Prudente registra 146 casos de leishmaniose em cães em 2025

Deste total, 142 foram contraídos no próprio município; doença é transmitida para animais e humanos por meio da picada do mosquito-palha infectado

PRUDENTE - DA REDAÇÃO

Data 24/07/2025
Horário 17:41
Foto: Divulgação
Mosquito-palha, transmissor da leishmaniose
Mosquito-palha, transmissor da leishmaniose

Presidente Prudente registrou, até o dia 15 de julho deste ano, 146 casos positivos de leishmaniose visceral em cães, sendo 142 casos autóctones (contraídos no município) e quatro importados. "A situação demanda atenção redobrada da população, especialmente após a confirmação de um caso da doença em humano no município, em junho deste ano", aponta a Prefeitura.

A leishmaniose visceral é uma doença grave que afeta tanto cães quanto humanos, sendo transmitida pela picada do mosquito-palha infectado. De acordo com o gerente da UVZ (Unidade de Vigilância de Zoonoses), Romário Luis dos Santos, as ações de controle e prevenção têm sido intensificadas, inclusive com o apoio de tecnologias inovadoras.

Entre as medidas adotadas, está a disponibilização de coleiras com inseticidas para a população canina, por meio de uma parceria com o Ministério da Saúde. “Estamos montando o plano para enviar ao Ministério da Saúde, a fim de que eles possam liberar as coleiras”, informa o gerente. A previsão é de que cerca de 2 mil coleiras sejam encaminhadas para o município.

A estratégia decorre de um plano de ação adotado entre diversas instituições, entre elas a Secretaria Municipal de Saúde, o Instituto Adolpho Lutz, a Unidade de Vigilância de Zoonoses, Vigilância Epidemiológica e a equipe de atenção básica.

Na última semana, o grupo se reuniu para discutir as estratégias e diretrizes para o controle da doença, essenciais para a criação do plano. Também houve atividade prática, com visitas às casas para orientar os moradores sobre a leishmaniose visceral e suas formas de prevenção. Nessas visitas, foram coletadas amostras para diagnóstico da doença e seis animais foram identificados e encoleirados.

Áreas de trabalho

“A elaboração e aprovação deste plano pelo Ministério da Saúde são fundamentais para que Presidente Prudente possa receber coleiras com deltametrina. Essas coleiras serão distribuídas em duas áreas de trabalho local específicas, intensificando as medidas de prevenção e controle da leishmaniose visceral no município”, esclarece Romário.

A princípio, as duas áreas escolhidas são os entornos das ESFs (Estratégias de Saúde da Família) do Jardim Leonor e do Parque Primavera, ambos na zona norte da cidade e que apresentam alta incidência de casos de leishmaniose visceral canina.

Após a adoção do método e a análise dos resultados, por um período entre seis e oito meses, a previsão é de ampliar a cobertura para outras localidades.

Estes mesmos bairros também estão sendo trabalhados por uma iniciativa do curso de doutorado em Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional da Unoeste (Universidade do Oeste Paulista), sob orientação de Luiz Euribel Prestes Carneiro, médico infectologista, voltada para o enfrentamento da leishmaniose visceral.

O projeto tem como principal objetivo comparar e avaliar estratégias educativas que visem à prevenção da leishmaniose e à redução da contaminação de humanos pelo parasita causador da doença. A proposta alia pesquisa científica, educação em saúde e ações práticas de controle do vetor e dos principais reservatórios — em especial, cães de rua e animais em situação de maus-tratos.

Entre as atividades destacam-se: ações educativas junto à comunidade para promoção da conscientização e prevenção; controle do vetor transmissor (flebotomíneo) e monitoramento de áreas de risco; identificação e manejo de cães de rua e animais em situação de vulnerabilidade; visitas domiciliares com levantamento de dados por meio de questionário, abordando número de animais, condições dos quintais e práticas de cuidado; coleta de exames laboratoriais em pacientes da área, realizados na unidade de saúde local; e coleta de sorologia nos animais, além do encoleiramento com coleiras repelentes e chipagem, em parceria com a UVZ.

Transmissão e sintomas

A transmissão da leishmaniose visceral ocorre através da picada da fêmea do mosquito-palha. É importante ressaltar que a transmissão não acontece diretamente de um cão para outro, nem de cães para humanos.  Nos cães, os sintomas mais comuns incluem emagrecimento progressivo; queda de pelos, especialmente ao redor dos olhos e orelhas; crescimento exagerado das unhas; feridas na pele que não cicatrizam; aumento de volume dos gânglios (ínguas); e problemas renais e hepáticos.

Em humanos, a doença pode apresentar sintomas como febre prolongada; aumento do baço e do fígado; perda de peso; anemia; e inchaço abdominal.

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