Sou doutor, logo professor?

OPINIÃO - Anthony Castilho

Data 07/04/2022
Horário 05:00

Não! Com absoluta certeza foi-se o tempo em que a sistemática voltada à pós-graduação, principalmente no stricto sensu (mestrados e doutorados) tinha como objetivo a formação exclusiva de acadêmicos e pesquisadores destinados às universidades. Isso porque, a integração universidade e parceria privada tem ganhado destaque expressivo em um novo cenário de incertezas e falta de investimento na Educação, Ciência e Tecnologia. Somado a isso, é crescente uma nova corrente de que o investimento em uma formação que integre a experiência acadêmica e o mercado de trabalho fora da universidade venha a ser um grande diferencial em momentos de crise. 
De acordo com um levantamento divulgado em 2018, na Folha de São Paulo, a média salarial de um graduado, em alguns setores, gira em torno de R$ 6 mil, ao passo que os valores mensais para quem tem uma pós-graduação ultrapassam os R$ 10 mil. De modo geral, o salário de alguém com doutorado é até cinco vezes maior que a média nacional, sem contar que, aproximadamente, 75% dos profissionais com esse título estão empregados nos mais diferentes setores profissionais. 
Assim é cada vez mais difícil conseguir uma boa posição no mercado de trabalho apenas com o famigerado diploma de graduação. Tal necessidade se deve, em boa parte, aos avanços tecnológicos, que interferem bastante no mercado de trabalho e aceleram essas modificações. Consequentemente, uma pessoa precisa estar por dentro de todas as skills (habilidades) ao trabalho que pretende exercer. Por se tratar de modalidade que perdura ao longo da vida, os cursos de especialização stricto e lato sensu não se restringem à preparação direta para o trabalho ou para ascensão na carreira acadêmica apenas, mas também apostam nas chamadas soft skills. Desta forma, criatividade, empatia, integração, trabalho em equipe e habilidades emocionais são o novo cenário dos colaboradores “queridinhos” das empresas e instituições. 
Fato é que o mercado caminha a passos largos parauma maior maturidade digital, automação, inteligência artificial e Big Data dentro de um novo cenário de Revolução Digital 4.0, onde as máquinas são as estrelas da vez, porém, não possuem o refinamento das emoções, o pensamento crítico, a humanização das relações e as habilidades estratégicas de um cenário empreendedor de negócios. Podemos caminhar para um melhor aperfeiçoamento das máquinas? Sim, por que não? Mas acima de tudo ainda teremos “humanitude” em nossas profissões e habilidades socioemocionais; frutos de uma base psicoemocional que nos faz diferenciados: Humanizar tudo e todas as relações. Esse sempre também será o papel da pós-graduação, formar recurso humano, seja voltado à universidade e suas aptidões acadêmico-pedagógicas, seja em uma empresa ou indústria que agregue valor e respeito emocional aos seus gestores e colaboradores. 
 

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