Spártaco é a primeira atração da Expo Prudente esta noite

Cantor, que já se considera um prudentino, fala da carreira profissional e da influência da mídia na música sertaneja

VARIEDADES - Oslaine Silva

Data 06/09/2013
Horário 10:26
 

Spártaco Luiz Neves Vezzani. Embora muitos não saibam, este é mesmo o nome de batismo do cantor e compositor Spártaco, natural de Goiatuba (GO), que vem conquistando o público de diversas partes do Brasil. Desde criança, as raízes da música sertaneja sempre foram presentes em sua vida, com mais frequência aos 11 anos, quando ele começou a tocar violão. Tempos depois, foi formada a primeira dupla Spártaco & Thiago, que era presença constante por um tempo em bares de Goiânia (GO). Seu nome despontou no cenário sertanejo, após a formação da dupla Hugo & Gabriel, que durou quase dois anos. Em novembro de 2012, com o fim do projeto, tem início a carreira solo, que rendeu-lhe o primeiro DVD "Deslumbrante ao Vivo", gravado em Maringá (PR). Há um ano, o artista, atualmente com 22, tem levado sua música por todo interior de São Paulo, além de turnês por outros Estados.

Jornal O Imparcial Spártaco diz que até final do ano, grava um novo disco e, para 2014, prepara seu 2º DVD

Depois de se apresentar em agosto na maior festa de rodeios do País, em Barretos, ele - que já esteve outras vezes em Presidente Prudente - será o primeiro artista a subir no palco da 50ª Expo, no Recinto de Exposição Jacob Tosello, nesta noite. A entrada é um quilo de alimento não perecível. E toda a arrecadação será destinada ao Fundo Social de Solidariedade. Na quarta-feira, já na cidade, ele conversou com O Imparcial. Relembrou o início da carreira, falou das expectativas para a apresentação de hoje e também sobre seus próximos projetos. Confira na íntegra, a entrevista.

 

O IMPARCIAL – Por que Spártaco?

SPÁRTACO – É de batismo mesmo . Na verdade isso é uma hierarquia de família, descendente de grego, meu avô tinha esse nome. Meu pai nasceu no Rio Grande do Sul, Estado este onde é comum o grande número de italianos, gregos, enfim... Então meu avô fez o favor de colocar esse nome no meu pai que, por sua vez, descontou em mim . Mas, brincadeiras à parte, o meu nome me traz muita sorte, e é um privilégio ter um nome diferente. E é de fato diferente .

 

OI - Você fará o show de abertura da Expo PP, neste ano, um evento bem tradicional na cidade. Como se sente diante desta responsabilidade?

SPÁRTACO – Fico muito feliz, meu empresário e produtor, Du Munhoz, é daqui, pra mim é uma satisfação voltar a terra dele e de alguns músicos meus. Já me sinto um prudentino, pois fazemos um trabalho aqui há algum tempo, mas não com tanta intensidade como temos feito agora por todo o Estado. Nosso escritório também está aqui na cidade. E poder abrir a Exposição, que é um evento por onde todos os anos passam nomes gigantescos, é maravilhoso. Só pelo prazer de fazer parte de um evento desse tamanho, pelo fato de poder mostrar meu trabalho, eu já me sinto feliz demais.

 

OI - Quais são suas expectativas para mais este show aqui em Prudente?

SPÁRTACO - Já sou de casa , já toquei aqui várias vezes, desde a época da dupla e em carreira solo já fiz uns dois shows na cidade. Você vai sempre crescendo, agora a gente vem pra Exposição, cantar pra massa mesmo, com expectativa de umas 10 mil pessoas, e eu repito que estou muito feliz mesmo, de coração.

 

OI – Você mencionou a parceria com o Gabriel. E seu nome despontou no cenário sertanejo, depois que entrou no lugar do Hugo Pena, que fazia dupla com ele. Como surgiu o convite para substituí-lo?

SPÁRTACO – É assim, todo mundo fala: ‘Pô o Spártaco entrou no lugar do Hugo Pena e tal’... Na verdade eu já estava no escritório deles onde fazia a dupla Spártaco & Thiago, e foi tudo muito rápido pra mim, comecei a escrever, compor com o Gabriel, inclusive ‘A Deslumbrante’ é minha e dele e, assim eu nunca considerei que substitui alguém. Eu entrei fazendo o meu som, colocando a minha linguagem, minha personalidade tanto pessoal, quanto profissional, minhas identidades musicais que eu sempre tive vontade de fazer. ‘A Deslumbrante’, ‘Pra ser Perfeito’, por exemplo, eu já tinha gravado. Do CD, de dez canções, nove eram minhas.



OI - O que você traz de bom desta parceria?

SPÁRTACO – O melhor de tudo isso foi que, a partir daí, a minha carreira alavancou. Ficamos juntos por dois anos, só que infelizmente, às vezes, cada um tem que seguir seu caminho e talvez a bagagem que eu carregava era muito grande e eu não estava preparado para tal. E, acho assim, a questão da substituição afeta muito a gente, porque você nunca vai conseguir mostrar o seu trabalho de verdade, as pessoas iriam ficar sempre comparando e eu nunca quis isso pra minha vida. E esse foi um dos fatores que me fez partir para onde estou hoje. Porque eu pensava: ‘Se eu ficar aqui, vou ficar escrevendo livro para os outros a vida inteira e nunca vou escrever o meu...’. E graças a Deus estamos ai evoluindo a cada dia mais.

 

OI - Existe a possibilidade de dividir o palco com alguém novamente? Ou é como no futebol, em time que está ganhando não se mexe?

SPÁRTACO – Pra falar a verdade, não tenho vontade de dividir o palco com ninguém mais. Dupla é igual casamento, por exemplo, às vezes um está de bom humor, o outro não, você quer tirar uma foto e outro nem pensar... Na verdade existe uma pessoa, o Vitor Hugo, que faz dupla com o Americano, e fazem parte do nosso escritório, que acho que seria o único cara que eu cantaria junto. Mas, graças a Deus, ele está muito bem com o projeto dele, que inclusive eu criei, e eu também estou muito feliz, diria que magnificado .

 

OI – Pra aguçar o público... Em seu show hoje na Expo, além de suas músicas, você leva outros ritmos, sucessos de outros artistas para o palco?

SPÁRTACO – A gente faz de tudo um pouco, desde Cacique & Pajé, Matogrosso & Mathias, que são coisas que eu gosto, até ‘Show das Poderosas’ . Não tem jeito, hoje em dia um show tem que ser assim. Nós artistas somos um produto que precisa ser vendido. E o público está ali para comprar determinada coisa, então você é um produto e está sujeito a ser comercializado, tem que agradar a gregos e troianos literalmente. Hoje a música não é só você fazer o que gosta. Nenhum trabalho é feito só do que se gosta. E eu graças a Deus, posso além do que gosto, cantar o que as outras pessoas gostam. E o dom que Deus dá é pra isso, pra se dividir com as outras pessoas.

 

OI - Neste ano você participou da Festa do Peão de Boiadeiro de Barretos, um dos maiores eventos da área no mundo. Já havia cantado lá alguma vez?

SPÁRTACO – Já havia tocado lá com o Gabriel, tive a oportunidade de no ano passado tocar com Edson & Hudson, no Palco Esplanada, não tinha arena. E este ano voltar na arena com a Thaeme, que é uma querida, o Thiago que é meu parceiro de composição, enfim a galera do Fernando & Sorocaba, que a gente já conhecesse há muito tempo, pra mim foi um prazer muito grande.

 

OI - Como foi mais essa experiência na sua carreira?

SPÁRTACO – Para o artista chegar numa festa dessa, que é tão grande e bonita, o celeiro mundial do rodeio e todo mundo cantar a sua música, isso pra mim, mais do que no ano passado, nessa nova fase da minha vida , foi gratificante demais. Neste ano foi diferente, não sei se pelo fato de estar sozinho e a responsabilidade parece redobrar, mas foi uma sensação absurdamente diferente. Confesso que eu não sentia isso há muito tempo.
OI - Seu primeiro DVD ("Deslumbrante ao Vivo") foi gravado em Maringá. Mas você é de Goiás. Por que a escolha de uma cidade paranaense para a gravação? Tem algum motivo especial?

SPÁRTACO – Veja bem, Goiânia foi onde tudo começou, a minha carreira, minha vida... Agora Maringá foi o pontapé inicial com o Gabriel e despontando nacionalmente. Como lá tenho muitos amigos, e é uma cidade de mulheres muito bonitas , achei que seria um belo cenário para gravar o DVD. Até pela questão de logística também, que é bem mais fácil do que em Goiânia.
OI - São várias as participações especiais em seu DVD, como Cristiano Araújo, Israel & Rodolfo, Victor Hugo & Americano e Bruninho & Davi. Como se deu o processo de escolha dessas duplas?

SPÁRTACO – Assim que a dupla foi desfeita, eu queria muito gravar um CD e comentei com o meu produtor a respeito. Ele então deu a ideia de fazer um DVD, não sabia o que seria da minha vida dali pra frente, estava naquela fase de turbulência. E achei que a produção de um DVD seria muito cara. Então comecei a ligar para os meus tantos amigos, que são muitos mesmo, graças a Deus. Tanto que se todos tivessem aceitado fazer comigo, iria acabar sendo ‘Spártaco & Amigos’ . Até que conversando com o Cristiano , ele disse que era louco pela ‘A Deslumbrante’, então o convidei e ele aceitou na hora. O Bruninho, a música é a cara dele; o Victor Hugo & Americano é uma dupla que tenho colocado a mão há algum tempo e Israel & Rodolfo, que dispensa comentários.

 

OI - Como compositor, em que se inspira no momento de criação das letras? Escreve para alguém?

SPÁRTACO – Primeiramente posso afirmar que é dom de Deus, segundo que eu não sou compositor comercial, eu não vendo músicas para os outros gravarem, apesar de uma galera já ter gravado canções minhas, como Michel Teló, Gustavo Lima, Thaeme & Thiago. Mas não sou aquele cara que vende composição, eu componho pra mim, porque eu gosto. A inspiração vem às vezes num churrasquinho com os amigos, ou a gente começa pensar na mulher, que faz a gente sofrer, deixa a gente doido .
OI - Na sua opinião, quem ajuda mais o artista hoje? As rádios, a TV, a internet (incluindo as redes sociais) ou a pirataria?

SPÁRTACO – Eu vou falar uma coisa agora que eu nunca comentei. Pirataria de modo geral é tudo aquilo que é baixado, download, enfim, é algo que se tornou comum. Por conta disso, das facilidades em se obter de graça uma música, o CD pirata que já existia há algum tempo já não tem mais a força que tinha, perdeu meio que o sentido. No meu ponto de vista, as rádios, TV e internet são as maiores responsáveis pela música sertaneja ter chegado até aqui. Pela internet, é tudo muito rápido, todo mundo hoje pode ter seu canal, pode expor seu trabalho pelo Youtube, por exemplo. Porém, a rádio ainda é o maior veículo de comunicação e divulgação. Muita gente acha que não, mas veja bem: a TV é algo futuro, pra chegar até ela primeiro com certeza foi ouvido em alguma rádio.

 

OI - Algumas imagens deste show em Prudente serão usadas no seu novo DVD?

SPÁRTACO – Na verdade não sei o que a gente vai fazer ainda, será uma coisa mais para soltar na internet para a galera ver, porque o DVD não é mais aquela ‘coisa ao vivo’, é algo programado, estudado, diferente do show que a galera está ali frente a frente com a emoção, o calor do momento. Então quem nunca assistiu a um show terá a oportunidade de sentir um pouco dessa verdadeira emoção.

 

OI - Já pensou em algum título para um novo DVD?

SPÁRTACO – Sinceridade? Não. O Brasil é um País muito grande e nós acabamos de vir de uma turnê pelo Mato Grosso , pelo Pará, nem eu mesmo esperava que fosse acontecer tudo tão rápido assim. Superou minhas expectativas, então queremos trabalhar mais o DVD ‘Deslumbrante ao Vivo’. Mas, posso adiantar que vamos soltar uma música inédita agora, composição minha, mais animada, mais pra cima, mas com um cunho romântico.

 

OI - Com tantos cantores e duplas sertanejas surgindo, você acredita que tem espaço pra todo mundo?

SPÁRTACO – Sobram espaços. Costumo dizer que todo mundo tem que acreditar em seus sonhos, mas não fazer desse sonho uma bobagem. Eu por exemplo, toco violão desde os 11 anos, comecei a tocar em barzinhos, o Vitor Hugo e Americano são colegas dessa época, tocávamos na noite para ganhar R$ 30. Então foram muitos anos para chegarmos até onde estamos agora. Eu já fiz de tudo um pouco. O problema é que hoje tem muita coisa forçada. O artista tem que ter uma base pessoal, musical, e acredito que Deus não deixa ninguém subir se não estiver preparado. E do mesmo jeito que tem muitos despontando, existem outros sendo esquecidos. Hoje, uma grande vantagem são as casas noturnas que abriram muito espaço para os artistas. Em qualquer lugar você toca um violão, na minha época não tinha isso.

 

OI – Que conselho daria para estes que não se preparam?

SPÁRTACO - Meu projeto, desde a parceria com o Gabriel, nunca se embasou na fissura por dinheiro e é isso que muitos artistas devem fazer: pensar menos no dinheiro e mais na arte. Tem artista que esquece que por traz da música você tem que pensar na qualidade musical, se tem criança te ouvindo. Eu penso em tudo isso e acredito que por esse motivo Deus tem me abençoado tanto. Já pensei em desistir várias vezes. Eu tenho uma empresa, um provedor de internet em Goiás, sou formado em Ciências da Computação, e as dificuldades são muitas. E pra você engrenar num caminho não é fácil. Eu digo sempre: fazer sucesso é fácil, difícil é emplacar e manter esse sucesso.

 

OI – Quais são seus próximos projetos?

SPÁRTACO – Estamos escolhendo entre três músicas uma que iremos trabalhar, também seguiremos com o projeto do Victor Hugo & Americano, já em execução há um ano. Eu sou aquele cara que vive música 24 horas por dia e a música é muito incerta. Continuamos com nossos trabalhos com as rádios, televisão, ou seja, a mídia em geral e seguir cantando. Pretendemos até o final deste ano gravar um CD e quero no ano que vem fazer mais um DVD. E ir em frente sempre buscando tocar o coração das pessoas com a música.
OI - Muitos são os nomes de sucesso na música sertaneja no País. Você teve ou tem algum ídolo que te inspirou de alguma forma?

SPÁRTACO – Sempre tive. Eu cresci no berço da música sertaneja que é Goiás e desde pequeno eu ia pra fazenda com meu avô e ali Léo Canhoto & Robertinho, Milionário & José Rico, Chitãozinho & Xororó, Felipe & Falcão. Eu sou muito, muito fã mesmo de Zezé di Camargo & Luciano, Bruno & Marrone e Matogrosso & Mathias. Eu digo assim, que nunca quis ser eles, sempre desejei fazer o meu, colocar a minha música para que as pessoas acreditassem naquilo que eu queria transmitir, do meu jeito. Mas é lógico que quando eu ouvia o Zezé, por exemplo, era o meu sonho estar ali e de certo modo ser como ele. Esses nomes são influências que colocam a verdade em suas músicas e eu não faço nada que não tenha verdade.

 

OI – Falando em verdade, você fala em Deus o tempo todo, qual o significado Dele para você?

SPÁRTACO – Não sou aquele que vai à missa todos os domingos, mas acredito que a maior base do ser humano é Deus, não tem jeito de não ser assim. Quando eu saí de casa para trabalhar, tranquei a faculdade para ir para Goiânia cantar, o único suporte que eu tinha era Ele e por isso soube lidar com todas as dificuldades. Uma coisa é certa, para superar qualquer obstáculo, a única coisa real que te sustenta é Deus e a família e, graças a Ele, sou agraciado com ambas as coisas.

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