Desde que a Prefeitura de Presidente Prudente tornou proibido o acesso ao aterro sanitário para o descarte de entulhos, caçambeiros aguardam um local alternativo para dar sequência ao seu trabalho, uma vez que dependem disso para coletar outros tipos de resíduos que não os da construção civil. Enquanto o imbróglio não é resolvido, profissionais do ramo permanecem de mãos atadas e com um faturamento muito menor do qual estavam habituados antes da mudança. Juntos, eles apontam uma queda de 50% na procura por seus serviços.
O sócio da Transcaçamba, Antônio Frederico Junior, expõe que, atualmente, os trabalhadores só podem fazer a coleta de resíduos da construção civil e de galhos de árvores, tendo em vista que há locais específicos para o recebimento desses materiais, sendo eles a Cooperen (Cooperativa para Reciclagem de Resíduos da Construção Civil e Demolição) e uma área da Rodovia Júlio Budiski (SP-501), respectivamente.
Diante da oferta reduzida, o proprietário da Prudenbásico, Rodolfo Salomão, teve que diminuir o seu quadro de funcionários e lamenta a demora na disponibilização de um novo espaço para a retomada de todas as atividades. “Isso pouparia trabalho para a própria Prefeitura, que ficou encarregada pela coleta dos materiais que não recolhemos mais. Tanto é que a Prudenco [Companhia Prudentina de Desenvolvimento] até criou o programa Cata-treco, mas o que ouvimos são muitas reclamações a respeito”, pondera.
O proprietário da Salomão Caçamba, Paulo Salomão, por sua vez, não tem expectativas em manter o seu negócio por muito tempo e já o dá como “praticamente encerrado”. “Antes do fechamento do lixão, conseguíamos trabalhar tranquilamente. Agora, ficou difícil manter o serviço”, considera. O proprietário da Só Caçamba, Luiz Carlos Guedes, diz que as dificuldades também o levaram a colocar seu estabelecimento à venda.
Na quinta-feira, ele recebeu a pensionista, Cleusa Ângela Camillo, 61 anos, que estava interessada na limpeza de um depósito da sua casa para transformá-lo em uma garagem. Contudo, foi necessário recusar e explicar a ela o motivo. À reportagem, a moradora ressaltou seu descontentamento. “Estou em uma sinuca de bico, porque agora não sei como dar destino para o material. A Prefeitura quer que eu coloque tudo na calçada?”, questiona.
Luiz Carlos pontua que gostaria de resolver o problema da munícipe, mas não encontra alternativa. Ele acrescenta que já chegou a locar a caçamba para a disposição de resíduos da construção civil e, ao buscá-la, encontrou todo tipo de entulho descartado ali. “O que me complica ainda mais, porque eu não tenho condições de filtrar esse material antes de enviar para a cooperativa”, relata.
O diretor da Cooperen, Alexandre Salomão, completa que o fechamento do lixão corroborou para o enfraquecimento do setor, o qual já vinha sendo afetado pela crise na construção civil. Ele confirma que os caçambeiros têm registrado recuo no faturamento e a necessidade de desligar funcionários para o controle de despesas. Diante disso, espera, por um lado, a recuperação da economia e, pelo outro, a disponibilização do espaço pela Prefeitura.
Serviços disponíveis
A administração, no entanto, não tem a obrigação de ofertar às empresas esse tipo de espaço. Já para o atendimento ao cidadão, a Secom (Secretaria Municipal de Comunicação) informa que a Prudenco (Companhia Prudentina de Desenvolvimento) realiza, por meio do programa Cata-treco, recolhimentos que não contemplem entulhos, cujo descarte deve ser feito via caçambas. Caso o morador queira solicitar a coleta de algum tipo de resíduo domiciliar diferenciado, como móveis e eletrodomésticos, deve entrar em contato por meio da Central de Atendimento 156. O tempo médio para o recolhimento varia de acordo com a demanda, tipo de resíduo, urgência, entre outros aspectos.