Trini Lopez

Sandro Villar

O Espadachim, um cronista a favor do sal e do salgueiro

CRÔNICA - Sandro Villar

Data 27/08/2020
Horário 05:32

Confesso que não sabia da morte do cantor Trini Lopez, cujos discos toquei bastante nos meus programas de rádio. Por acaso li a notícia em um jornal, se não me engano um jornal gaúcho. Que eu saiba, os telejornais não deram a notícia, o que não é nenhuma surpresa para o ilustre cidadão que vocês estão lendo no momento.
Lembro-me do dia em que morreu o ótimo compositor gaúcho Lupicínio Rodrigues, autor do antológico samba "Se Acaso Você Chegasse", magistralmente gravado por Elza Soares e Ciro Monteiro, e das canções "dor de cotovelo" como "Vingança", "Cadeira Vazia" e, claro, "Nervos de Aço", sem contar a belíssima "Felicidade", que, se não me engano, é uma valsinha.
Pois é, morreu o Lupicínio e uma jornalista que chefiava o “Jornal Nacional” não sabia de quem se tratava. Consta que ela não queria dar a notícia. Aí alguém interveio e explicou que o compositor era importante no cenário musical do país. Ainda bem que a madame se convenceu.
Sobre o Trini Lopez, ele foi embora deste mundo de ilusões (e de provações?) no último dia 11. Tinha 83 anos. Descendente de mexicanos, Trinidad López III, seu nome nos documentos, nasceu no Texas (EUA). Fez enorme sucesso nos anos 60 e 70 do século passado.
As rádios tocavam bastante os discos de Trini Lopez, incluindo "La Bamba", seu maior êxito entre nós. "La Bamba" também foi sucesso do cantor Richie Vallens, morto em um acidente aéreo na época em que estava no auge da carreira no fim dos anos 50. A exemplo de Lopez, ele também tinha raízes mexicanas. Detalhe: na verdade, "La Bamba" é uma canção do folclore mexicano. 
Um bolero adaptado também levou Trini Lopez ao topo das paradas. É o clássico "Perfídia", do compositor Alberto Dominguez, também gravado por big bands na era de ouro do jazz, entre elas a orquestra de Glenn Miller, que, salvo engano, ainda existe e estaria em sua 14ª formação.
Trini Lopez transformou este bolero num rock melódico e dançante, se é que posso definir deste jeito. Outro sucesso dele é "Corazón de Melón", também bem dançante. Hélio Ribeiro, o nosso maior comunicador, tocou muito esta música em seu programa, primeiro na Rádio Tupi e, depois, na Rádio Bandeirantes.
No meio da música, Trini Lopez fala "Água! Água!" e o Hélio brincava com isso: "Dá água pra ele", dizia o grande radialista e jornalista. Na mesa de som estava o lendário Johnny Black, gênio do rádio e, segundo o próprio Hélio Ribeiro, também responsável pelo sucesso do apresentador.
Uma música da trilha sonora do filme "Amor Sublime Amor", a história adaptada de Romeu e Julieta em Nova York, também fez sucesso na voz de Trini Lopez. É "América", do lendário compositor e maestro Leonard Bernstein em parceria com Stephen Sondheim. Aliás, a dupla compôs todas as canções desse belíssimo filme, que tem a atriz Natalie Wood no papel principal.
Assim, de supetão, são estas as músicas que me lembro dentre as muitas gravadas por Trini Lopez, que teve um "genérico" no Brasil. Era o Prini Lorez, que tornou-se o Trini Lopez brasileiro. 
Prini Lorez, pseudônimo de José Gagliardi Júnior, aproveitou a onda e também fez sucesso. Participou do programa "Jovem Guarda", que o Roberto Carlos apresentava na TV Record e que, hoje, o Zunga, apelido do "rei", parece desprezar. Se não tem o original, de grife ou de marca, serve o "genérico" e o Prini deve ter engordado a sua conta bancária graças ao original. Imitação também garante o pão nosso de cada dia e de cada noite. 

DROPS

Uma mão lava a outra, desde que seja com álcool gel.

Higiene é como dinheiro. Quanto mais, melhor.

Feliciano elogia Flordelis. Tudo em casa. Eles se merecem.

Cobra que não se arrasta não come sapo.    
 

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