Transposição do Rio Paraná (Panema)

Ao tomarmos conhecimento de que o Rio São Francisco seria “transposto” para irrigar regiões da caatinga, muito se discutiu a viabilidade energética e hídrica do projeto, até sermos testemunhas de sua efetivação e curto sucesso, mas que, de fato, foi concretizada.
Trabalhando no agronegócio e conhecendo a região do Pontal do Paranapanema, a qual passou por dificuldades em 2021, um ano particularmente seco e, sabendo do lago formado pela construção da hidrelétrica Sérgio Mota, no Rio Paraná, nos ocorreu a ideia: por que não uma transposição deste grande rio para irrigar uma região de solos férteis e com deficiência de chuvas?
A transposição do Rio Paraná é factível por várias razões: o volume d’água é abundante, sem a limitação de oferta hídrica do Rio São Francisco e é desnecessário transpor cotas elevadas, na ordem de 400 metros, como lá ocorre. A região a ser alcançada demandará elevação de algumas dezenas de metros, cuja energia necessária poderia ser gerada através de painéis fotovoltaicos dispostos na própria lâmina d’água. Daí, a ideia se cristalizou e evidenciaram os benefícios socioeconômicos de uma obra desse porte.
Na área abrangida pelo projeto, há assentamentos rurais, muitas pastagens degradadas e áreas férteis ociosas, cuja capacidade produtiva seria consideravelmente potencializada com a disponibilização dessas águas, desde que os investimentos iniciais pudessem ser otimizados e disponibilizados pela iniciativa e, obrigatoriamente, do gerenciamento público estadual.
Com a regularização das terras do Pontal, essa região desponta como uma nova fronteira agrícola, com disponibilidade de terras baratas, produtivas e em abundância. A agricultura intensiva de grãos, sequeiro e irrigada, a cultura da cana-de-açúcar e a pecuária, já são uma realidade na região, mas podem ter seu potencial de uso acelerado e melhor implementado com a disponibilização de água que um projeto dessa envergadura proporcionaria.
Num momento em que assistimos as lideranças europeias, e até globais, investirem em fechamento de fazendas e ameaçarem não adquirir alimentos provenientes de terras desmatadas, alegando combaterem as fatídicas mudanças climáticas, nada melhor que investir recursos públicos numa área já consolidada em termos de desmatamento, com localização e logística privilegiadas e grande número de pequenas propriedades (assentamentos), visando suprir o déficit alimentar mundial que se avizinha.

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