Atenção à anemia falciforme em Prudente

Pesquisa realizada pela Unoeste, em parceria com o Hospital Regional, está em busca de melhorar o atendimento e a qualidade de vida dos portadores da enfermidade

PRUDENTE - PEDRO SILVA

Data 12/01/2020
Horário 08:31
Paulo Miguel - Édima destaca importância das informações para tratamento de doenças falciformes
Paulo Miguel - Édima destaca importância das informações para tratamento de doenças falciformes

A anemia falciforme é a doença hereditária mais comum entre a população negra no Brasil trazida ao país séculos atrás por conta da escravidão e da imigração em massa. Derivada de uma mutação no DNA gerada pela alta taxa de morte por malária no continente africano, o distúrbio deixa os glóbulos vermelhos em forma de foice, e faz essas células morrerem prematuramente, causando anemia por conta da falta de glóbulos saudáveis, podendo obstruir a circulação do sangue. Presidente Prudente está na quarta região com mais negros do Estado, e tem atenção específica a essa doença.

A pesquisa “Lacunas do conhecimento: Perfil e assistência às pessoas com doença falciforme [DF]”, realizada pela Faculdade de Medicina da Unoeste (Universidade do Oeste Paulista), em parceria com o HR (Hospital Regional) Doutor Domingos Leonardo Cerávolo, entre 2015 e 2017, identificou 139 casos de mutações nas células, entre esses, 74 com a anemia falciforme.

Segundo Édima de Souza Mattos, professora responsável pela pesquisa, o projeto já ajudou a identificar os pacientes nas áreas de abrangências de UBSs (Unidades Básicas de Saúde), o que consolidou os tratamentos dos casos em RAS (Rede de Atenção à Saúde). “A partir disso, podemos desenvolver atividades de autocuidados e educação em saúde em relação à patologia, criar um banco de dados, promover a autoestima dos pacientes, e, consequentemente, o aumento da qualidade de vida”, explica.

TRATAMENTOS

E RESULTADOS

No início da pesquisa, foram identificadas lacunas no tratamento dos pacientes, como dificuldades de passar por consultas médicas regulares, demora entre a consulta e os exames, falta de qualidade nutricional para os falcifórmicos, déficit de uma linha de especialidades para a patologia, e problemas sistemáticos na rede de tratamento dos portadores.

“A pesquisa resultou num banco de dados pessoais e clínicos dos pacientes com anemia falciforme na área de abrangência do DRS-11 [Departamento Regional de Saúde de Presidente Prudente], constando nome, endereço, dados pessoais, histórico clínico, município e ESF [Estratégia da Saúde da Família] onde eram atendidos”, explica a professora. Ela ainda destaca que com os dados obtidos foram reconhecidos problemas de atendimento de multiprofissionais e acompanhamento clínico.

Para discutir a saúde da população afrodescendente, o governo estadual realizou o curso “Desenvolvimento da política de saúde integral da população negra no Estado de São Paulo”, e, segundo Édima, se espera que a partir disso sejam recompostos o Comitê Estadual de Saúde da População Negra e os comitês regionais, além de promover o enfrentamento ao racismo institucional ainda presente nos cursos de formação dos profissionais de saúde, além de melhorar o preenchimento do quesito raça e cor nos sistemas de informação de saúde.

A pesquisa, até o momento, conseguiu a implantação do projeto-piloto “Linha de cuidado à saúde das pessoas com anemia falciforme”, proposto pela universidade em parceria com Secretaria de Saúde do Estado, e auxilia em relação à conscientização e cadastramento dos portadores, além de promover a autoestima dos pacientes por ganho na qualidade de vida, entre outros pontos.

Édima pontua que para melhorar a condição dos pacientes, a informação é extremamente importante, assim como a organização dos atendimentos prestados. E orienta: “Se você não passou pelo diagnóstico do teste do pezinho ou não realizou qualquer outro tipo de exame sobre a anemia falciforme, procure o serviço de saúde especializado para a identificação de traços da doença falciformes ou da anemia”.


Veja os sintomas da anemia falciforme

Morte prematura dos glóbulos vermelhos

Obstrução do fluxo sanguíneo

Infecções

Dores derivadas do baixo fluxo sanguíneo

Fadiga

Tratamentos disponíveis:

Medicamentos regulares

Transfusões de sangue

Em casos rasos, transplante de medula óssea

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