Faz quase dois meses que o seu Odair perambula pelas ruas de Prudente. Fica zanzando pra lá e pra cá sem destino certo. Encurtando este papo: ele está na condição de morador em situação de rua, eufemismo que a "Grande Emprença" criou para designar quem é mendigo.
Tudo por causa da sogra dele, segundo Odair. Ou, agora, ex-sogra, se é que existe isto. "Eu passei a me desentender com a minha mulher, mas a mãe dela interferia e passou a me perseguir", explicou Odair, de 49 anos, ex-ajudante geral. Ele disse também que a sogra entrou com ação na Justiça. "Medida protetiva. Não posso me aproximar da sogra, da minha mulher e dos meus filhos", acrescentou.
Ele foi obrigado a sair de casa. "Estou morando na rua já faz 45 dias", contou. E a questão da higiene pessoal para quem mora na rua? É um desastre completo. Banho? Ah, é difícil. "Faz 20 dias que não tomo banho. Imaginem com este calorão", observou, enquanto esperava para ser atendido num posto de saúde localizado na Cohab.
Sentado na calçada sob uma árvore, para amenizar o calor, Odair contou que faria consulta com um psiquiatra. Humilde, ele não negou que está com, digamos, as "ideias atrapalhadas". Mas quem não está nestes tempos medonhos?
O morador de rua, ou seja, o morador em situação de rua, caminhou muito para chegar ao posto. "Vim a pé do Parque do Povo", explicou, acrescentando que estava com fome. Um homem se aproximou e lhe deu uma maçã. "Comprei duas maçãs, uma para mim e outra para minha mulher. Pode ficar com a minha", contou a piedosa alma.
Odair agradeceu de um jeito simpático e disse que aguarda dias melhores. "O psiquiatra vai me orientar. Acho que vou melhorar", disse o cidadão, talvez o mais recente a engrossar a lista de moradores de rua na cidade.
DROPS
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(Stanislaw Ponte Preta)
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