"O idoso é uma pessoa frágil que precisa de atenção diferenciada". Com base nesta afirmação, o promotor de Justiça da Saúde, Mário Coimbra, afirma que o atendimento à terceira idade em Presidente Prudente não tem motivos para comemorar os 10 anos do Estatuto do Idoso, celebrado em outubro deste ano. Segundo ele, faltam especialistas e equipes de atendimento. "Existe o Centro de Referência FelizIdade, no entanto, pessoas que moram mais longe não dispõem de transporte para frequentar o local", avalia.
Para o promotor, além do Ministério Público, outras entidades e instituições atuam para a melhora do cenário. "Creio que devam ser criadas opções mais interessantes para que o atendimento aos idosos seja mais eficiente", completa.
Por outro lado, o delegado titular da Delegacia de Polícia de Proteção ao Idoso de Prudente, Arnaldo Vicente Erani Gonino, afirma que no município diversos trabalhos são desenvolvidos por instituições públicas e privadas em benefício da melhor idade. Conforme Gonino, a Prefeitura, em parceria com entidades, desenvolve um projeto para que todas as equipes que trabalham em benefício da classe atuem em conjunto. "O intuito é unir todas as instituições e focar no bem comum. Já fizemos algumas reuniões e, desde então, orientamos sobre como agir em algumas situações", expõe. O projeto, segundo Gonino, leva provisoriamente o nome de Rede de Apoio ao Idoso.
De acordo com a secretária da Assistência Social Regina Helena Penati Cardoso Ferreira, a novidade visa maior articulação e fortalecimento da política do idoso. "Quando falamos das pessoas maiores de 60 anos, temos que pensar que estamos tratando com vários tipos de idosos", diz.
Conforme Ferreira, a 17ª edição dos Jogos Regionais do Idoso (Jori), que ocorreu na última semana de agosto, é um exemplo de como o público possui variáveis. "Neste caso, são pessoas que estão dispostas a participar de atividades relacionadas à prática esportiva. Mas há também aqueles que precisam de serviços de proteção e cuidado", reforça.
Desafios
Do ponto de vista da Assistência Social, a secretária afirma que a pasta optou por trabalhar nos Centros de Convivência, articulados aos Centros de Referência de Assistência Social (Cras). "Assim, podemos oferecer opções descentralizadas de atendimento. Sabemos que é preciso ir até o idoso", afirma. Para isso, ela assegura que são realizadas ações de busca ativa. "Temos muito que fazer ainda, no entanto, já constituímos alguns serviços para atendimento que supriram certas necessidades. Melhorar sempre é possível, e estamos em busca disso", completa.
Os mesmos desafios são apontados por uma das representantes do Conselho Municipal do Idoso e Coordenadora do Serviço de Proteção e Atendimento Especializado ao Idoso Vítima de Violência Familiar,
Denise Cassiana Florêncio de Souza. Acrescenta que, embora as ações em prol ao avanço das políticas de proteção ao idoso tenham aumentado, "ainda existem várias lacunas a serem preenchidas". "Estamos no caminho correto. Se fizermos uma análise global, percebemos que há uma necessidade de caminharmos na perspectiva de que o País está envelhecendo, o idoso vive mais e exige uma vivência de qualidade", analisa. Souza afirma que, atualmente, a terceira idade está mais consciente de seus direitos, que são constantemente reforçados e destacados pelo município. "Neste ano, o tema do 17º Fórum Municipal do Idoso, organizado pelo Conselho do Idoso em parceria com a Prefeitura, será os 10 anos do estatuto, onde abordaremos o que foi efetivado no regulamento, quais os avanços e retrocessos, o que o estatuto trouxe de ganhos, benefícios e projeção do idoso em relação à sua qualidade de vida e ao envelhecimento saudável", explica. Conforme Souza, o evento será aberto ao público e ocorre dia 1º de outubro no Tênis Clube de Presidente Prudente.
"Temos muito a caminhar, as demandas vão trazendo as necessidades de sociabilidade, ponto de vista cultural, práticas esportivas, interação com o território, acesso aos direitos do cidadão e outras atenções necessárias para o envelhecimento saudável", conclui.
Moradia
Conforme a secretária, o quesito política de habitação foi priorizado durante os sorteios realizados pela Prefeitura no último mês, por meio do programa Minha Casa, Minha Vida. "Cerca de 5% das residências foram destinadas aos idosos", completa.
Segundo Ferreira, a Prefeitura está negociando com o governo a constituição do Centro Dia Idoso (CDI), um espaço de atendimento diário para os que exijam cuidados especiais.
Outro desafio apontado pela titular da pasta é a ampliação do número de vagas para acolhimento no Lar São Rafael. "Atendemos cerca de 90 idosos, com níveis diferentes de dependência. Queremos aumentar o número de acolhimento e também trabalhar com vagas de maior complexidade, abrangendo outros níveis de dependência, como por exemplo, os acamados, que são um desafio para o município", esclarece.
Atualmente, os idosos de Prudente contam com a Vila Dignidade, condomínio mantido pela Prefeitura que atende 25 idosos e a Vila Fraternidade, uma organização não-governamental (ONG) que acolhe 28 pessoas. "Ambas são direcionadas para idosos que tenham a capacidade de realizar, sozinhos, suas atividades rotineiras", destaca.
Violência
Gonino afirma que somente no mês passado, foram registrados no município 49 denúncias de violência e maus-tratos contra idosos. "Esse número de ocorrências é expressivo, no entanto, não temos uma avaliação de que os índices de violência estejam aumentando. Acreditamos que o que cresceu foi o número de denúncias, isso revela que as pessoas estão mais conscientes", reforça.
SERVIÇO
Denúncias
Maus-tratos contra idosos podem ser relatados através do Disk-Denúncia 181. Conforme Gonino, o denunciante não precisa se identificar.
