Visita domiciliar ao idoso

A visita domiciliar a pessoas idosas é uma das práticas mais humanas e significativas que a enfermagem pode realizar. Estar dentro da casa de alguém, conhecer seu espaço, seus hábitos e seu modo de vida é muito mais do que um atendimento de saúde — é um encontro entre histórias, uma oportunidade de olhar o outro de forma completa e entender suas necessidades de forma integral.
Mas afinal, o que é uma visita domiciliar? É quando o profissional de saúde, geralmente da equipe da Estratégia Saúde da Família, vai até a casa do paciente para acompanhar seu estado de saúde, orientar, ouvir e compreender melhor sua rotina. No caso de pessoas idosas, essa visita se torna ainda mais relevante, pois muitas delas apresentam limitações de mobilidade, condições de saúde crônicas ou vivem em situações que exigem maior atenção, acompanhamento e cuidado contínuo.

Por que isso é importante?
Porque o cuidado não acontece apenas dentro de uma unidade de saúde. O lar é o espaço onde o idoso passa a maior parte do tempo, e é ali que se revelam as dificuldades do dia a dia: um tapete que pode causar quedas, uma escada sem corrimão, a falta de apoio na alimentação, a solidão ou a dificuldade em manter hábitos saudáveis. Ao visitar o paciente em casa, o profissional tem a oportunidade de enxergar situações que muitas vezes não aparecem nas consultas. É também nesse momento que o vínculo se fortalece — o idoso sente-se acolhido, ouvido e respeitado, percebendo que alguém se importa genuinamente com seu bem-estar.
Durante minha experiência prática como acadêmico de Enfermagem, vivi na pele o significado dessa visita. Acompanhado da professora enfermeira Franciele Schwarz, visitei uma senhora idosa que morava sozinha. Na visita, acompanhamos sua rotina diária, aferi seus sinais vitais, realizei exames físicos e avaliações de memória, apliquei testes e discutimos consultas, uso de medicações e acompanhamento dos tratamentos. Mais do que aplicar avaliações, percebi o quanto ela se sentia feliz apenas por poder conversar e compartilhar suas experiências. Às vezes, o cuidado que mais cura é simplesmente a escuta atenta e o contato humano.
Essa vivência me fez compreender que o verdadeiro papel do enfermeiro vai muito além das técnicas e procedimentos. O profissional da saúde precisa enxergar a pessoa como um todo — considerando suas histórias, emoções e fragilidades. A visita domiciliar permite isso: um cuidado mais próximo, humano e transformador, que promove saúde, segurança e autonomia.
Num país que envelhece rapidamente, é urgente valorizar e ampliar essas ações. Não se trata apenas de garantir atendimento médico, mas de promover dignidade, qualidade de vida e inclusão social. Cada visita é um gesto de empatia, responsabilidade e compromisso com o próximo. Para quem está aprendendo a cuidar, como eu, é também um lembrete poderoso de que a Enfermagem é, acima de tudo, sobre gente cuidando de gente — com atenção, sensibilidade e humanidade.
 

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