Escolas da região abrigam 84 estudantes estrangeiros

Alunos estão distribuídos em quatro Diretorias de Ensino, com a maior concentração em Prudente, com 40 deles; haitiano comenta sobre desafios e conquistas

REGIÃO - GABRIEL BUOSI

Data 01/09/2019
Horário 04:06
José Reis - Odlet aprofunda os conhecimentos em português no Ceeja, em Presidente Prudente
José Reis - Odlet aprofunda os conhecimentos em português no Ceeja, em Presidente Prudente

O haitiano Odlet Moliere, de 28 anos, está no Brasil há quase cinco anos e, depois do contato com a língua portuguesa e já saber se comunicar bem, resolveu, neste ano, buscar uma escola para aprofundar o conhecimento e alcançar uma formação no novo país. O jovem conta que “só o estudo é capaz de trazer um futuro melhor” e revela para a reportagem os desafios de ser um estudante estrangeiro, além de comentar sobre planos futuros. Contando com Odlet, a região de Presidente Prudente conta com 84 alunos estrangeiros na rede estadual de ensino.

A DE (Diretoria de Ensino) de Adamantina, por exemplo, de acordo com a Secretaria de Estado da Educação, conta com 29 alunos, de países como Japão e Portugal. A região de Mirante do Paranapanema tem cinco estudantes, principalmente do Japão, enquanto a DE de Prudente conta com o maior número de alunos, 40 no total. Já Santo Anastácio abriga outros 10 estudantes, totalizando os 84.

A experiência do haitiano pode ser a realidade de muitos deles. Há cinco anos, antes de chegar à sala de aula brasileira, ele comenta que o maior desafio era justamente a língua, já que ele chegou sem saber se comunicar. “Eu conhecia algumas pessoas que já falavam bem do Brasil e das oportunidades daqui, como meu irmão, e o estudo gratuito foi algo que me chamou a atenção, algo que eu não teria lá no meu país. Foi quando pedi ajuda da minha família e resolvi me mudar”, ressalta.

O ensino tem agradado o rapaz, que durante o dia trabalha com a construção civil e pela noite se dedica aos planos futuros na escola. “No início foi bem difícil me adaptar nessa rotina corrida, mas hoje estou bem. Pretendo me formar aqui, fazer uma faculdade e atuar como tradutor no futuro, para ajudar pessoas que, assim como eu, precisam desse apoio”. O rapaz fala francês, consegue se comunicar bem em inglês e agora se dedica ao português.

Recepção

A professora Vera Lúcia Gouvea de Oliveira, de 69 anos, está há 21 anos na profissão e já há algum tempo é a responsável pelo acompanhamento de Odlet e demais alunos estrangeiros no Ceeja (Centro Estadual de Educação de Jovens e Adultos) Professor José Libânio Filho, em Prudente. A profissional comenta sobre a recepção e diz que ela ocorre com estudantes que já se comunicam de forma razoável, pois o foco não é no ensino da língua. “Inicialmente temos uma prova diagnóstica para deixá-los à vontade e entender o nível de conhecimento. São analisados os aspectos sociais, culturais e a partir disso montamos o plano para que haja o melhor aproveitamento”, afirma.

Com os atendimentos individuais, a professora esclarece que, muitas vezes, os alunos estrangeiros chegam tímidos e com receio por causa da idade e também pela distância com a sala de aula, por serem já adultos. “Por isso a importância de uma boa recepção. Com isso, eu tento ampliar o vocabulário deles, aliando ao ensino da cultura. O retorno tem sido positivo, inclusive com o Odlet”, ressalta.

Sobre o ofício, Vera comenta em tom de satisfação que, “ao longo da vida a gente trabalha com o objetivo de sobrevivência, financeiramente falando”, mas se lembra de que neste momento o que faz é descrito como “divino”, por saber que há uma importância “enorme” no seu papel de ajudar os alunos que precisam do conhecimento, principalmente os estrangeiros. “Ver a vontade de aprender que eles possuem no olhar não tem preço e me sinto realizada”, ressalta.

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