Setor de cerâmicas perde mais 4 empresas na região

“A respeito disso, teremos uma reunião no dia 19 deste mês, buscando auxílio para as cerâmicas que, eventualmente, apresentarem irregularidades, tentando encontrar uma forma de contorná-las", acrescenta.

REGIÃO - Mariane Gaspareto

Data 15/02/2015
Horário 09:08
 

Quatro cerâmicas fecharam suas portas na região de Presidente Prudente nos últimos meses, demitindo aproximadamente 80 trabalhadores, conforme o diretor da Incoesp (Cooperativa das Indústrias Cerâmicas do Oeste Paulista), Milton Salzedas. Tais empresas somam-se às 25 que já encerraram as atividades na região - 19 delas em Panorama. A razão é a crise enfrentada pelo setor há cerca de quatro anos decorrente da guerra fiscal, desaquecimento das vendas, deficiência na logística de transporte e, mais recentemente, o aumento na conta de energia dos ceramistas.

Jornal O Imparcial Ao todo, 29 cerâmicas em situação de crise foram fechadas na região de Prudente

Como noticiado no ano passado, o reajuste autorizado pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), em setembro, de 40% para clientes de alta tensão - como indústrias – atendidos pela Elektro Eletricidade e Serviços S/A, fez com que os empresários diminuíssem ainda mais suas produções e demitissem funcionários para conter despesas.  Outro fator que desestimulou a classe, segundo Salzedas, foram as 39 ações civis públicas ajuizadas pelo MPE (Ministério Público do Estado) para combater a emissão de poluentes pelas indústrias ceramistas existentes em Panorama e Pauliceia. "A respeito disso, teremos uma reunião no dia 19 deste mês, buscando auxílio para as cerâmicas que, eventualmente, apresentarem irregularidades, tentando encontrar uma forma de contorná-las", acrescenta.
Expectativa

Ainda assim, a expectativa segue negativa para as empresas, visto que este mês a Aneel aprovou preliminarmente o aumento de 83% para a bandeira tarifária vermelha, que passa de R$ 3 para R$ 5 a cada 100 kWh (kilowatt-hora) consumidos. As chamadas bandeiras tarifárias tornam possível o ajuste mensal do preço da energia elétrica conforme elevação de gastos do setor – esses acréscimos na conta de energia, no entanto, não influenciam no reajuste anual das concessionárias.

"Com o novo reajuste na energia todos os ceramistas já estão pensando em mudar de atividade. Ninguém quer se manter no setor, pois os empresários já reduziram a produção ao máximo, demitiram funcionários e ainda contam com estoques e prejuízos financeiros", afirma Salzedas.

Para melhorar o panorama, conforme ele, seria necessário que se "investisse em linha férrea na região para potencializar a logística de transporte e que os tributos não fossem mais altos que no Mato Grosso do Sul, o que gera a barreira fiscal. "Mas são pedidos que fazemos há anos e o governo não atende", afirma o diretor.

Almir Góis dos Santos, presidente da Acoper (Associação das Cerâmicas e Olarias de Presidente Epitácio), salienta que a crise do setor é reflexo da economia nacional que passa por um "panorama monstruoso, um clima de medo, sem investimentos e com muitas demissões". De acordo com ele, alguns ceramistas de Epitácio também querem mudar de setor, enquanto outros pretendem aguardar pelos resultados do primeiro semestre deste ano. "Mas todos estão inseguros", enfatiza.

 

Licitações


Como noticiado no final do ano passado, os ceramistas da região foram autorizados a participar dos processos de licitação para a construção de casas, devido à mudança dos termos "blocos de concreto" para "alvenaria em blocos", nos projetos técnicos das CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano) – documento apresentado às prefeituras para elaboração do edital –, para construção de moradias no Estado de São Paulo.

No entanto, conforme Salzedas, mesmo com essa mudança, as cerâmicas não venceram as licitações da companhia, que prefere comprar blocos de concreto. "O mesmo acontece com o Programa Minha Casa Minha Vida, de modo que os governos estadual e federal não estão investido no setor. E nós empregamos mais do que a indústria de concreto, que tem tudo otimizado por maquinário", afirma.

Procurada, a Assessoria de Imprensa da Caixa Econômica Federal informou que as construtoras que realizam os empreendimentos são as responsáveis por escolher de quem irão comprar o material de construção das casas. "Isso é opção de cada uma delas", explica. Já a Assessoria de Imprensa da CDHU, que também foi procurada para repercutir o assunto, não encaminhou posicionamento até o fechamento desta matéria.
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