HPV: resistência contra a vacinação

Vigilância Epidemiológica Municipal informa que em Prudente, até neste mês, 4.119 adolescentes, meninos e meninas, foram imunizados na cidade

PRUDENTE - GABRIEL BUOSI

Data 26/11/2019
Horário 04:01
Arquivo - Infectologista afirma que vacinação é importante prevenção
Arquivo - Infectologista afirma que vacinação é importante prevenção

A VEM (Vigilância Epidemiológica Municipal) de Presidente Prudente divulgou o número total de meninos e meninas, entre 9 e 14 anos, que tomaram a vacina contra o vírus HPV (papilomavírus humano) no município neste ano, com uma soma de 4.119 doses. O número é referente ao período que vai de janeiro a novembro, e é menor em relação ao mesmo período do ano passado, já que na ocasião foram 5.162 doses. “Não é possível fazer o comparativo, já que o adolescente que tomou no ano passado e já está imunizado não precisa tomar neste ano. No entanto, ainda vemos resistências à imunização”, comenta a diretora da VEM, Elaine Bertacco.

Conforme o médico infectologista, José Wilson Zangirolami, o vírus HPV é transmitido via relação sexual, de forma que pode causar, justamente por isso, em curto prazo, uma doença sexualmente transmissível ou, em longo prazo, câncer, como no colo do útero, garganta e ânus. “A imunização com a vacina é feita justamente para ser uma proteção contra as formas de maior risco do câncer. Essa é a única forma de proteção disponível e ressalto que ela deve ocorrer antes de essas pessoas começarem a ter uma vida sexual ativa”. Ele não deixa de comentar certa preocupação com movimentos contrários à imunização e que têm prejudicado a cobertura de diversas campanhas.

Essa, no entanto, não é uma realidade exclusiva de Presidente Prudente, já que o governo federal anunciou que apenas 21% do público masculino, de 11 a 14 anos, esperado no país desde o início da campanha foi imunizado. Em relação às meninas, público que vai de 9 a 14 anos, o Ministério da Saúde apontou que a quantia de adolescentes que tomaram a vacina desde que ela foi incorporada na rede é de 42%.

Mesmo sem os dados isolados por público na cidade, nem uma estimativa de quantos deveriam se imunizar, a Vigilância Epidemiológica Municipal expõe que é visível a baixa procura, e comenta que a situação é preocupante. “Infelizmente ainda falta o pulso firme dos pais e maior comprometimento por parte desses adolescentes. A vacina vem apenas para ofertar proteção contra doenças que são perigosas”. Elaine comenta ainda que por estarem ligadas à vida sexual, muitas são as famílias que deixam de buscar as vacinas, pelo tabu que ainda existe em tratar do assunto dentro das residências. “Vacinar não é incentivar que eles tenham uma vida sexual ativa, mas sim, significa proteger esses filhos antes que esse período se inicie”.

Já o médico infectologista, para finalizar, expõe que ao aparecer os efeitos do HPV, não há cura, sendo que um acompanhamento deve ser feito durante toda a vida, com exames preventivos de forma anual.

SAIBA MAIS

De acordo com o Ministério da Saúde, os HPVs são vírus capazes de infectar a pele ou as mucosas. Existem mais de 150 tipos diferentes de HPV, dos quais 40 podem infectar a região genital e provocar cânceres, como de colo do útero, vulva, vagina, pênis, ânus e orofaringe, e outros podem causar verrugas genitais. Os principais vírus são combatidos com duas doses da vacina de HPV, que está disponível gratuitamente pelo SUS (Sistema Único de Saúde).

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