A OMS (Organização Mundial de Saúde), quanto aos procedimentos neonatais, recomenda que os partos cesarianos sejam equivalentes a 15% do total realizado. Mas em Presidente Prudente, ao levar em conta o número do último ano, o cenário mostra que o município está longe do que se preconiza. Dos 5.426 procedimentos efetuados nos hospitais da cidade, 3.766 foram por meio do método cirúrgico - cesárea -, o equivalente a 69,41% da totalidade.
A pesquisa foi realizada pela reportagem, em cinco unidades de saúde do município (veja tabela). São elas: Hospital Estadual, Hospital e Maternidade Iamada, Hospital Nossa Senhora das Graças, HR (Hospital Regional) “Doutor Domingos Leonardo Cerávolo” e Santa Casa de Misericórdia. O Hospital Morumbi também foi procurado, contudo, a administração informou que a maternidade do local foi encerrada em 2017.
Dentre as unidades, o dado mais próximo do recomendado ocorre em âmbito público. Isso porque, no HR, a maioria dos partos em 2018 foi natural: 635 de 1.052 procedimentos realizados, taxa de 60,36%, a mais alta de todos os hospitais pesquisados. Na sequência vem o Hospital Estadual, com 956 partos naturais de 2.191 efetuados (43,63%). Lembrando que não é o estabelecimento quem decide pelo tipo de parto, mas paciente e médico.
Nesse caso, a Secretaria de Saúde do Estado esclarece que a unidade em questão tem um perfil assistencial, de referência de alto risco. E conforme protocolos de assistência obstétrica, como diretrizes do Ministério da Saúde e OMS, “a cesárea deve ser utilizada em casos de risco para a mãe, feto ou ambos. A decisão clínica sobre a melhor conduta, seja parto normal ou cesárea, é tomada de acordo com cada situação específica e característica de cada gestante e gestação, mediante avaliação da equipe médica responsável”, explica.
Prós e contras
Entre as duas opções de partos, no momento de dar a luz, alguns critérios devem ser levados em conta. No cenário mais comum, as cesáreas, a obstetra e ginecologista Tais Molina explica que, na verdade, o procedimento deve ser procurado quando realmente for necessário. “Isso porque trata-se de uma ação bem intervencionista. Você sabe quando o bebê vai nascer, com hora marcada e um ambiente cirúrgico, mas que desempenha uma recuperação mais demorada pós-parto”, completa. Ela não deixa de ressaltar que existem casos de riscos, no qual a opção cirúrgica acaba sendo a mais viável.
Mas por outro lado, assim como preconiza a OMS, a especialista destaca que o parto natural é a melhor opção. Nesse caso, o procedimento acaba realmente como o próprio nome diz, “natural, normal”, sem muita intervenção, conforme Tais. “Além da questão de ser algo menos frio, mais humanizado, a recuperação da mulher é mais rápida, mais saudável”, detalha.
Mas mesmo com uma alta na procura pelos partos naturais de “uns anos para cá”, a médica não deixa de acrescentar que é uma dificuldade fazer com que a humanização seja a experiência mais promovida. “É válido lembrar que na hora de escolher uma das opções, quando possível, deve-se respeitar a decisão da mulher, bem como as condições para que o procedimento ocorra e, o mais importante, a saúde da mãe e do bebê”, finaliza.
Hora de escolher
Com 33 semanas de gestação, a psicóloga Amanda Vilela está prestes a dar a luz à primeira filha, Maria Eduarda. Ansiosa, como qualquer mãe, ela confessa que está à espera da pequena mais do que nunca, “ainda mais agora que já está tudo prontinho, como por exemplo, o quartinho, o enxoval e as roupinhas”.
Das opções, ela conta que optou pela cesariana, após conversar com o próprio médico. “No começo, eu até cogitei a ideia de fazer um parto normal, mas acabei mudando de ideia”, completa. Essa alteração, ainda segundo ela, ocorreu com as orientações feitas pelo profissional e, por parte dela, no sentido de se preparar para o dia exato do nascimento. “Mas tudo tem que ser feito com muita conversa médica, que vai indicar o melhor”, analisa.
Em Prudente
Número de partos em 2018 |
Parto normal |
Parto cesáreo |
Total |
Taxa de cesarianas |
Hospital Estadual |
956 |
1.235 |
2.191 |
56,37 |
Hospital e Maternidade Iamada |
62 |
902 |
964 |
93,57 |
Hospital Nossa Senhora das Graças |
14 |
1.012 |
1.016 |
99,61 |
Hospital Regional |
635 |
417 |
1.052 |
39,64 |
Santa Casa de Misericórdia |
3 |
200 |
203 |
98,52 |
Total dos hospitais |
1.670 |
3.766 |
5.426 |
69,41 |
Fonte: Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo