Wake! Não confunda ESG com woke

OPINIÃO - Fernando Batistuzo

Data 10/06/2025
Horário 05:00

Acorde!
Tem gente confundindo os temas e expressões ESG e “woke”.
Não me custa nada explicar mais uma vez que ESG é a reunião de três elementos são meio ambiente (E – environment), aspectos sociais (S – social), governança corporativa – gestão (G – governance), os quais, se observados pelas empresas, certamente contribuirão para um mundo mais longevo para todos.
Cada elemento por si só tem um conteúdo e aplicabilidade prática amplíssimos, característica que por si só já deveria ser suficiente para que não “colassem” o tema woke ao ESG, uma vez que ao fazerem isso reduzem demasiadamente a amplitude do tema.
Aqui nos interessa o elemento S (e um pouco do G) que pode ser concretizado de duas perspectivas a partir da empresa: externa e interna. Ou seja, idealmente, a empresa poderia se ocupar (e se preocupar) com questões externas e internas à sua situação. Exemplo, externamente, pensar em como sua atuação pode afetar os vizinhos da empresa (barulho causado, impacto na mobilidade urbana, lixo produzido) e adotar práticas que causem o menor impacto possível, beneficiando não somente a si mesma, mas a comunidade local na qual está inserida. Internamente, por exemplo, a empresa pode procurar saber entre seus colaboradores quais são seu anseios (não pensando apenas no valor do salário), como pode lhes ajudar com problemas até particulares (ensinar sobre economida doméstica para não ficarem devendo, educação alimentar para que não adoeçam).    
Ainda, e aqui vamos nos aproximando à questão woke, a empresa, agora não só pode, mas deve se ocupar de evitar que discriminações ocorram não só com relação aos colaboradores que já estejam na empresa, mas aqueles que, p. ex., se candidatem a ela. Agora, isto não significa que a empresa esteja legalmente obrigada a contratar colaboradores que se identifiquem – ou que as pessoas identifiquem – com a genérica expressão “diversidade”, que atraiu, por sua vez, para os que atacam o ESG, a expressão woke.  
“Woke” é tempo verbal no passado de “wake”, que significa acordar. Mas não um acordar fisiológico e sim um despertar para uma realidade que até certo tempo era ou ignorada ou omitida, a de que realmente muitas pessoas neste mundo são discriminadas e marginalizadas por inúmeras razões, desde a cor da pele que possuem, a religião que professam, passando pela etnia a qual pertençam, e chegando às orientações filosóficas, sexuais e políticas, dentre outras.
Em razão deste desvelo social é que surgiu mesmo uma tendência de se defender que empresas dessem espaço a estas pessoas com o objetivo de lhes dar oportunidades que espontaneamente não teriam, ou seja, a intenção sempre foi pensando no bem (ética).
Contudo, e como muitas das boas intenções, esta foi capturada pela politização e ideologia e acabou sendo atacada por um dos lados da “polarização” conservadores x progressistas, sobretudo nos EUA. Grandes empresas e corporações foram acusadas de privilegiarem a diversidade em detrimento do mérito (meritocracia) e passaram a ser “canceladas”, razão pela qual se enxerga uma inversão de atuação pelas corporações.
Enfim, reduziram o ESG às estritas prática de contratação de indivíduos por vezes socialmente discriminados e à publicidade direcionada a este público.
Mas ESG para as empresas é muito mais, é, até, ganhar mais dinheiro.
 

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