Esperança e superação: relatos sobre um acidente

Fabricio Ticianelli Moretto é sobrevivente de uma batida entre motos; foram 12 dias de internação e quatro cirurgias

PRUDENTE - ROBERTO KAWASAKI

Data 17/05/2020
Horário 15:29
Cedida - Fabricio e Francielle contam o que ocorreu antes e depois do grave acidente
Cedida - Fabricio e Francielle contam o que ocorreu antes e depois do grave acidente

Era terça-feira, 14 de maio de 2019. Por volta das 19h, um acidente de trânsito envolvendo duas motocicletas trouxe ao casal Fabricio Ticianelli Moretto, 29 anos, e Francielle Daiana Miolla Lima, 34 anos, uma nova forma de enxergar a vida. Naquela data, Fabricio, que é personal trainer, havia acabado a última aula e retornava para casa com sua motocicleta – percurso que era de costume. Porém, ao passar pelo cruzamento entre as avenidas Manoel Goulart e Celestino Figueiredo, em Presidente Prudente, envolveu-se numa batida com outra moto.

“Lembro apenas da luz branca do farol”, conta Fabricio. Outro flash que lhe vem à memória é do momento em que chegou à santa casa. No hospital: “muita dor no quadril na sala de raio-X e uma sensação de algo muito quente no meu joelho direito”. Enquanto ele recebia os primeiros-socorros, Francielle estava em casa, aguardando o namorado para jantarem fora. Quando o celular tocou, o nome dele apareceu na tela. Mas, do outro lado da linha a voz era de “Marcelo”, que socorreu o rapaz: “percebi que não era o ‘Fa’, senti algo ruim, recebi a notícia e pedi a Deus para me dar forças”.

Foi então que ela, bombeira no 14º Grupamento, correu para o hospital e encontrou a equipe de resgate que o atendeu. “Ao encontrá-lo gritando de dor e ver a situação em que ele estava, passei mal. Nunca tinha acontecido isso em nenhuma ocorrência, porém, sendo da família é mais difícil suportar”, explica. Nas semanas seguintes seria a viagem do casal à Europa, e no grupo de WhatsApp da família, o pai do rapaz mandava mensagens, sem saber do ocorrido. “Meu coração apertava, avisei depois de falar com um médico, demorou um pouco”, relembra a bombeira.

“ACHEI QUE NÃO

ACORDARIA VIVO”

Foram 12 dias de internação na santa casa. Alguns no quarto, outros na UTI (Unidade de Terapia Intensiva). Nesse período, Fabricio tomou sete bolsas de sangue e passou por três cirurgias. A quarta veio meses depois. “Fraturei o acetábulo e a cabeça do fêmur, ela saiu do lugar, machucando tudo em sua volta, por isso tive a hemorragia e fratura exposta no joelho direito”, explica. Ainda, perdeu um pedaço do tendão do quadríceps e da patela. “Lembro-me de um momento que a enfermeira falou que teria que tomar mais uma bolsa de sangue. Achei que não acordaria vivo, mas, conversei com Deus e pedi a sua benção”, lembra.

A volta para casa trouxe alívio e conforto, uma nova rotina ao personal trainer. “Ficar o dia todo deitado, dependendo da mãe e da namorada para fazer tudo. Dei muito trabalho pra elas, pois eu era muito ativo”, explica. Porém, contrariando os médicos, na primeira oportunidade começou a treinar os membros superiores, no sofá de casa. Com a fisioterapia, ganhou confiança e autonomia. Tamanha superação, que ele voltou a dar aulas pouco depois, mesmo de andador. “Quando consegui fazer um agachamento, foi uma grande vitória”, comemora.

Um ano depois do acidente, Fabricio e Francielle estão bem, mais fortes e agradecidos pela vida. “Me considero recuperado, mas tenho conhecimento que minha perna direita nunca mais será a mesma”, afirma o personal. “Achei que ia perdê-lo, mas Deus nos dá uma força tão grande, que nem eu sabia que tinha”, expõe Francielle.

Fotos: Cedidas

Fabricio ficou 12 dias internado na santa casa, entre quarto e UTI

Mesmo contrariando os médicos, ele treinava os membros superiores

Aos poucos, Fabricio ganhou força e autonomia

Publicidade

Veja também