ESF emite 200 receitas de psicotrópicos por mês

Assunto foi discutido em grupo da unidade com o foco de sanar dúvidas; iniciativa aproxima pacientes de especialistas de diversas patologias

PRUDENTE - SANDRA PRATA

Data 11/12/2018
Horário 07:08
José Reis - Encontros ocorrem mensalmente e abordam temas relacionados a diversas patologias
José Reis - Encontros ocorrem mensalmente e abordam temas relacionados a diversas patologias

Atualmente, a ESF (Estratégia Saúde da Família) Doutor José Cupertino Darce, na Vila Marcondes, em Presidente Prudente, emite em torno de 200 receitas por mês para medicamentos psicotrópicos. Pensando nesses pacientes, na manhã de ontem, a unidade desenvolveu o grupo “Bem me Quero”. Com isso, quem passou pelo local, pode desfrutar de um encontro com a psiquiatra Fernanda Lima de Castro. O objetivo foi orientar e discutir questões sobre bem-estar e medicamentos controlados. Hoje a unidade possui 4 mil prudentinos cadastrados e promove a iniciativa há seis meses, a fim de sanar dúvidas desse público, promover a aproximação com especialistas e amenizar as filas de espera em locais como o AME (Ambulatório Médico de Especialidades).

Na ocasião, Fernanda ouviu relatos e histórias dos pacientes, bem como os aconselhou. De acordo com a especialista, o encontro é necessário para que a barreira médico e paciente seja quebrada - essa que, em seu ponto de vista, deve ser ainda mais diluída no caso de pessoas que fazem uso de medicamentos psicotrópicos. “A base de tudo é o diálogo. É preciso ver a figura do médico como um amigo, isso ajuda também na hora de passar uma medicação. Quando você se torna amigo da pessoa, ela relata o que acontece e, com base nisso, você consegue saber quais são as necessidades, os tratamentos e remédios mais adequados”, expõe.

Um exemplo dos benefícios que a conversa pode trazer é mostrado por Eulene da Silva Ribeiro, 64 anos, que há dois anos e meio enfrenta problemas com a depressão. Conhecendo pela primeira vez o grupo, ela conta que sair de casa para participar do encontro já é válido, mas encontrar com pessoas para conversar e ouvir uma palavra da médica é ainda mais. “Algumas coisas que ela falou levarei para a vida, principalmente a questão de lembrar que todos nós temos problemas, e que devemos sempre olhar para o nosso irmão e ajudar”, expõe. Agora ela se encontra em um quadro estável da doença e deve muito isso ao diálogo. “É bom ver que tem gente que se importa e ouve a gente”, relata.

Grupos

De acordo com o coordenador dos grupos, Juliano Sérgio Spolador, o principal intuito é amenizar as filas de espera em consultórios e atendimentos com especialistas, já que “a maioria das pessoas procura esse serviço para tirar dúvidas sobre os medicamentos”. Sendo assim, levá-los até a ESF facilita. Ao lado da médica da família, Sílvia Matos Grion, ele convida profissionais mensalmente para grupos de diversos temas. “Temos reuniões voltadas para hipertensos, diabéticos, e também desenvolvemos grupos de acordo com a sazonalidade”, expõe.

Segundo Juliano, os grupos fazem parte das políticas de todas as ESFs da cidade. E, além da aproximação, outra finalidade da ação é promover um elo entre os setores primários e secundários da saúde. “A unidade básica é o setor primário e os especialistas do setor secundário. Então, nossa proposta é dar espaço para que profissionais secundários tenham conhecimentos prévios dos pacientes encaminhados pelo setor primário”, diz. Isso porque, conforme o coordenador, o médico não conhece muito da história do paciente que vai de um encaminhamento e, quando o conhece anteriormente no grupo, facilita a compreensão das necessidades que chegarão até ele futuramente.

Ombro amigo

Aparecida de Oliveira Costa tem 63 anos e há quatro participa de grupos na ESF do bairro. De acordo com ela, o encontro com Fernanda foi produtivo, porque recebeu conselhos “que vão melhorar sua vida”. Ela relata que o momento em que está vivendo é “só sofrimento”, por conta do marido que há 17 anos está de cama em decorrência de um AVC (acidente vascular cerebral). “Acaba se tornando uma dependência. Gostaria que não fosse assim, mas vou seguir algumas dicas da doutora e aprender que é possível sim, cuidar dele, e ter um tempo para mim também”, comenta.

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