Professores e estudantes promovem protestos

Manifestantes são contrários às mudanças anunciadas pelo presidente da República, Michel Temer (PMDB), sobre educação

REGIÃO - MELLINA DOMINATO

Data 23/09/2016
Horário 10:06
 

 

Antes mesmo do presidente da República, Michel Temer (PMDB), anunciar oficialmente o projeto de reformulação do ensino médio, o que ocorreu na tarde de ontem, professores e estudantes da região realizaram, logo pela manhã, manifestações em frente a escolas de três cidades: Presidente Prudente, Presidente Venceslau e Rosana. Somente neste último município, 500 alunos da EE Francisco Piergentile ficaram sem aulas, depois de 80% dos docentes cruzarem os braços sob protesto contra o governo federal, informa o professor de matemática, Cleverson Wesley Cavalcanti, 35 anos.

Jornal O Imparcial Professores da escola de Rosana também protestaram

Em Prudente, 12 docentes deixaram de dar aulas na EE Professora Mirella Pesce Desidere. Já em Venceslau, a manifestação contou com a participação de cerca de 60 pessoas, entre professores e alunos da EE Alfredo Marcondes Cabral, os quais empunharam cartazes e saíram em caminhada. "O que precisamos é da valorização salarial. Que seja mantida a aposentadoria especial para a classe dos professores. Querem tirar uma série de direitos dos educadores", desabafa Cleverson.

Aluno da 3ª série do ensino médio, João Pedro da Paz, 17 anos, conta que os alunos da EE Alfredo Marcondes Cabral, em Venceslau, saíram da escola rumo à praça municipal, com o intuito de protestar contra as medidas propostas por Temer. "Somos contra a reforma do ensino médio e contra a PEC 241. A organização partiu do grupo da escola Cabral e não teve nenhum vínculo com qualquer grupo partidário", relata. "Somos contrários à reforma do ensino médio, pois desse jeito, as escolas seriam ainda mais prejudicadas. Querem superlotar as salas de aula, baixar o piso do magistério. Acredito que o professor deva ser valorizado, pois isso reflete na qualidade de ensino dos estudantes", complementa.

 

Ação nacional


Na tarde de ontem, a CUT (Central Única dos Trabalhadores) divulgou uma nota na qual afirmava que as oito principais centrais sindicais do Brasil e outras duas entidades promoviam ações por todos os Estados. "As paralisações, atrasos na entrada, assembleias nas portas dos locais de trabalho, passeatas e manifestações ocorrem durante todo o dia, em todo o país", alertava. "É contra os ataques aos direitos sociais e trabalhistas que todos os trabalhadores têm de participar do Dia Nacional de Paralisação e se preparar para a greve geral", anunciava o texto da Assessoria de Imprensa da CUT.

 

Outro lado


Quanto às manifestações, a Secretaria de Estado da Educação declara que mantém uma mesa de discussão com o sindicato da classe, que tem interlocução direta com o secretário José Renato Nalini. "O Estado de São Paulo paga aos seus professores de educação básica II um salário 13,1% superior ao piso nacional. As diretorias regionais de ensino dos municípios, citadas pela reportagem, informam que cerca de 100% das escolas estaduais não tiveram as aulas interrompidas", frisa. "Os estudantes que, por ventura, tenham sido prejudicados, terão as aulas repostas", completa.

Sobre os protestos contra os anúncios de Temer, a assessoria da Casa Civil do Palácio do Planalto afirmou que "em relação à proposta do teto de gastos da União , os investimentos nas áreas de saúde e educação estão preservados por força da Constituição". Quanto à reforma do ensino médio, a pasta declarou que somente o MEC (Ministério da Educação) se manifestaria sobre o assunto. Já o MEC apontou que as declarações seriam feitas pela Secretaria de Comunicação da Presidência da República, que não respondeu à solicitação da reportagem, até o início da noite de ontem.

 
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