Psiquiatria é a 3ª que mais gasta com internações

Levantamento traz dados sobre os investimentos do SUS (Sistema Único de Saúde) no ano passado, na região de Presidente Prudente

PRUDENTE - MARIANE GASPARETO

Data 07/05/2017
Horário 08:30
 

A psiquiatria é a terceira especialidade que mais exigiu investimentos para internações hospitalares pelo SUS (Sistema Único de Saúde) na região de Presidente Prudente, em 2016. Segundo o DataSus, foram injetados no ano passado R$ 6.385.872,91, totalizando 9,12% do total. As grandes líderes nesse ranking são duas classificações mais "genéricas": a clínica cirúrgica, com 42,47% do total gasto em internações (R$ 29.731.073,17) e a clínica médica, com 32,02% (R$ 5.182.787,50). A obstetrícia vem em quarto lugar com 7,4% do valor investido (R$ 5.182.787,50).

Jornal O Imparcial Número de leitos no Bezerra de Menezes diminuiu de 480 para 120, sendo só 60 rotativos

O montante gasto é representativo mesmo diante da desinstitucionalização psiquiátrica, com o fechamento de três hospitais voltados para esse atendimento especializado na saúde mental na região. O primeiro encerramento das atividades ocorreu em 2014 com o Santa Maria, de Pirapozinho, seguido pelo São João, em 2015, e mais recentemente, no ano passado, pelo Allan Kardec, ambos de Prudente.

A única unidade ainda em funcionamento é mantida Associação Assistencial Adolpho Bezerra de Menezes, mas teve uma redução de 360 leitos. Enquanto nos últimos anos havia capacidade para atender 480 pessoas, hoje só 120 vagas estão disponíveis, sendo que 60 delas são ocupadas de forma fixa por moradores e só a metade é rotativa. A psiquiatra e diretora clínica do hospital, Michelle Medeiros Lima Salione, esclarece que essa política nacional de reforma psiquiátrica que vem sendo conduzida desde a década de 80, que propõe o fechamento dos leitos psiquiátricos se engana em vários aspectos, que são "sentidos na pele" por quem lida diariamente com essa área.

"A rede está sendo baseada em atendimento primário e secundário, que não atendem a necessidade do paciente crônico ou em surto, que nem sempre adere o serviço por diversos fatores", aponta. Com o fechamento dos leitos, boa parte dos casos agudos acaba indo para a rua, por não conseguir a estrutura necessária para sua contenção no núcleo familiar, ou em casos mais graves a pessoa com algum transtorno psicológico acaba dentro do sistema prisional. Outro problema para a médica é a judicialização da saúde, que muitas vezes determina a internação compulsória de pacientes sem indicação médica para isso, em casos onde com tratamento e contenção adequada eles poderiam ficar em casa.

 

Equipamentos do município

"A demanda de atendimentos da saúde mental tem crescido consideravelmente, e ela tem um custo alto", define o secretário municipal de Saúde de Prudente, Valmir da Silva Pinto. Hoje o município possui os equipamentos da Raps (Rede de Atenção Psicossocial) completamente estruturada que inclui Caps’s (Centros de Atenção Psicossocial): I, II, III, AD (álcool e drogas) e Infantil, além de seis residências terapêuticas com 10 vagas cada e duas UAS (Unidades de Acolhimento), uma adulta e outra infantil.

"Prudente é uma das poucas cidades de seu porte que possui essa rede completa e cada município deve implantar os equipamentos necessários para atender sua população", aponta. Para ele a desinstitucionalização psiquiátrica foi necessária, pois manteve ainda vagas de internação no SUS por meio do PAI (Polo de Atenção Intensiva em Saúde Mental) do HR (Hospital Regional) Doutor Domingos Leonardo Cerávolo, além de fornecer uma variedade de atendimentos individualizados e humanizados nos outros equipamentos, os quais tem "recebido uma resposta positiva". Atualmente são 600 atendimentos por mês no Caps AD, o maior da administração, além de uma média de 300 a 400 atendimentos nos Caps I e II. O III, recentemente inaugurado, ainda não possui dados consolidados do total de atendimentos.

 

 
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