A vereadora Sonia Pires Bueno Chanquini (PSD), conhecida politicamente por Soninha de Madureira, recebeu via WhatsApp, entre a última sexta-feira e o domingo passado, supostas ameaças de um funcionário público, de 58 anos, que atua como vigilante patrimonial da Prefeitura de Martinópolis. No domingo, a vereadora teria recebido uma ameaça de morte direta caso não votasse a favor da cassação do prefeito de Martinópolis, Marco Antonio Jacomeli de Freita (Republicanos).
Nesta terça, após trabalho de investigação, a Polícia Civil identificou o funcionário público como o autor das ameaças. Ele confessou o envio das mensagens e foi liberado após prestar depoimento. A corporação indica que o celular utilizado pelo suspeito para enviar as mensagens ameaçadoras à Soninha de Madureira foi apreendido e será encaminhado à perícia técnica para análise.
Em entrevista à reportagem de O Imparcial, a parlamentar, que também é pastora da Assembleia de Deus, relatou que um perfil fake no WhatsApp, com o nome de Jonas e a foto de um leão no perfil, iniciou a conversa com ela por meio do aplicativo de troca de mensagens na sexta-feira. “Na primeira mensagem, esse contato disse que me conhecia e que havia frequentado a minha igreja. Esse nome fictício de Jonas disse que precisava do número de telefones das imobiliárias de Martinópolis”, pontua Soninha.
Segundo a vereadora, no sábado, o papo de “Jonas” mudou. “Aí, ele mandou um requerimento que um ex-prefeito daqui de Martinópolis, que é delegado de Pirapozinho, fez sobre a questão do carro 01, de um caso de bafômetro do atual prefeito [Marco Antonio Jacomeli de Freita]. Após isso, essa pessoa anônima mandou uma mensagem assim: ‘mamãe ama seus filhos e faz tudo por eles’”, conta a parlamentar, que após esta notificação constatou ser uma ameaça indireta.
Ela relata que, depois de visualizar as mensagens, respondeu o suposto “Jonas” dizendo a ele o número dos telefones de imobiliárias que ela conhecia e que não iria conversar sobre a questão do requerimento pelo fato do perfil dele não ter a foto de uma pessoa, mas, sim, de um leão. “Quando foi quatro e pouco da manhã, no sábado, ele perguntou novamente se eu não amava meus filhos”, complementa Soninha de Madureira, que pediu auxílio de amigos e contou para o seu filho de 10 anos o que estava ocorrendo.
Soninha relata que, no domingo, recebeu a ameaça de morte de maneira direta. Foi a última mensagem do funcionário público se passando pelo suposto “Jonas”, representado com a foto de um leão. “Ele mandou uma mensagem direta ameaçando minha vida e me coagindo a votar a favor da cassação do prefeito”, pontua a parlamentar, que, na segunda-feira, registrou boletim de ocorrência na Delegacia de Polícia Civil de Martinópolis.
Para a parlamentar, o atual cenário na Câmara de Vereadores de Martinópolis sobre o impedimento de Marco Freita está dividido desta maneira: dos 11 vereadores, um se abstém, seis votam a favor da cassação e quatro votam pelo arquivamento - Soninha é uma delas. “Com quatro votos, o prefeito não é cassado. O quarto voto seria o meu. Eu sou a única mulher na Câmara e digamos, talvez, a mais vulnerável por ter um filho [criança]. Se derruba o meu voto, o prefeito é cassado”, enfatiza a vereadora, ao relatar o suposto motivo da ameaça com a voz embargada.
Confira na íntegra o print da última mensagem do suposto “Jonas” com a ameaça de morte à vereadora Soninha de Madureira:
Cedida
Ameaça de morte à Soninha de Madureira foi enviada no domingo
Na segunda-feira da semana passada, por seis votos a favor e quatro contra, a Câmara de Martinópolis foi favorável à abertura de uma CIP (Comissão de Investigação Processante) para apurar o pedido de cassação do prefeito Marco Antonio Jacomeli de Freita.
Na ocasião do pedido, o chefe do Executivo é acusado, por meio de um requerimento de uma moradora de Martinópolis, de atuar de modo incompatível com a dignidade e decoro do cargo. Consta também no requerimento atos de improbidade administrativa e maus-tratos a uma cadela.
Após notificação ao prefeito, a comissão responsável da Câmara tem 90 dias para analisar o pedido.
Em nota, a Prefeitura de Martinópolis relata que o prefeito Marco Freita foi notificado sobre o pedido de cassação e no prazo legal apresentará a sua defesa. Sobre o ocorrido com a vereadora Soninha de Madureira, a administração pontua o caso como “lamentável” e pontua que a Polícia Civil está investigando a ocorrência e que, com o autor das ameaças e a divulgação dos fatos, “a cassação do prefeito tomará um outro rumo”.