Caminhoneiros barram entrada de distribuidoras

Carros foram colocados ontem em frente às entradas dos estabelecimentos, com intenção de impedir a distribuição de combustíveis

PRUDENTE - THIAGO MORELLO

Data 25/05/2018
Horário 09:01
Marcio Oliveira - “Todo poder emana do povo”, diz faixa no pontilhão da Raposo
Marcio Oliveira - “Todo poder emana do povo”, diz faixa no pontilhão da Raposo

Nem o cancelamento da taxa Cide (Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico) e a redução no preço do diesel em 10% por 15 dias, medidas adotadas pelo governo e a Petrobras, impediram que os caminhoneiros completassem o quarto dia de greve pelo Brasil, inclusive em Presidente Prudente. Aliás, como um novo dia, novas ações foram feitas. Na tarde de ontem, os trabalhadores em protesto barraram a entrada de três distribuidoras da cidade. A ideia, de acordo com o movimento, é impedir a saída e distribuição de combustíveis.

Pelo menos um carro com vigias foi colocado em frente de cada local, ou até mesmo faixas informando a situação do país em relação à categoria: greve geral. Um grupo de caminhoneiros, que prefere não ser identificado, estava posto em um dos locais. Eles bateram um papo com a reportagem e disseram que a ação foi mediante a notícia de que caminhões estavam saindo para reabastecer postos da cidade. “Isso vai contra o nosso proceder, uma vez que queremos paralisar tudo, para mostrar que o governo precisa se mexer e baixar os preços das coisas”, diz um deles.

Apesar de tudo, eles não têm enfrentado problemas em meio ao movimento, muito pelo contrário. O grupo felicita em dizer que, por onde passa, a população tem respondido positivamente e até ajudado da maneira que pode. “Nós não estamos aqui para criar baderna, mas sim para promover um chacoalhão e acabar com o quartel que existe. O povo não merece pagar mais do que ninguém”, pontuam. Por ora, a Polícia Militar realmente não registrou nenhuma “confusão ou ocorrência” por conta de movimentações contrárias.

A reportagem também entrou em contato com as distribuidoras mencionadas, contudo, até por conta do horário, não conseguiu contato até o fechamento da edição desse periódico.

Novo lar

Nas proximidades do Auto Posto Jabur, às margens da Rodovia Raposo Tavares (SP-270), pode ser visto a solidariedade e apoio entrando em ação, como dito pelos próprios caminhoneiros. Por lá, o que não falta são caminhões estacionados, carros parando e prestando auxílio, e até mesmo a presença de autoridades, como a polícia. A cada veículo que passava, um grito era dado pelos grevistas, como um sinal de: “Ei, estamos aqui e queremos mudança”.

E estão mesmo. Para ser mais preciso, na loja PrudenCardans. No pátio à frente do comércio, que também fica próximo à rodovia, uma espécie de estoque foi formado. Lá, são depositados alimentos, água, ou qualquer outro mantimento que é comprado ou doado pela população que ajuda. O local também é utilizado para preparar refeições, descanso e encontros.

Tudo isso consentido pelo proprietário do local, Fábio Zaupa. Ele não chegou a ter reflexo negativo da greve, pela falta de entregas, mas destaca que nem por isso deixa de apoiar a situação. “Precisava realmente que alguém fizesse alguma coisa. Eles conseguem parar o Brasil e mostrar que algo precisa ser feito e gerar mudanças positivas. Todo auxílio prestado é o mínimo que podemos fazer”, argumenta. Ele lembra que, apesar de ter cedido o local, outras empresas têm contribuído de diversas formas, como doação de alimentos, por exemplo.

E como tudo isso é feito pela população, como o próprio movimento afirma, para quem vem pela SP-270 em sentido à capital paulista, poderá ver, no pontilhão em frente ao Ceagesp, a seguinte frase escrita em uma faixa: “Todo poder emana do povo”.

 

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