Prudente tem 4 mil pacientes "em potencial”

PRUDENTE - MELLINA DOMINATO

Data 08/01/2017
Horário 09:06


A obesidade aumentou no mundo todo como uma doença alarmante. E, segundo o coordenador técnico do Centro de Obesidade da Santa Casa de Misericórdia de Presidente Prudente, Jefferson Yoshiharu de Toledo Taguti, o mundo hoje tem mais da metade das pessoas com sobrepeso. Cita que existe um trabalho da Sociedade Brasileira da Cirurgia Bariátrica e Metabólica o qual informa que no sudeste existem 2% de obesos, ou mórbidos ou moderados, com indicação de cirurgia bariátrica. "Então, se você levar em conta que Prudente é uma cidade com em torno de 200 mil habitantes, se calcularmos 2% deste total, temos 4 mil pacientes em potencial de cirurgia. Isso é muito preocupante. Ainda mais no jovem", revela.

Para o médico, é preciso incentivar a linha de cuidado do obeso criada pelo governo, bem como as ações das UBSs (Unidades Básicas de Saúde) no combate à doença. "A atividade física é importante e muitas pessoas fazem, mas a parte de alimentação é muito desregrada, com os fast foods que hoje existem. Hoje, além disso, o jovem faz refeição rápida, no videogame, sem fazer atividade física", exemplifica. Já no que diz respeito ao adulto, diz que este não toma sol porque o carro tem insulfilm, o veículo é automático e não precisa nem trocar a marcha, enquanto a TV e o ar-condicionado têm controle remoto. "Então, o dia a dia das pessoas já é sedentário e este é o principal fator ambiental, o sedentarismo, além da alimentação, associados à genética. Mas, a genética você não tira das pessoas, então, você tem que tirar o fator ambiental e isso implica desde a educação, dieta até a atividade física, principalmente", declara.

 

Indicação para cirurgia


A indicação da cirurgia da obesidade nunca foi questão de estética, ressalta Jefferson. "Quando falamos de estética, falamos em quem tem que perder cinco, seis quilos. Porém, nós estamos falando no mínimo de pacientes que têm de 35 a 40 quilos de excesso de peso. Então, isso não é estética", frisa. Expõe que o procedimento vale para os pacientes que tenham excesso de peso e que já venham se tratando há mais de dois anos, pelo menos, no caso do SUS (Sistema Único de Saúde), em uma UBS (Unidade Básica de Saúde). "Esse paciente, se ele tiver um IMC maior ou igual a 40, que é a conta que faz do peso dividido pela altura ao quadrado, se esse número for maior ou igual a 40, este é um paciente que pode operar", fala.

O profissional xplica que, se for um paciente que tem um IMC igual ou maior que 35 e menor que 40, ele também poderá ser operado, desde que tenha alguma comorbidade, ou seja, doença associada que ameace a vida, como diabetes, hipertensão, dislipidemia, colesterol, triglicerídeos alterados, gordura no fígado (esteatose hepática), histórico e tratamento de depressão e problemas ortopédicos que dependam exclusivamente da perda de peso para melhorar, como artrose, hérnia de disco e problemas articulares.

Jefferson lembra que, dentro da linha de cuidados do obeso, foi publicada, em fevereiro do ano passado, uma normativa do CFM (Conselho Federal de Medicina), a 2.131/2016, que dá ênfase a esses pacientes com IMC entre 35 e 40 em dois tópicos: no caso da gordura no fígado e sobre a estigmatização do paciente, ou seja, o bullying do obeso. "Se você me trouxer uma carta de um obeso nessas condições, que está sofrendo bullying, eu posso indicar a cirurgia para ele, pois isso pode causar no paciente a ansiedade, a depressão, que também faz parte do perfil indicativo. Então, a amplitude do paciente com IMC entre 35 e 40 aumentou muito nos últimos anos", declara.
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