a negociação.
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