Show de Adriana Cavalcanti relembra a época da ditadura

Repertório, com 13 músicas que marcaram o período, será apresentado domingo, no Parque do Povo, durante o Vem Pra Rua

VARIEDADES - Danielle Merlin

Data 14/04/2015
Horário 17:06
 

Com a ditadura militar - regime instaurado no país em 1964 e encerrado em 1985, com a eleição de Tancredo Neves -, as músicas se tornaram naquela época verdadeiros gritos de liberdade aos brasileiros oprimidos, que não tinham a menor possibilidade de expressar seus desejos. Tudo era censurado. Artistas se engajavam no movimento de resistência, com a criação de letras complexas, repletas de inteligentes metáforas, que traduziam tudo o que sentiam.

Neste domingo, parte delas poderá ser lembrada e cantada no Parque do Povo de Presidente Prudente, durante o Vem Pra Rua, marcado para ocorrer das 9h às 11h, em frente ao Colégio Esquema Único Educacional - Poliedro. O show, realizado pela cantora Adriana Cavalcanti, terá ainda a participação de Thiago Lima, na percussão, e Max Balikian, no violão.

O repertório, conforme adianta, será composto por músicas populares, que marcaram o período. Que falam do Brasil, que abordam a problemática da corrupção ou ainda ressaltam as belezas do país. "Eu gosto de fazer parte desta força. De acreditar que algo pode mudar, e de ter alguma esperança. Colocar minha voz como instrumento de protesto será importante. E me chamarem pra isso, dentre tantas pessoas, também é gratificante", declara Cavalcanti.

Jornal O Imparcial Cantora prudentina mostrará no palco canções que se tornaram verdadeiros hinos de resistência

A ideia, segundo ela, é levar para o palco 13 músicas. "Não sei se terei tempo de cantar todas, pois a apresentação será intercalada com os discursos, após a grande passeata. Mas o essencial é que todos cantem juntos", convida.

 

Canções

Considerada um hino do movimento, "Pra não dizer que não falei das flores" (1968), de Geraldo Vandré, está na lista das canções que devem ser mostradas por Cavalcanti, no domingo. O refrão "Vem vamos embora, que esperar não é saber. Quem sabe faz a hora, não espera acontecer" retratava os desejos da geração da época e era visto como um verdadeiro chamado às ruas contra os militares.

De Caetano Veloso, a cantora mostrará "Alegria Alegria", lançada em 1967. A letra, que num dos versos diz "Sem lenço sem documento, nada no bolso ou nas mãos", indica os abusos sofridos pelo cidadão, em qualquer parte do país, com críticas à desigualdade social, abuso de poder, violência praticada pelo regime e a falta da liberdade de expressão.

A juventude, que também era reprimida pela ditadura, será abordada na música "Como Nossos Pais", do cantor e compositor Belchior. Com versos diretos e sem rodeios, "É", de Gonzaguinha se tornou um grito de liberdade. Do mesmo compositor, farão parte do show as canções "Vamos à Luta" e "Desenredo".

Completam o repertório: "Brasil", do Cazuza; "Isso aqui é o que é" e "Aquarela do Brasil", de Ary Barroso; "Um Novo Tempo", de Ivan Lins e Vitor Martins; "Brasil Pandeiro", de Assis Valente; "É Preciso Saber Viver", de Roberto Carlos; e "O Bêbado e o Equilibrista", de João Bosco e Aldir Blanc.

 

Vem pra rua

A manifestação, assim como ocorreu no dia 15 de março, em todo o país, é a favor do impeachment da presidente da República, Dilma Rousseff (PT). "O objetivo não é só abrir os olhos do povo para a corrupção, pelos roubos internos e desvio de dinheiro, é também para mostrar ao governo que a gente não é bobo, que estamos cansados de pagar pelo erro deles", justifica o estoquista João Marcos Prioste Pereira, 21, um dos organizadores do evento.

E continua: "É para fazer com que eles sintam o poder dos brasileiros, ver que acordamos e que não aguentamos mais tanta mentira, tanta roubalheira, chega de ilusão, tapar os olhos e fingir que está tudo bem. Simplesmente queremos um basta".

De acordo com ele, entre 10 mil e 15 mil pessoas devem participar no domingo. "Eu estou bastante otimista. No dia 15 de março, muitos tiveram medo de participar, por ser um movimento político e sofrer algum tipo de violência. Mesmo assim, milhares de pessoas compareceram. Foi bem seguro, famílias inteiras participaram, inclusive crianças. Por ter causado esta imagem no dia 15, como diz a hashtag do evento, no dia 12 #SeráMaior", estima, frisando que este não será o último manifesto na cidade.

 

REPERTÓRIO

"Brasil" – Cazuza

"Pra não dizer que não falei das flores" – Geraldo Vandré

"Isso aqui é o que é" – Ary Barroso

"Como nossos pais" – Belchior

"Vamos à luta" – Gonzaguinha

"É" – Gonzaguinha

"Um novo tempo" – Ivan Lins e Vitor Martins

"Aquarela do Brasil" – Ary Barroso

"Alegria Alegria" – Caetano Veloso

"Desenredo" – Gonzaguinha

"Brasil Pandeiro" – Assis Valente

"É preciso saber viver" – Roberto Carlos

"O Bêbado e o Equilibrista" – João Bosco e Aldir Blanc

 

saiba mais

ADRIANA CAVALCANTI

Cantora, produtora musical e professora em Presidente Prudente, Adriana é formada em canto popular MPB/Jazz pelo Conservatório Dramático e Musical Dr. Carlos de Campos de Tatuí, onde estudou por cinco anos. Possui quatro DVDs gravados e acaba de gravar seu primeiro CD. O disco, intitulado "A Benção", tem produção de Marcelo Mariano e deve ser lançado em breve. Participou de diversos projetos ligados à música brasileira e venceu inúmeros concursos. Já cantou ao lado de grandes músicos brasileiros e com diferentes formações. Participou quatro vezes do programa "Raul Gil" (Rede Record e Bandeirantes), onde obteve unanimidade pelo júri. Também foi uma das selecionadas para a audição do "The Voice Brasil" da Rede Globo do ano passado. Ainda neste mês, no dia 29, com show no Rio de Janeiro, ela inicia a turnê como backing vocal de Sula Miranda.
Publicidade

Veja também