A rotina do profissional que atua na Polícia Militar não é fácil: noites em claro, distância da família, perda das datas importantes, viagens para cursos de formação... A situação torna-se delicada quando envolve a vontade de estar perto de casa, muitas vezes, interrompida pelo comprometimento à segurança pública. A 1º-sargento PM Sandra Maria Costa, do 18º BPM/I (Batalhão de Polícia Militar do Interior), em Presidente Prudente, é exemplo de que é possível conciliar a vocação junto ao amor à família, especificamente, a maternidade.
Mãe do Rafael, advogado e acadêmico em Medicina, e da Bárbara, estudante de Arquitetura e Urbanismo, conta que nem sempre foi fácil seguir firme nas funções. Quando ingressou na corporação, há 23 anos, precisava deixar os filhos, ainda pequenos, com a secretária enquanto estava fora. E foi naquela época em que a filha, com apenas seis meses de vida, foi acometida por uma pneumonia, o que a fez repensar no futuro. “Confesso que por duas vezes tentei desistir e não me deixaram”, lembra.
Anos mais tarde, já separada, mudou-se para Prudente e teve que conciliar o papel de ser mãe e pai, realidade vivenciada por muitas mulheres, que descobrem nelas a força. Com a Sandra não foi diferente, e sempre fez o possível para estar perto dos filhos, mesmo diante dos contratempos da rotina policial. Tamanha a resistência, que precisou ter equilíbrio quando a mãe sofreu um AVC (acidente vascular cerebral), e ela teve que se afastar do serviço para ajudar nos cuidados.
“Quando as dificuldades e o apoio bateram em minha porta, pude perceber o tamanho de minha fé, determinação e que podia contar com amigos e família que são meu porto seguro”.
“EDUCAR É UM
ATO DE DOAÇÃO”
Antes de seguir o exemplo dos irmãos e atuar na polícia, Sandra foi professora e lecionou por 10 anos, o que ela considera “enriquecedor” – atuação que contribuiu para a formação dos filhos, que são o orgulho para a mãe. “Educar é um ato de doação e compensador, quando se vê o resultado a cada ensinamento, a cada construção, a cada possibilidade criada para o desenvolvimento da personalidade da pessoa”, afirma.
Da educação até os dias atuais se passaram mais de 30 anos de trabalho. Quando questionada sobre o que vai fazer quando chegar a hora de parar, a resposta é clara: “proporcionar uma melhor velhice à minha mãe e irmã que é especial, fazer algo prazeroso como viajar, dormir, fazer nada, alguns cursos, enfim, coisas que não podia fazer em razão das jornadas de trabalho e, quem sabe, morar no exterior”.