Neste fim de semana, o jornalista e digital influencer, Sinomar Calmona, foi vítima de um golpe praticado por um hacker supostamente turco no Instagram. O diretor de O Imparcial perdeu o acesso à sua conta @sinomar_reporter, com mais de 27 mil seguidores, após ser ludibriado com uma mensagem que aparentava ser do perfil oficial do Instagram.
Sinomar relata que o hacker entrou em contato com seu perfil pedindo para que o jornalista justificasse em 48h a postagem de um vídeo que “infringia as regras de direitos autorais da plataforma”. O diretor deste diário acabou por ceder suas informações de login e senha ao responder um formulário enviado pelo hacker. Tratava-se de um golpe bem articulado. A partir daí, o jornalista perdeu o acesso ao seu perfil na rede social. “A sensação é de impotência, porque os caras usam a genialidade para o mal. São verdadeiros gênios do mal. A mensagem que recebi aparentava ser perfeitamente do Instagram”, narra o jornalista. No dia posterior, o hacker entrou em contato com Sinomar por telefone e por mensagens no Whatsapp pedindo dinheiro para que a vítima recuperasse o acesso ao perfil. “Recebi mensagens em um inglês bem arcaico e algumas em turco. A origem do telefone dele é da Turquia, prefixo +90”, completa.
O diretor de O Imparcial tentou utilizar diversos recursos para denunciar a conta junto ao Instagram, mas foi informado por meio de mensagem automática que a plataforma entraria em contato em um dia, porém, o jornalista ainda não foi contatado. “Até agora nada. Entrei em contato com os advogados Hugo Crivilim e Américo Magro. Eles fizeram uma ação judicial que foi impetrada nesta terça-feira, com uma liminar que obriga o Instagram a devolver minha conta sob pena de multa diária. Agora estou na espera do deferimento judicial”, relata Sinomar Calmona.
LEVANTAMENTO
DOS GOLPES
A Serasa Experian publicou em seu site um levantamento o qual aponta que o primeiro semestre deste ano no Brasil teve uma movimentação possivelmente fraudulenta a cada oito segundos. Foram 1,9 milhão de ataques ao longo dos seis primeiros meses de 2021, uma alta de 15,6% com relação ao mesmo período do ano passado e o maior volume já registrado no semestre desde o início do índice, em 2011.
SEGURANÇA
NA INTERNET
Para compreender melhor o caso de Sinomar Calmona, que representa um pequeno fragmento do cenário de golpes efetuados pela internet no país, a reportagem conversou com o advogado Hugo Crivilim, que atualmente preside a Comissão de Direito Digital da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de Presidente Prudente. Hugo lista algumas orientações a serem tomadas dentro de quatro categorias que, segundo ele, estão 90% associadas aos golpes por meio da internet. Conforme indica o advogado, a primeira e principal fraude é a clonagem de Whatsapp. “Neste caso, a melhor maneira de se proteger é habilitar a verificação em duas etapas, ativada por meio das configurações da plataforma. O criminoso precisará colocar a senha, que é habilitada por meio desta dupla verificação, então, isso dificulta demais a clonagem de Whatsapp”, explica. Além disso, Hugo pontua que é sempre de bom tom desconfiar de mensagens vindas de números novos. “Quando vier este tipo de informação de um novo número ou de uma nova conta, a pessoa deve tentar validar a informação através de uma ligação ou até mesmo de um áudio, em que ela vai conseguir verificar se, de fato, é um familiar, pessoa conhecida ou não”, completa.
Outra categoria apontada pelo advogado especialista em segurança digital são os golpes associados ao pagamento eletrônico instantâneo, o famoso PIX. “É preciso ter muito cuidado com promessas de PIX em dobro. Esta forma de transação, que é praticamente instantânea, tem uma reversibilidade muito baixa. Então, quando feita, não haverá tempo da pessoa entrar em contato com a instituição financeira para reaver o valor”, argumenta. Segundo Hugo, um cuidado adicional nestes casos é confirmar os dados, que estão no boleto ou QR Code de pagamento, com as informações que serão vistas na tela do aplicativo da instituição financeira onde será realizado o PIX.
O terceiro ponto que o advogado atenta está relacionado a questões de compras e vendas em redes sociais ou sistemas de plataformas online. “Muito cuidado para aferir se aquele objeto ou bem que está sendo adquirido é realmente da pessoa que está vendendo. É recomendável tentar o contato presencial ou que a finalização da transação ocorra de forma pessoal através de alguém de sua confiança”, instrui Hugo, e indica que nestes casos os golpistas copiam anúncios reais e negociam como se fossem os reais proprietários.
A exemplo do que aconteceu com o jornalista Sinomar Calmona, o advogado aponta que a quarta categoria está vinculada a mensagens e e-mails que colocam a vítima em situação de angústia ou receio. “Desconfiar de mensagens do tipo ‘você está violando termos da empresa x, clique aqui para solucionar’, que geralmente faz com que a pessoa fique angustiada ou aflita e caia neste tipo de artimanha”.
ORIENTAÇÃO EM
CASO DE FRAUDE
Por fim, Hugo Crivilim orienta que, em caso de fraude, a vítima deve protocolar boletim de ocorrência na Polícia Civil, buscar órgãos de defesa do consumidor como o Procon (Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor) ou efetuar uma reclamação junto ao Banco Central. “Aí também se insere o trabalho do advogado, que pode auxiliar e entrar com ações para identificação dos perfis falsos ou dos endereços IP’s [Protocolo da Internet] utilizados nas transações e, eventualmente, algum pedido de ressarcimento se for possível”, completa o advogado especialista em Direito Digital.
