Consciência sustentável deve ser estendida para além do quintal

EDITORIAL -

Data 30/04/2018
Horário 08:12

É comum ouvirmos falar que o primeiro passo para a construção de uma consciência sustentável é cada um fazer a sua parte e cuidar do seu próprio quintal. No entanto, muitas vezes é preciso dissecar este pensamento para evitar interpretações equivocadas, uma vez que tomar responsabilidade sobre o próprio lixo que produz não significa apenas removê-lo de sua casa, destiná-lo de forma incorreta e esperar que os demais façam o resto. Um simples percurso pela cidade é suficiente para constatar que a referida consciência nem sempre é coletiva, mas individual – o cidadão retira o lixo de sua residência, mas o despeja em um terreno baldio, uma área verde ou até mesmo uma praça de lazer.

O resultado são as inúmeras reclamações que, frequentemente, acabam se tornando pauta deste diário, sobretudo em um espaço semanal voltado para o jornalismo comunitário: o Especial Bairros. A série de reportagens dominical busca dar voz para a população e permitir que elas exponham suas demandas e, por meio do jornal, possam obter uma resposta da administração municipal e outros órgãos competentes para os problemas apontados. Nos últimos domingos, o que se tem visto consecutivamente são justamente reclamações a respeito deste “elefante branco” que parece crescer e alcançar toda a cidade: o entulho acumulado, que, conforme apontam os munícipes, não apenas descaracteriza e polui a paisagem urbana, como também ameaça a saúde pública, em função da proliferação de pragas.

Ao serem questionados, estes mesmos cidadãos apresentam os dois lados de uma mesma moeda: de um, está a Prefeitura, que “não realiza a limpeza de forma constante”, enquanto do outro está a própria população, a qual “deveria ter mais respeito pelo meio ambiente e destinar o seu lixo de maneira apropriada”. Embora seja dever do poder público prestar a manutenção adequada aos espaços públicos, há de se concordar que todos os transtornos causados por esse tipo de poluição poderiam ser evitados se os resíduos domésticos fossem descartados nas lixeiras ao invés de estarem nas áreas públicas.

É preciso, mais do que depressa, pensarmos que nossa responsabilidade com o lixo produzido não termina a partir do momento em que o tiramos das nossas residências. A consciência ambiental aqui mencionada deve ser coletiva e praticada em favor do bem comum. Ao jogar o lixo nos espaços compartilhados, o indivíduo passa a deter a culpa por qualquer problema que possa afetar a saúde e o bem-estar de toda a população. Além disso, é necessário considerar que todos nós, enquanto seres vivos, dividimos o mesmo espaço e, ao transgredi-lo, livramos o nosso quintal, mas ameaçamos uma casa muito maior, além de todos os seus futuros ocupantes.

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