Produtores contam histórias de sobrevivência no campo

Na semana em que se comemora o Dia do Agricultor Familiar e hoje, Dia do Agricultor, a reportagem busca entender a realidade no setor

REGIÃO - WEVERSON NASCIMENTO

Data 28/07/2019
Horário 04:15
Paulo Miguel - Luis Guilherme começou participar da Feira da Lua e buscou melhorar seu produto
Paulo Miguel - Luis Guilherme começou participar da Feira da Lua e buscou melhorar seu produto

Os agricultores são profissionais que dedicam sua vida para atender a principal demanda da sociedade: a alimentação. São eles que trabalham, levantam cedo, com chuva ou frio, e não têm sábado, domingo ou feriado. Vocacionados ao campo, eles atuam de forma a preservar o meio ambiente e os recursos naturais com sustentabilidade. Nesta semana, em que se comemora o Dia do Agricultor Familiar, e hoje, Dia do Agricultor, a nossa reportagem foi literalmente à campo entender a realidade de alguns produtores prudentinos.

Na família Aragoso, há 25 anos uma propriedade de 40 hectares no Bairro Sete Copas, em Indiana, era dividida entre quatro filhos e, hoje, uma herança que vem sendo passada por gerações. No local de gente humilde, serena, a lavoura de hortaliças é cultivada e, dali, sai o sustento, a renda familiar e os sonhos simples aos olhos de quem vê, como o desejo de permanecer no campo.

O produtor Luis Guilherme Aragoso Costa, de 25 anos, apesar de bem jovem, começou no campo cedo com o legado passado pelos pais, Hamilton Costa e Ilma Tereza Aragoso. A sua rotina nas terras de beira rio começa por volta das 5h, quando acorda para manejar o leite de algumas cabeças de gado. E, após esses esforços, o jovem e o pai se concentram na lavoura equivalente a um hectare de hortaliças ou como costumeiramente chama – folhagens – para separar a demanda e seguir a caminho da cidade com distância de aproximadamente 2 km. Quando retorna, por volta das 7h, segue até a horta e, por vezes, permanece lá até acabar o dia, pois considera que o serviço nunca acaba.

Escoamento

Em 2016, Luis Guilherme começou sua participação na Feira da Lua, um projeto da Prefeitura de Presidente Prudente, que fomenta o escoamento da produção familiar e, de lá para cá, buscou melhorar cada vez mais o seu produto. Por isso, ele considera que o espaço ajudou muito, pois consegue passar o valor direto para o consumidor final. Quando se dedicam as vendas de segunda a quarta-feira, o feirante chega em casa por volta das 22h para descansar e voltar novamente a rotina às 5h.

A renda mensal da família é difícil de ser calculada, pois os gastos mensais são variáveis e dependem das situações imprevisíveis, explica Luis Guilherme. Mas o trabalho do campo também apresenta outras dificuldades, em especial os excessos de chuvas que podem prejudicar a lavoura de hortaliças, além, claro, de pragas que podem, consequentemente, tomar os espaços de produção. Por esses e outros motivos, o produtor relata que o grande desafio da agricultura familiar hoje é se adequar as condições climáticas de forma a preservar a produção do produto mesmo em épocas não favoráveis.

Futuro

Para o futuro, o jovem pensa em não parar com a produção e a comercialização, talvez apenas diminuir a quantidade, mas continuar com o mesmo ritmo para “viver e ter uma vida sossegado”. Hoje ele diz que suas principais conquistas no campo se resumem a uma vida estabilizada com casa própria e outros bens, além da sua nova família. Há 2 anos ele se casou com a engenheira Regina Célia Aragos e, recentemente, teve a pequena Ana Beatriz Aragos Costa, que chegou para completar a família.

Quanto ao futuro da geração do campo, o produtor, que quase chegou ao final de uma graduação, deseja que a pequena filha tenha um futuro melhor, porque o campo ainda é uma situação sofrida. “Eu gosto deste trabalho não só por conta da renda, mas porque eu nasci aqui nesse sítio e me construí aqui, mas quero que ela estude para ter outra profissão e, se ela decidir continuar o meu legado, também estarei ao lado dela”, afirma.

Do outro lado

A rotina de seu primo, Wellington Aragoso, de 38 anos, é parecida com a de Luis Guilherme. Mas, no sítio herdado da divisão familiar dos avós, o principal carro-chefe é a produção leiteira. “Aqui nós trabalhamos com o gado de leite, cria e engorda, e a produção de queijo. Vivemos do sítio e, por este motivo, exploramos tudo que conseguimos. Hoje em dia tudo está caro e o lucro é pequeno, mas sobrevivemos em cima disso daqui”, explica Wellington.

Na propriedade da família a rotina inicia cedo também, sem ter horas para acabar. Durante o dia existe o cuidado e manejo do gado, além, claro, dos cuidados com a alimentação que em períodos de seca praticamente dobram. Mas esses fatores não desanimam o produtor rural, pois é do campo que gostam e no campo que querem permanecer.

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