Zé Helder completa 20 anos de carreira e lança novo CD

“Assopra o Borralho", o 3º disco solo do cantor, traz 11 canções inéditas, de autoria própria, com participações especiais

VARIEDADES - Oslaine Silva

Data 09/06/2015
Horário 09:23
 

Dá gosto colocar um CD e degustá-lo canção a canção sem se cansar de ouvi-lo. E é bem assim que está o terceiro álbum solo do violeiro mineiro Zé Helder, intitulado "Assopra o Borralho", uma co-produção dele mesmo e Ricardo Vignini. O disco conta com 11 faixas inéditas, todas compostas pelo cantor, com algumas com parceiros como nada mais, nada menos que o sensacional Zeca Collares na faixa "Água Limpa", Índio Cachoeira em "Seresta na roça" e Mingo Jacob, em "Pão de queijo".

De acordo com o músico, este trabalho vem com uma sonoridade bem acústica, com momentos diferentes em viola, ora densamente acompanhadas (como em "Composição sobre trilhos"), ora apenas com um insólito didgeridoo (um instrumento musical de sopro), em "O boi".

Zé Helder diz que desde o começo, pensou em fazer algo assim, menos denso, mais acústico mesmo. Os outros dois eram mais rock, bateria, etc. E ao começar a compor, algumas músicas ele já tinha prontas, foi percebendo o sangue mineiro fluir.

E a primeira música chama a atenção com essa acentuação instrumental com a participação, segundo ele, "especialíssima" de Alzira, uma cantora ligada à musica brasileira, que quem conhece um pouco de artistas sabe do seu potencial e dos demais mencionados.

"Ele tem bastante reminiscências, resgatei coisas que já havia visto de perto... Penso que se você quer ser universal, conta histórias vividas. Me recordo de minha avó fazendo ‘sabão de cinza’ e uma canção nasceu dessa lembrança. Mas ao mesmo tempo ele não é nada caipira, totalmente nostálgico e sim mais moderno", destaca o compositor.

Outro momento que Zé Helder destaca neste disco é a faixa 9, em que ele juntou um grupo de Folia de Reis e fizeram uma música que é cantada como uma verdadeira folia, com tempero indiano e a participação dos mestres da música caipira tradicional, Seu Oliveira, Edson Fontes e Novaes. "Sou praticante de ioga, e nesta canção muito especial homenageio alguém que tenho verdadeira admiração, que é o professor Hermógenes ", enfatiza.

 

Ricos detalhes

Segundo Zé Helder, esse disco recria toda uma atmosfera mineira, com letras que remetem à cozinha com fogão a lenha, o "Sabão de cinza", o "Pão de queijo" ou "Assopra o borralho", mas sem se prender a um passado nostálgico e formas musicais conhecidas. Nele, pode-se perceber a influência de gêneros como o Landó (afro peruano), o rock progressivo, as serestas e os cantores do rádio.

Ele ainda homenageia sua esposa Mariana e seu filho ("Com você tudo é outra história" e "Francisco", respectivamente), ou ainda explora sonoridades orientais como em "As Bodas de Caná".

Outros detalhes que não podem passar em branco são capa de Túlio Noronha, com um tradicional fogão a lenha e, o encarte onde ele procurou valorizar as letras, que muitas vezes têm o formato de poemas. Ele foi impresso em papel pólen, o mesmo utilizado em livros.

Participaram das gravações os músicos Jotagê Alves, Luciano Vieira, Fabrício Santos, Diovani Bustamante, Guilherme Cordeiro, Romão Precioso, Seu Oliveira, Novaes, Edson Fontes, André Rass, Ricardo Vignini, Edson Hiroshi, Samuel Cardoso, João César.

 

Outros trabalhos

Além da carreira solo, o cantor e compositor tem outros projetos, como o Matuto Moderno, em nova formação, no momento fazendo todo o Circuito Sesc, e o Moda de Rock, gravando o segundo CD para lançamento no segundo semestre.

 

Trajetória

Músico profissional há uns 20 anos, o cantor - que é de Cachoeira de Minas -, ao se mudar para Itajubá, parou de tocar seu clarinete, e com Luciano Daniel, aprendeu a tocar violão. Logo em seguida, começou a tocar baixo numa banda, isso com 15 para 16 anos, etapa que marcam suas primeiras experiências de tocar na noite. Chegou a acompanhar a Ceumar, Márcia Salomon, além de muitas outras gigs memoráveis com Omar Fontes, Rafael Toledo, grupo Telhado, e sua banda de rock que era a Blues Corporation.

Resolveu então estudar contrabaixo acústico no Conservatório de Pouso Alegre, onde ao se formar tornou-se professor da escola. Durante oito anos, ensinou no Cempa (Conservatório Estadual de Música de Pouso Alegre). E ainda tocava na noite, tinha banda de rock, fazia casamento, baile, o que pintasse para defender uma graninha.

Com todas essas obrigações, Zé Helder ainda se formou em Comunicação Social pela Fafiep (Faculdade de Filosofia Ciências e Letras Eugênio Pacelli), e depois num segundo curso superior, Licenciatura Plena em Música pelo Conservatório Brasileiro de Música do Rio de Janeiro.

Em 1999, no Cempa, seu grande amigo Nikolaos lhe mostrou uma viola Del Vecchio, que estava esquecida no almoxarifado da escola. "Foi um divisor de águas! Eu passava dia e noite agarrado a ela. Vendi todo meu equipamento de baixista e entrei de cabeça. A viola permitiu que fluíssem naturalmente as músicas que sempre tentava compor e achava que não conseguia. Então tive como professor Ivan Vilela, que se tornou meu grande amigo desde o primeiro contato", relembra.

Faltou mencionar que ele ainda é professor, desde 2006, no Conservatório Municipal de Guarulhos. Segundo curso de viola que criou, o primeiro foi em Pouso Alegre. E também está trabalhando em um livro didático, onde juntou todas as suas experiências com o instrumento.

 

serviço

AOS INTERESSADOS

Os contatos do cantor e compositor são: zehelder.com.br; mattutomoderno.com.br e modaderock.com.br. O disco está sendo distribuído pela Tratorre, pelo site do cantor e em alguns pontos físicos.

 

FAIXAS: "ASSOPRA O BORRALHO"


1 – "Água Limpa" (Zé Helder / Índio Cachoeira)

2 - "Seresta na roça"

3 – "Assopra o borralho"

4 – "Composição sobre trilhos"

5 – "Pão de queijo" (Mingo Jacob / Zé Helder)

6 – "Sabão de cinza"

7 – "Francisco"

8 – "Com você tudo é outra história"

9 – "A toada do professor Hemógenes"

10 – "As bodas de Caná"

11 – "O boi"
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