Projeto Integrador leva alegria, entretenimento e bem-estar a idosos

PRUDENTE - DA REDAÇÃO

Data 29/05/2023
Horário 19:54
Foto: Oslaine Silva
Turma conheceu a estrutura e as atividades realizadas pela ILPI Bom Jesus 
Turma conheceu a estrutura e as atividades realizadas pela ILPI Bom Jesus 

Com o objetivo de levar momentos de alegria, entretenimento e bem-estar, um grupo de alunos do curso de Cuidador de Idoso do Senac (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial) de Presidente Prudente foi recebido pelo casal Vagner Aparecido de Oliveira, 46 anos, e a esposa Cintia Pereira Rodrigues de Oliveira, 41 anos, no último dia 19, na ILPI (Instituição de Longa Permanência para Idosos) Bom Jesus, de Prudente, da qual são proprietários. Os alunos foram realizar um Projeto Integrador, como atividade do curso.
A turma, acompanhada pela enfermeira da Santa Casa e docente do curso Senac, Thais Meschita do Nascimento, apresentou uma breve peça teatral com fantoches com o inteligente boneco Teco, pelo engenheiro Álvaro Jun Gibu,  60, um animado tomate vermelhinho, pela jornalista Oslaine Silva, 49, uma alegre berinjela roxinha, pela aluna brinquedista Lígia de Oliveira Gessolo, 42, e uma suculenta alface verdinha, pela química Maria José Ulian, 57, que encantou as idosas. Para animá-los e até relembrarem as letras, cantaram as canções: “Como é grande o meu amor por você” (Roberto Carlos), “Rei Davi – 3 Palavrinhas”, e “Trem das Onze” (Adoniran Barbosa). E ainda levou sequilhos fresquinhos de limão para adoçar com amor o paladar dos idosos. 
Josilene de Araújo, ou apenas Josi, 50 anos, que até dançou com um dos idosos, disse que no começo estava apreensiva, com medo em ver o cuidado que tinham de fato com eles na casa. E foi triste em ver de perto a realidade da doença de Alzheimer, outros sem poder andar, e demais limitações. Mas, depois que os idosos começaram a interagir com o grupo, foi maravilhoso! “Foi muito gratificante mesmo. A interação que tiveram com a gente encheu nossos corações, dando um retorno ao projeto que preparamos para desenvolver com eles. Algo totalmente diferente do que vivemos na teoria, em sala

de aula!”, exclama emocionada a aluna do curso. 
Rosilda Souza de Lima, 39 anos, também achou tudo ótimo. Chorou bastante em vê-los ali. “Sei que todos têm especialistas cuidando deles, mas senti que, mesmo com todo acolhimento, todo carinho, convivência, a família faz falta. Eu não conseguiria deixar os meus pais [risos]. Acho que é porque sinto muita falta deles”, expõe a aluna Rosilda.

Cada pedacinho

Cintia, que é técnica de enfermagem, e quem gerencia todo o funcionamento do local acompanhou o grupo apresentando cada pedacinho, toda a rotina diária dos 24 idosos moradores da casa de repouso sendo 16 mulheres e oito homens, e Vagner, que é enfermeiro, conversou com a reportagem dando detalhes da casa. “Nossa, essa interatividade é muito importante, porque eles conseguem sociabilizar, remete a vida cotidiana deles lá fora. Se distraem, se divertem e rememoram lembranças. Essa interação de perguntar as coisas comuns de suas vidas, como, por exemplo, em que trabalhavam, o que faziam no tempo livre com suas famílias. Isso faz com que se sintam valorizados, e que não estão esquecidos”, ressalta Vagner.

Faca de dois gumes

Conforme Vagner, muitas famílias vivem essa situação de ter um idoso em casa, não têm como dispender o cuidado necessário que ele precisa, mas ainda assim não quer colocá-lo numa casa de repouso, por sentir peso na consciência, por achar que o está desprezando; por acabar acreditando que o falatório das más línguas de que o está abandonando é real. E ao seu entender, a ILPI, a sua equipe, precisa estar preparada para atender tanto o idoso quanto este familiar. “Eu sempre falo para as meninas que o cuidado não é só com o paciente, mas tão importante quanto é com o familiar que está igualmente enfrentando algo novo. Assim como é um processo para o idoso, para o familiar também é uma transformação, muitas vezes, dolorosa. A discriminação contra quem coloca um idoso numa casa de repouso ainda existe”, enfatiza Vagner.

Até sentir na própria pele

O enfermeiro diz que é comum a pessoa dizer que não colocaria um pai, uma mãe numa instituição para idosos, até ter um caso em casa. Se tivesse entenderia melhor a dificuldade em cuidar de um idoso de forma que ele tenha tudo que é necessário ao longo do dia que lhe proporcione segurança, saúde e bem-estar.
Vagner conta que outro dia alguém o abordou e disse que não faria isso com sua mãe. Que ela estava morando em sua casa, que ele cuidava dela. Então, Vagner lhe perguntou quem de fato cuidava de sua mãe e o mesmo respondeu–lhe que era a sua esposa. “Então indaguei: ‘por acaso o senhor já perguntou a sua esposa se ela está bem? Se não está doente? Porque quem cuida de pessoas doentes também adoece. Ele então refletiu e logo concordou que eu tinha razão”, acentua Vagner. 
Ele explica que só quem sabe como é a situação é quem realmente está ali cuidando 24 horas por dia, sábado, domingo, feriado, dia santo, não podendo sair, às vezes o idoso é acamado, o que se torna ainda mais difícil. Ou aquele que anda de repente pode abrir um portão e fugir, sair pela rua, se perder, correr o risco de ser atropelado. São inúmeros os perigos. “São pessoas que precisam de atenção constante, o tempo todo. É extremamente cansativo. Já parou para pensar? Não, geralmente quem critica não pensa”, garante o profissional.
Ao final, Vagner não conteve a emoção e a voz embargada cedeu as lágrimas ao lembrar que em 2024 comemorarão 10 anos de atuação.

Foto: Oslaine Silva

Alunos conheceram um pouco da rotina dos idosos

 

Turma de alunos aprendeu além da teoria dos ensinamentos da sala de aula a prática do dia a dia na casa de repouso Bom Jesus

Grupo de alunos do Senac animou os idosos com teatro de fantoches e músicas de Roberto Carlos, Rei Davi e  Trem das Onze de Adoniran Barbosa 

 

Josi que chegou apreensiva, com medo em ver o cuidado que tinham de fato com os idosos na casa.saiu agradecida ao "Bom Jesus" 

Publicidade

Veja também