A prudentina Valéria Boscoli Maridon Maridon, formada em Direito pela Toledo Prudente em 1998, é hoje gerente de imigração do UFC – Ultimate Fighting Championship –, com sede em Las Vegas, EUA. Em visita à família em Presidente Prudente, ela conversou com o jornal sobre sua trajetória, desafios e bastidores da organização que comanda os maiores eventos de MMA do planeta. A seguir, os principais trechos da entrevista:
Como foi sua chegada aos Estados Unidos?
Fui para fazer um intercâmbio de um ano e... nunca mais voltei! (risos). Comecei a trabalhar num escritório de advocacia em Las Vegas, conheci meu esposo, nos casamos, e com o tempo surgiu a oportunidade de uma entrevista para o UFC. Por falar português – e com o grande número de lutadores brasileiros – fui contratada. Já estou há 11 anos lá.
Quais são as suas funções no UFC?
Sou responsável por toda a parte de imigração de lutadores e funcionários. Quando sabemos que haverá um evento em outro país, começo a fazer a pesquisa sobre os trâmites de imigração locais, entro em contato com advogados de vários países e organizo a documentação necessária.
O trabalho de imigração é fundamental para os eventos acontecerem, certo?
Totalmente. Sem visto, o lutador não entra em lugar nenhum. Cada país tem suas regras, seus conflitos políticos, leis de imigração diferentes… A gente precisa ficar atualizado e contornar cada desafio, muitas vezes com pouco tempo.
Quais nacionalidades exigem mais cuidado no processo?
Lido muito com russos e chineses. Além da barreira linguística, há o choque cultural e também as tensões políticas. Os EUA, por exemplo, têm regras rigorosas e um processo em duas etapas: primeiro, a petição de entrada, aprovada somente se o lutador for reconhecido internacionalmente; depois, o agendamento no consulado para obtenção do visto.
Qual situação mais marcante você já viveu nesse cargo?
Lembro de um lutador chileno que teve que nadar, literalmente, para conseguir ir à entrevista no consulado. As barcas estavam em greve e ele não quis perder a chance. Dormiu no sofá de um amigo, porque não tinha onde ficar. Essas histórias de superação me tocam muito. Mesmo que não tenham lutado pelo UFC, ajudamos pessoas a seguirem seus sonhos.
Você já encontrou a Ariane Sorriso, segunda prudentina no UFC?
Sim! Vi Ariane uma vez lá no restaurante da sede do UFC, em Las Vegas. Falei com o técnico dela e contei que também sou de Prudente. Ela achou uma coincidência incrível.
E como é trabalhar sob o comando de Dana White?
O Dana é apaixonado pelo que faz. Ele é intenso, honesto e exigente. Dá bronca quando precisa, mas está sempre disposto a ajudar. É um chefe justo e dedicado. O MMA é a vida dele.
Como foi sua formação e a transição para os EUA?
Sou prudentina de nascimento, me formei em Direito pela Toledo em 1998. Trabalhei um tempo com o Dr. Aparecido Inácio, também formado lá, em São Paulo. Depois decidi fazer intercâmbio e… nunca mais parei. (risos)
E agora, de volta a Prudente por uns dias?
Sim! Estou visitando minha família, reencontrando amigos e colegas da Toledo. É sempre bom voltar às raízes e lembrar de onde tudo começou.
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Valéria Boscoli Maridon é prova viva de que o mundo pode começar em Presidente Prudente – e que o bastidor de um octógono também é lugar de protagonismo feminino e prudentino.
Fotos: Sinomar Calmona
Valeria Boscoli Maridon mora nos EUA há 23 anos
Valéria, em Prudente, com o irmão advogado Willian Boscoli e a cunhada