Sofrimento tem cura?  Em busca de serenidade na vida

OPINIÃO - Aldir Guedes Soriano

Data 05/05/2024
Horário 04:30

Recentemente, por influência da filósofa Lúcia Helena Galvão Maya, cujos trabalhos estão disponíveis no YouTube, iniciei a leitura do livro “Sobre a vida feliz & tranquilidade da alma” de Sêneca. Essa experiência me levou a refletir acerca do possível efeito terapêutico da atividade filosófica para a alma, para a mente ou, se preferirem, para a psique humana. 
Ocorrem ao longo do livro diálogos entre os amigos Sereno e Sêneca. No primeiro capítulo, Sereno revela uma oscilação entre inquietação e tranquilidade. Sofria ele de um mal semelhante ao enjoo do mar, algo o perturbava e comprometia sua paz interior – um tedioso mal-estar em relação à vida.
“Tire de mim, então, este mal, seja ele qual for, e ajude aquele que está em perigo e já avista a terra.” Desta forma, o capítulo se encerra com a súplica de Sereno por alívio de seu sofrimento. 
O capítulo mencionado suscita relevantes questões: É possível alcançar uma vida feliz e a tranquilidade da alma? Nesse sentido, quais são as orientações de Sêneca? Será que Sereno representa um amigo próximo de Sêneca ou apenas simboliza um diálogo interno do autor? 
Sêneca viveu no 1º século d.C., contudo, impressiona a relevância e a atualidade de seus escritos. A humanidade sempre esteve em busca de alívio para a dor e o sofrimento psíquico. Esse assunto é recorrente e pode ser observado na literatura mundial. Em “o Mágico de Oz,” os personagens buscam soluções para o manejo do cérebro, das emoções e dos sentimentos. Na distopia “Admirável mundo novo”, de Aldous Huxley, encontra-se a panaceia para todo pesar humano.
Inovações tecnológicas modificam o mundo ao nosso redor. Temos a sensação de que tudo está em transformação. Contraditoriamente, aquilo que é próprio do humano parece não mudar. Modifica-se o cenário, mas os dramas humanos parecem ser os mesmos. É por isso que Homero, Shakespeare e Sêneca permanecem atuais e relevantes mesmo na era da IA (Inteligência Artificial).
Assim, enquanto o mundo rapidamente se transforma, as questões fundamentais da condição humana, observadas desde a antiguidade greco-romana, permanecem imutáveis e urgentes.

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