Tecnologia NFC aumentou ou não durante a pandemia?

Segundo a Abecs, antes da Covid-19, apenas 0,7% dos pagamentos com cartão eram por aproximação; em dezembro, número de transações já era de 114 mi 

PRUDENTE - OSLAINE SILVA

Data 19/06/2021
Horário 08:00
Foto: Weverson Nascimento
Carlos Renan diz que na farmácia, 95% dos que utilizam esse tipo de pagamento são jovens
Carlos Renan diz que na farmácia, 95% dos que utilizam esse tipo de pagamento são jovens

Os pagamentos sem contato quadruplicaram na pandemia e a tendência é de crescimento neste 2021, diante de um maior número de cartões com a tecnologia NFC (por aproximação) no mercado. Segundo dados da Abecs (Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços), em janeiro, antes da pandemia do novo coronavírus, apenas 0,7% dos pagamentos com cartão, ou 22,6 milhões, eram por aproximação. O total de transações no mês de dezembro já era de 114 milhões.  Ao todo, em 2020 foram feitas 587 milhões de compras por aproximação, uma alta de 374% sobre 2019. O maior uso desse recurso pode ser justificado pelas medidas adotadas para a prevenção do contágio da Covid-19, como, por exemplo, evitar o toque de mãos e de superfícies. Mas, será que a moda pegou mesmo?
Carlos Renan Peres Tavares de Almeida, 33 anos, farmacêutico e proprietário da Farmácia Lar dos Meninos, diz que percebeu que o público jovem aderiu bem à nova vantagem tecnológica. Mas, o público acima de 50 anos ainda prefere o método tradicional de “passar o cartão”.
Ele acredita que talvez pela falta de confiança, por medo mesmo. “Pelo menos aqui, 95 % que utiliza esse tipo de pagamento é jovem, chegando no máximo aos 40 anos. Faço em torno de 30 a 40 vendas que são em cartão. Então, acredito que embora não seja crucial, ajuda sim na questão de prevenção”, expõe Renan.
Já Adrialens Farinelli Brunholi, 35 anos, proprietário do Posto Salvador, em Presidente Prudente, diz que teve sim um aumento, mas nada além do normal. Segundo ele, algo que notou é que na maioria das vezes as pessoas só utilizam a opção quando ele pergunta. “Muitas vezes já estou com o cartão na mão. E ao perguntar a pessoa pede o cartão de volta e faz a aproximação [risos]. Mantem-se mais mesmo o hábito de pegar o cartão, dar na mão do frentista, em meu caso com a pandemia, para facilitar e como medida de proteção, acabei levando as maquininhas para as bombas, o que fez cair e muito as vendas na conveniência... Pode ser a falta de hábito ainda, não sei”, comenta o empresário.
O funcionário público estadual prudentino que mora em Avaré (SP), Cristiano César Batista, conta que aderiu a facilidade já há bastante tempo. Primeiro pela segurança em não precisar colocar as mãos na maquininha, nem a outra pessoa, e segundo por não precisar entregar o cartão a ninguém.  “Mas é bom ficar atento ao limite que libera para pagamento. No meu caso, autorizei apenas R$ 300. Mais que isso vai pedir a minha senha. Do mais é bastante prático e tranquilo”.
No acumulado de 12 meses até março, por exemplo, o Banco do Brasil registrou avanço de quase 800% nesses pagamentos feitos com débito e de 210% no crédito. O valor transacionado também subiu 870% e 216%, respectivamente.

É preciso cautela

De acordo com o especialista em Direito do Consumidor, Marcelo Flávio Cezário, o cuidado mais básico a ser tomado em operações por aproximação do cartão de crédito é exigir o comprovante impresso da operação realizada, para futura conferência. 
Acompanhar o extrato da fatura do cartão também é essencial. Também não se deve aceitar “passar/aproximar” o cartão uma segunda vez (é aquele famoso: -ahh, não passou, vamos tentar novamente? nisso ocorrem duas operações ao invés de uma – golpe mais comum), sem antes conferir se a primeira transação de fato não ocorreu e/ou foi cancelada. 
“Também recomendo guardar o cartão com a tecnologia por aproximação em local mais seguro possível, já que existem no mercado várias carteiras com proteção de sinal RFID e NFC. Havendo qualquer dúvida ou suspeita de golpe o consumidor deve imediatamente entrar em contato com a operadora do seu cartão, informar o ocorrido e pedir o bloqueio do mesmo”, orienta o especialista.

Foto: Weverson Nascimento

Além da vantagem de aproximação, Posto Salvador levou as maquininhas para as bombas

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