Combater as mudanças climáticas, sob a égide do Acordo de Paris, onde os signatários se comprometeram a intensificar ações e investimentos para o desenvolvimento de uma economia de baixo carbono, é o objetivo principal da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC). Para tanto, serão necessários investimentos massivos, tanto de fontes públicas como privadas.
Dentre os instrumentos financeiros disponíveis para este fim estão os chamados “Títulos Verdes”, com rápido crescimento no mercado internacional e enorme potencial a ser explorado no Brasil, mas que ainda dependem de estímulos governamentais e do desenvolvimento de agentes do mercado e alocadores de capital.
Os denominados títulos verdes são títulos de renda fixa, utilizados para captar recursos com o objetivo de implantar, expandir ou refinanciar projetos ou ativos que tenham impacto positivo do ponto de vista ambiental ou climático, os chamados “projetos verdes”. Nestes instrumentos, o emissor se compromete a algum nível de transparência e documentação sobre o uso dos recursos nos projetos verdes, que recebem credenciais de avaliadores independentes externos, confirmando os impactos ambientais positivos.
O maior potencial para emissões de títulos verdes no Brasil está no agronegócio, no setor florestal e no setor de energia
Esses títulos têm o importante papel de viabilizar iniciativas e tecnologias de soluções ambientais. De acordo com um estudo da CBI (Climate Bonds Iniciative), havia em 2019 mais de US$ 257 bilhões em títulos verdes rotulados globalmente, com 496 emissores e 1.788 títulos verdes. No Brasil, a CBI estima que havia no mercado US$ 5,6 bilhões em títulos verdes de renda fixa em moeda forte no mercado internacional com características ambientais positivas em 2019, com seis dos 11 títulos verdes emitidos por entidades brasileiras, incluindo o BNDES (US$ 1 bilhão), a Fibria/Suzano (US$ 700 milhões) e a BRF (€ 500 milhões), além de 25 emissões domésticas somando R$ 6 bilhões, segundo a Sitawi.
Especula-se que o maior potencial para emissões de títulos verdes no Brasil está no agronegócio, no setor florestal e no setor de energia, além dos segmentos de transporte, construção civil e saneamento.